O uso do concreto refrigerado traz grandes benefícios para a construção civil. Não por acaso, o assunto foi tema de um dos seminários do IBRACON no Concrete Show 2022.

Com o título “Por que refrigerar o concreto?”, a palestra foi conduzida pelo Dr. Selmo Chapira Kuperman, Diretor da DESEK e Conselheiro do IBRACON – Instituto Brasileiro do Concreto.

Confira o que o especialista falou sobre o assunto ao longo deste artigo!

Os principais benefícios do uso do concreto refrigerado

Iniciando sua palestra, Kuperman destacou que o concreto frio traz maior trabalhabilidade durante a execução da obra, o que gera uma série de benefícios, como a economia.

“Uma das vantagens é reduzir o custo de cimento e da obra, porque quando o concreto é frio, aumenta sua trabalhabilidade, o que faz com que se necessite de menos água. Para manter a mesma relação água e cimento, basta tirar cimento, então nós economizamos cimento e aditivos”, explicou.

Apesar de destacar essas vantagens do uso do concreto refrigerado, Kuperman destacou o atual custo como um empecilho, já que os valores de gelo para construção civil atualmente saem por cerca de R$ 0,60, o que representa um custo de R$ 60 reais a mais a cada 100 quilos de gelo por metro cúbico de concreto.

No entanto, o especialista apresentou vantagens que justificam a opção pelo concreto frio, como o fato de que seu uso dá maior reforço para as estruturas.

“A refrigeração do concreto hoje em dia é fundamental para a durabilidade das estruturas”, destacou ele.

Exemplos práticos de problemas evitáveis com o uso do concreto refrigerado

Apresentando alguns casos práticos, Kuperman mostrou que o uso do concreto refrigerado pode ajudar a solucionar algumas situações que ocorrem, como, por exemplo, em fissuras que ocorrem na retração térmica do concreto.

O especialista mostrou um exemplo de uma barragem nos EUA que apresentou vazões de água. Segundo ele, tal situação se deu pela falta de junta de contração na formação dos blocos.

Após apresentar outros casos reais que analisou, Kuperman apontou que o uso do concreto refrigerado poderia ter evitado ou atenuado tais situações, como as situações de etringita tardia (DEF). Ele explica:

“Um bloco com restrição pode se movimentar livremente, enquanto o outro não, por estar aderido seja à estaca de fundação, seja rocha, solo, não importa. Quando a temperatura aumenta, o bloco que não tem restrição aumenta igualmente em seu volume, enquanto o que não tem vai provocar tração na base e sofrer compressão.”

O palestrante prossegue: “Quando a temperatura volta ao normal, o que tem restrição também volta a seu volume normal, enquanto o outro fissura, já que ele passa a comprimir a fundação.”

As diferenças entre o uso de concreto em temperatura ambiente e refrigerado

Kuperman destacou ainda que, ao lançar o concreto em uma temperatura ambiente normal durante o verão, o concreto lançado do caminhão betoneira pode estar a 32 graus celsius, o que irá gerar uma tensão de tração.

Segundo ele, o que influencia tal tensão são a temperatura do concreto, as condições de exposição durante a construção e operação, a temperatura final de estabilização e a variação sazonal de temperatura.

“Você quer concretar um bloco de 4 metros de altura sem refrigerar. Dá? Dá, só que você vai ter que lançar esse concreto de 15 em 15 centímetros a cada três dias”, comenta ele, destacando que isso traz um aumento de tempo e custos na obra.

Kuperman aponta algumas medidas para definir a necessidade do uso de concreto refrigerado e em qual temperatura, como a elevação adiabática da temperatura, o coeficiente de dilatação térmica linear, a mensuração de calor específico e a difusividade térmica, entre outras.

Uso de simulações computacionais para verificar a temperatura do concreto

O palestrante também falou sobre como as simulações computacionais auxiliam a verificar se as temperaturas que danificam as estruturas serão atingidas, o que pode acarretar na necessidade do uso do concreto refrigerado, que pode ser feito tanto com gelo quanto com nitrogênio líquido.

“Com isso é possível zonear com quais temperaturas deve ser lançado o concreto, e com isso economizar na quantidade de gelo mudando a temperatura de lançamento”, observa ele, que aponta que a temperatura da estrutura não pode passar dos 65 graus, o que causa o risco da etringita tardia.

“Prestem atenção nos seus concretos, tentem diminuir as resistências ou o consumo de cimento para não terem problema e se arrependerem mais tarde”, finalizou Kuperman.

Confira gratuitamente o material Características e aplicações dos tipos de concreto: