Para realizar um trabalho bem feito, ter as ferramentas certas é apenas metade do caminho. Mantê-las em ótimo estado é igualmente importante. 

Se você é um profissional da construção civil, sabe como é frustrante quando os equipamentos começam a perder a eficiência devido à falta de manutenção adequada.

Neste artigo, reunimos 10 dicas essenciais de manutenção de ferramentas para ajudá-lo a manter os seus equipamentos de obras em perfeitas condições. 

Para falar sobre o assunto, conversamos com Alexandre do Nascimento Silva, administrador, empreendedor e diretor-regional da Associação Brasileira dos Locadores de Equipamentos e Bens Móveis (Alec). Confira abaixo!

1. Limpeza regular é fundamental

Alexandre do Nascimento Silva inicia a entrevista alertando sobre a importância de manter as ferramentas limpas, higienizando-as com frequência, principalmente após o uso. 

Manter as ferramentas limpas é importante, pois facilita a identificação de uma possível rachadura ou problema na estrutura que poderia ficar escondido sob a sujeira impregnada”, explica.

Segundo o especialista, é preciso observar com atenção a condição das ferramentas para, em caso de alguma inconformidade, paralisar imediatamente o trabalho. Caso contrário, o risco de uma falha estrutural ou de um acidente aumentam de forma significativa.

“A sujeira ainda pode adentrar pelas frestas de refrigeração, comum nas estruturas dos equipamentos, causando danos ao mesmo. Sem contar que a boa aparência de uma máquina transmite maior confiabilidade para quem a usa e para quem porventura esteja ao redor, dentro dos limites de segurança estabelecidos”. 

Silva acrescenta que, ao final de cada ciclo de uso, a recomendação é de que os equipamentos sejam limpos antes de serem armazenados. 

2. Lubrificação adequada

Além da limpeza frequente, manter a lubrificação adequada dos equipamentos garante, segundo Silva, o melhor desempenho durante a operação, “minimizando custos com manutenção e aumentando a vida útil”. 

“As ferramentas devem ser lubrificadas periodicamente, de acordo com as recomendações do fabricante e com lubrificantes indicados no manual”, ressalta.

Com a lubrificação correta, as máquinas não quebram de forma precoce, evitando, assim, a interrupção do trabalho e maximizando o tempo estimado para a operação.

“A utilização de uma máquina mal lubrificada, dependendo do tipo, pode acarretar riscos à segurança física do operador”, alerta o entrevistado.

3. Armazenamento apropriado

Depois de limpas e devidamente lubrificadas, as ferramentas e máquinas precisam ser armazenadas em um local adequado. 

“Deve-se seguir a orientação da posição correta para o armazenamento. Isto acontece porque há risco de vazamento de óleos lubrificantes, de explosões, de intempéries, de danos à estrutura da máquina ou até mesmo de alguém se machucar em alguma parte pontiaguda da estrutura”, orienta.

Alexandre do Nascimento Silva alerta, ainda, sobre a importância de armazenar as ferramentas e maquinários em locais previamente planejados e próximos ao canteiro de obras para que a produtividade não seja comprometida. 

Já imaginou o atraso de uma determinada tarefa porque ninguém sabe informar onde está a furadeira? Um lugar para cada ferramenta, cada ferramenta em seu lugar”, orienta.

4. Verificação periódica

Outra questão essencial para manter as ferramentas funcionando é verificá-las com periodicidade. 

“Alguns componentes sofrem desgastes naturais por tempo de uso e necessitam ser substituídos”, explica o entrevistado.

Ele cita como exemplo a necessidade de acompanhar o horímetro, acessório que limita a quantidade de horas que a ferramenta pode trabalhar até ser  encaminhada para a oficina a fim de passar pelo processo de verificação de seus componentes.

Além do horímetro, níveis mínimos de óleo ou graxa e escovas de carvão ou filtros de ar também devem ser utilizados como balizadores de indicação de que a máquina precisa passar por avaliação. 

Silva ressalta que a troca de um rolamento ruim, por exemplo, pode evitar a necessidade de substituição de todo um sistema de engrenagens.

“Durante a verificação de uma máquina, é importante estar atento também aos sinais sonoros que ela emite. Um barulho intermitente ou anormal já é sinal de que algo pode estar errado com a ferramenta”, diz ele.

5. Afiação das ferramentas cortantes

Já as ferramentas cortantes – ponteiras, talhadeiras, discos ou lâminas – possuem marcadores de utilização. Eles indicam quando a ferramenta chegou ao limite de utilização e requer um serviço de afiação.

“Usar este tipo de acessório em más condições impacta negativamente na produção do serviço, fazendo com que a ferramenta se desgaste e quebre precocemente, podendo entregar um resultado com péssimo acabamento, no caso da necessidade de cortes precisos”, cita.

“É prejuízo certo. Por isso, é fundamental estar atento e trabalhar apenas com acessórios devidamente afiados e indicados para o serviço desejado”, recomenda nosso entrevistado.

6. Treinamento da equipe

Para manter o bom funcionamento das máquinas e ferramentas, Silva relata que elas precisam ser operadas por trabalhadores qualificados. 

“Não somente em relação à habilidade de manipular o equipamento e sua aplicabilidade, mas também no uso correto e necessário dos EPIs indicados”, observa o especialista.

O treinamento vai promover a qualificação necessária aos operadores para evitar acidentes, além, é claro, do conhecimento para utilizar as ferramentas de forma adequada. 

“É indicado que se faça testes práticos e acompanhamento periódico até ter a certeza de que a ferramenta certa está nas mãos certas”, complementa ele.

7. Calibração e ajustes

Alguns níveis dos maquinários também precisam ser aferidos por profissionais competentes. É o caso dos níveis de pressão de ar, óleo e temperatura do motor, por exemplo.

“Ferramentas que atuam em desacordo com as recomendações podem causar acidentes ou quebras precoces, paralisando a obra e gerando prejuízos na operação com risco acentuado de acidentes”, informa Silva.

“A ferramenta deve atuar em equilíbrio entre operador, máquina e serviço executado”, acrescenta.

8. Substituição oportuna de peças

Falando ainda sobre o plano de manutenção preventiva, é importante ressaltar que não se deve insistir em utilizar ferramentas com peças em situação de inconformidade.

“É importante ter um estoque de peças de reposição à disposição, bem como ferramentas de backup. Desta forma, a máquina é consertada rapidamente e a segurança do operador é preservada. A obra não pode parar”, diz o especialista.

9. Segurança em primeiro lugar

O diretor-regional da Alec também lembra que o uso de EPIs não pode ser menosprezado em uma obra. 

Além disso, delimitar as áreas de risco no canteiro de obras ou qualquer outra condição que coloque a vida do trabalhador em risco é essencial. Silva destaca que o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) do projeto deve ser atualizado constantemente.  

“Treinamentos, reuniões periódicas, vistorias e gestão à vista são itens indispensáveis para garantir a saúde física e mental dos trabalhadores”, opina.

“Nenhum resultado ou tarefa deve ser alcançado colocando em risco a integridade do time. Se não tem uma condição segura, não faça. Segurança vem primeiro, resultado depois”, complementa silva.

10. Registros de manutenção

Por fim, os responsáveis pelas ferramentas e maquinários precisam manter em dia os registros de manutenção de cada item contendo data, nome do profissional que fez o conserto, peças trocadas e custo.

“Isto facilita a identificação do momento certo de realizar a manutenção preventiva, auxilia no diagnóstico da manutenção corretiva e indica o momento de aposentar a ferramenta para que seja feito o investimento em uma nova”, finaliza Silva.

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