Um dos temas mais debatidos na construção civil nos últimos anos é o uso das impressoras 3D, também chamadas de 3DCP, para a construção de obras. Apesar de parecer tema de ficção científica, esse modelo construtivo está aos poucos se tornando uma realidade, e a tecnologia já está chegando também ao Brasil.
O assunto foi abordado em uma palestra ministrada por Roberto Otto Griese Jr., gerente geral da M-tec Brasil, no Concrete Show 2023, que foi realizado recentemente no SP Expo, na capital paulista.
Acompanhe mais do que ele nos disse sobre este assunto tão relevante!
Quais são as principais aplicações e setores que têm experimentado a impressão 3D (3DCP) em sua fabricação?
Roberto Otto Griese Jr: “Atualmente a impressão 3D de argamassas e microconcretos está tendo uma crescente expressiva no segmento da construção civil. O 3DCP é a associação entre o sistema de mistura e bombeamento de concreto junto com algum sistema robótico.
Temos hoje duas vertentes principais aqui no no Brasil e no mundo, que são as impressoras que são construídas em porte grande para fazer construções residenciais, casas e obras maiores, e outra vertente de equipamentos de menor porte para fazer impressão de peças arquitetônicas estruturais, etc.”
Quais são as principais vantagens e benefícios da utilização da impressão 3DCP em comparação com os métodos tradicionais de fabricação?
Roberto Otto Griese Jr: “Podemos elencar muitas vantagens, mas as principais promessas são o aumento da produtividade com a redução de mão de obra, qualidade na execução com maior velocidade e possibilidade de realizar formas mais desafiadoras no aspecto da arquitetura.
Com um equipamento como esse você deixa de fazer as coisas de forma artesanal e começa a fazer isso de forma mais industrializada, porque quem vai quem vai produzir vai ser uma máquina.
Então com esses sistemas de pressão você pode deixar ele em série e imprimindo uma casa atrás da outra.”
Quais são os custos envolvidos na adoção da impressão 3DCP como método de fabricação, e como eles se comparam aos métodos convencionais?
Roberto Otto Griese Jr: “É necessária a aquisição da impressora para 3DCP que basicamente tem o sistema robótico junto do sistema de mistura e bombeamento.
Quando eu faço alguma coisa industrializada, eu melhoro muito a produtividade e a repetibilidade do processo, diferente do modelo tradicional em que cada cada projeto é basicamente artesanal.
Ela é orientada mais em como a indústria faz a compra, então ela faz a compra de uma amortização. Como eu estou comprando, adquirindo uma impressora ou um equipamento, isso não pode ser visto como motivação a curto prazo, pois é um equipamento de bem durável.
Quando você pega a relação de quanto eu vou investir versus quanto aquela máquina vai produzir ao longo dos anos, isso se paga. Ainda não temos uma base de comparação porque hoje a construção civil na verdade é cem por cento mão de obra intensiva.”
Como a impressão 3DCP está impactando a personalização de produtos e a fabricação sob demanda?
Roberto Otto Griese Jr: “Cada vez mais o mercado requer produtos customizados e a impressão 3D facilitará esse requisito. Com o equipamento você só tem o gasto da matéria prima, então tem uma diferença de mindset e de valores também.
Como tem muitos tamanhos, não existe um valor padronizado, já que impressoras pequenas que podem custar de cinquenta a cem mil reais, e as maiores podem custar mais de um milhão de reais, dependendo do propósito desse sistema de pressão.
Isso evidencia como o equipamento mudou a maneira de você enxergar o mercado, pois a construção civil não está habituada a fazer aquisição frequente de novos equipamentos. O máximo que se tem na construção civil convencional é uma Makita, uma betoneira, e isso é muito hoje em dia é muito pouco.”
Já há exemplos do uso desse tipo de impressão no Brasil?
Roberto Otto Griese Jr: “Já temos uma ou duas empresas aqui no Brasil, muitas universidades já contam com equipamentos em laboratório para fazer o desenvolvimento desse material, e isso é relevante porque a construção civil está sofrendo com a falta de mão de obra.
Cada vez mais o pecado da construção civil é que ela não está sendo tão atraente para novos pedreiros, mestres de obras, então está havendo esse déficit de mão de obra na construção civil.
E isso vem tanto para ajudar os serventes da construção quanto para solucionar o déficit de habitação, pois ainda faltam muitas casas para as pessoas viverem.”
O uso das máquinas pode representar um risco para os profissionais do setor? Como isso pode auxiliar na questão do déficit de habitação?
Roberto Otto Griese Jr: “São quase dez milhões de habitações que você precisa que sejam construídas para solucionar o déficit no Brasil, então isso também vai de encontro com essa mecanização da impressão 3D, porque na impressão você começa a escalonar e a produzir isso constantemente.
A máquina não cansa, então ela pode trabalhar vinte e quatro horas por dia. Isso vai de encontro com a necessidade da construção civil ser mais tecnológica aliada à necessidade da população que precisa de moradias e casas construídas.
Além das quedas na mão de obra, a população está cada vez mais aumentando, e isso vai gerar um colapso se não tivermos equipamentos ou impressoras para realizar este trabalho.
E isso não se trata de substituir as pessoas, pois não irá tirar os empregos, mas sim ocupar posições onde não há trabalhadores. A demanda maior que está surgindo e onde faltam profissionais poderá ser suprida pela impressora.”
Continue explorando o assunto em nosso canal digital! Veja também nosso artigo que fala da impressão 3D para concreto e suas aplicações.