Para obter sucesso na realização de uma obra, seja ela do tamanho que for, uma gestão bem feita é essencial. Mas como posso gerir um empreendimento se não conheço os meus resultados?

Para fazer uma boa gestão é preciso ter em mãos todos os dados. Foi a partir desta necessidade que surgiu o Business Intelligence (BI), também conhecido como Inteligência Empresarial.

O BI surgiu nos anos 1980 e foi se popularizando com o passar do tempo. Para falar sobre ele e porque é tão importante utilizá-lo na construção civil, conversamos com Alexandre Souza, Engenheiro Civil e CEO da Projelet e Edson Poyer, CMO da 3F Group. Boa leitura!

O que é o Business Intelligence (BI)?

De acordo com Alexandre Souza, Business Intelligence é um termo bastante utilizado atualmente. 

“Ele remete à uma estratégia de gestão que permite que decisões importantes sejam tomadas nos negócios com mais ‘inteligência’”, define Souza.

Edson Poyer corrobora a opinião de Souza e acrescenta: 

“É importante ressaltar que BI não é somente a coleta de um indicador, mas sim uma estrutura de dados que gera insights para a melhoria do desempenho da empresa, independente de qual área da empresa esse dado se refira”, ressalta.

Como o BI pode ser aplicado à construção civil?

A construção civil, conforme Poyer, é uma das indústrias mais ricas e com maiores oportunidades para a utilização de BI, uma vez que o processo de edificação de cada empreendimento é amplo e complexo.

“Uma obra se inicia com o projeto, passa pelo orçamento e pelo planejamento. Ao começar a execução de uma obra há a utilização de milhares de materiais e vários tipos de serviços diferentes”, comenta Poyer.

“Além disso, possui ainda um processo de vendas com muitas etapas e acertos legais, sendo assim, temos um cenário com vários processos que geram indicadores e que possuem potencial de melhoria”.

Edson Poyer traz um exemplo prático onde o BI é capaz de conectar as decisões feitas antes da obra e a obra em si. 

“Digamos que no orçamento a construtora definiu um custo específico de material para o metro quadrado de tijolo, além disso, no planejamento foi definido um tempo e uma quantidade de mão de obra para esse mesmo metro quadrado”, diz ele.

Poyer continua: “Um bom projeto de BI pode, a partir do início da operação, apontar para o time de engenharia se os custos e a produtividade da equipe estão acontecendo conforme planejado”.

Ainda de acordo com ele, o uso da inovação traz vantagens que fazem com que processos clássicos da construção civil sejam otimizados. Ele explica:

“Assim, os ajustes podem ser feitos quase que imediatamente para mitigar possíveis problemas na entrega da obra, sejam eles relacionados ao prazo e também ao custo.”

Quais os benefícios da implementação do BI?

O Engenheiro Civil Alexandre Souza aponta que a implementação do Bussiness Intelligence traz muitas vantagens para o setor da construção civil.

“Entendemos que o BI pode contribuir de forma significativa com a otimização dos processos, redução de tempo e custos e tomada de decisões de forma mais assertiva e rápida”, destaca Souza.

Ele complementa: “O que automaticamente pode influenciar no resultado do negócio, trazendo maior lucratividade e satisfação dos consumidores e usuários”. 

Quais são os desafios da implantação do BI e como eles podem ser superados?

Alexandre Souza faz uma analogia entre o petróleo e o BI para explicar os desafios que este último enfrenta atualmente.

“Os dados são o petróleo do século 21. E o primeiro passo para que o BI faça sentido e seja assertivo é termos uma coleta de dados consistente. Enxergo que implementar uma cultura que incentive e dê condições para a captura correta e contínua dos dados é o principal desafio”, opina nosso convidado.

Ele também ressalta a necessidade da utilização de ferramentas adequadas e análises corretas dos dados que serão coletados. 

Ao mesmo tempo em que Souza aponta o desafio da implantação do BI, ele também sugere como este pode ser superado.

“A partir do momento que conseguirmos trazer aos envolvidos todos os ganhos que o processo nos permite, essa cultura dos dados começa a ser vivenciada”, diz.

O especialista complementa: “E como o sistema passa a ser sempre retroalimentado, o processo de melhoria se instala e com esse entendimento conseguimos vencer o desafio.”

A importância de gerar e tratar os dados

Edson Poyer divide os desafios da implantação do BI em dois grupos: o primeiro sendo a geração e o tratamento dos dados e o segundo a cultura das empresas. Sobre o primeiro desafio, o entrevistado explica:

“Infelizmente nem todos os softwares que compõem a operação de uma empresa estão prontos para que seus dados sejam coletados e tratados de forma a poder gerar insights. E esse é um dos pontos normalmente mais custosos e demorados do projeto”.

Necessidade de mudança na cultura das empresas

Sobre a cultura das empresas, Poyer tem opinião similar à de Souza e aponta que esta precisa ser modificada para que os colaboradores entendam a importância dos dados e como agir a partir dos indicadores gerados.

“Uma cultura resistente impacta diretamente o potencial dos resultados que podem ser atingidos a partir dos insights gerados pelo projeto de BI”, reflete.

“Para superar esses desafios é necessário um bom projeto de BI, com etapas bem descritas e que envolva todas as pessoas chave. Assim as chances de adesão a essa nova cultura de dados acontece de uma forma mais fluida e com menos resistência”, finaliza Poyer.

O avanço constante das tecnologias está revolucionando o setor da construção civil, tornando-o ainda mais rápido e eficaz. 

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Para aumentar seus conhecimentos sobre o assunto, veja também nosso conteúdo sobre o BIM: ‘a bola de cristal’ da construção!