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Explorando o design generativo como uma nova fronteira na construção

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A ferramenta está mudando a forma com que projetos são concebidos e executados. Veja mais no papo com Ana Penafort, coordenadora do Instituto de Pesquisa Facens!

Nos últimos anos, o design generativo tem se destacado como uma abordagem inovadora e promissora na indústria da construção.

Para quem não está familiarizado com o conceito, a técnica utiliza algoritmos e Inteligência Artificial (IA) para criar soluções de design otimizadas e eficientes. 

Ao longo das próximas linhas, vamos falar mais sobre essa ferramenta, explorando como o design generativo está transformando a maneira como os projetos são concebidos e executados.

Para tanto, conversamos com Ana Carolina Penafort, arquiteta e urbanista e designer de produto.

Atualmente, a profissional é coordenadora de Construção Digital do Instituto de Pesquisa Facens e de projetos BIM, além de trabalhar com consultoria para inovação em processos e tecnologias de projeto. Continue lendo para saber mais!

Design generativo: o que é, aplicação na indústria da construção e princípios fundamentais da abordagem

O conceito de design generativo pode ser facilmente explicado se o compararmos à maneira tradicional de projetar. Ana Carolina Penafort elucida a ideia:

“Enquanto que tradicionalmente o projetista desenha para obter a solução para o projeto, no design generativo o profissional pensa primeiramente nos parâmetros importantes para obter o resultado”, inicia a entrevistada.

“Ele atribui valores a esses parâmetros em um software e o próprio programa é que define a forma para a solução, explorando uma série de alternativas para que o projetista possa escolher qual a que melhor atende suas necessidades”, completa.

Para exemplificar, a arquiteta cita a definição do formato de um pilar de concreto.

“Ao invés do projetista desenhar um pilar retangular com a altura, largura e comprimento que acredita atenderem suas necessidades, ele pensa nos parâmetros que atendem essas carências, define os valores que acredita serem os mais adequados e o próprio software gera o formato do pilar”, aponta. 

A profissional explica que cabe ao projetista não mais desenhar, mas sim definir parâmetros e escolher os resultados.

Conforme Penafort, para pensar no projeto a partir de processos generativos, é importante ter claro alguns princípios como a definição de parâmetros que gerarão as soluções, a disposição desses parâmetros em algoritmos, o princípio da iteração e a melhoria contínua.

Os benefícios do design generativo na otimização dos processos construtivos e eficiência energética

Ana Carolina Penafort ressalta que como os processos generativos atuam com base em parâmetros, obtenção de soluções de maneira automatizada por meio de softwares e produção de muitas possibilidades de solução, existe a possibilidade de, ao gerar as soluções, definir qual ou quais delas trarão benefícios para a obra.

“Mais economia para a construção, com redução de material e peso das estruturas sem comprometimento da resistência, ou de gerar soluções construtivas que tragam maior eficiência energética, como a melhor solução para aberturas e coberturas na fachada que receberá maior incidência solar”, exemplifica.

Especificamente sobre as aberturas, a convidada aponta que ao escolher a solução que define as melhores dimensões, posicionamentos e proteções para que os ambientes mantenham-se confortavelmente iluminados e ventilados, diminui-se a necessidade de iluminação e climatização artificial.

O design generativo e a inovação e personalização de projetos arquitetônicos

Projetar com design generativo oferece, hoje em dia, diversas possibilidades formais e geométricas de soluções e opções de escolha para personalização muito mais rápidas e fáceis de serem obtidas.

“Na atualidade existem diversos exemplos de projetos altamente personalizados obtidos a partir de processos generativos”, lembra a profissional.

Ela cita como exemplo da inovação e personalização de projetos arquitetônicos a série de pavilhões de pesquisa desenvolvidos a partir de parcerias entre o instituto de Design Computacional (ICD) e o Instituto de Estruturas de Edifícios e Design Estrutural (ITKE) da Universidade de Stuttgart, na Alemanha.

“Os alunos construíram pavilhões em diversos anos baseando-se em princípios morfológicos vindos da Biologia, utilizando simulações computacionais e métodos de fabricação controlados por computador”, relata.

Exemplos práticos e resultados do uso do design generativo na indústria da construção

A arquiteta e urbanista Ana Carolina Penafort cita dois exemplos práticos do uso do design generativo na indústria da construção. O primeiro deles foi desenvolvido em parceria pelas empresas MX3D, Laarman Lab, Arup e Autodesk.

“Foi construída uma ponte com aço impresso em 3D na Holanda onde é possível ver a aplicação da impressão de metais que abrange desde a estrutura até aspectos estéticos do projeto”, conta.

Outro exemplo é o projeto DFAB HOUSE, resultado de uma iniciativa de pesquisa interdisciplinar nacional na Suíça, chamada NCCR Digital Fabrication.

“Nesse projeto, as equipes uniram processos de design generativo com fabricação robótica e impressão 3D, integrando várias inovações do projeto até a construção do edifício, o que é bastante desafiador”, lembra.

Potencial e perspectivas do design generativo para o futuro da construção civil 

Sobre o futuro, a entrevistada vê um aumento na complexidade das construções. Segundo ela, isso se deve à redução dos espaços disponíveis nos centros urbanos, restrições e leis que delimitam a utilização do solo e integração cada vez maior com um grande número de disciplinas. 

“[Isso tudo] transforma o projeto em um conjunto de soluções que devem estar muito bem integradas e sincronizadas no momento da construção”, destaca Ana Penafort.

Ela aponta a importância de contar com processos generativos, onde é mais fácil pensar em outras possibilidades de soluções para estas diversas disciplinas, garantindo uma maior qualidade e eficiência na integração e construção das soluções.

“Vejo que, atualmente, pelo menos no Brasil, a utilização do design generativo, ainda mais em conjunto com outras possibilidades como a IA, realidade aumentada e fabricação digital ainda é incipiente”, percebe a profissional.

Contudo, a entrevistada aponta que alguns escritórios e empresas têm utilizado estas soluções tanto em pilotos como em projetos, tendo diminuído a reticência do mercado na adoção destas tecnologias.

“A verdade é que sai na frente e se destaca quem adota estas inovações, pois apesar do investimento inicial, o retorno em agilidade e qualidade são rapidamente e facilmente percebidos na prática”, finaliza Ana Carolina Penafort.

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