Você já ouviu falar sobre o concreto celular estrutural? Altamente tecnológico, ele é um dos materiais mais eficientes do ponto de vista térmico e acústico, sendo bastante utilizado em países onde temperaturas abaixo de zero são recorrentes. 

Para falar sobre o assunto conversamos com Lydio dos S. Bandeira de Mello, Coordenador da Comissão de Estudo da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que está elaborando a norma de paredes de concreto celular estrutural moldadas no local para a construção de edificações de até dois pavimentos.

O que é o concreto celular estrutural?

O concreto celular estrutural tem uma densidade mais leve se comparado a outros materiais e, como o próprio nome já diz, é basicamente usado em estruturas. 

Lydio Bandeira de Mello explica o que é o concreto celular estrutural e como ele é produzido a partir do concreto-base:

“É um concreto leve com densidade de massa aparente entre 1400 kg/m³ e 2000 kg/m³, utilizado estruturalmente e preparado a partir de um concreto de cimento Portland normal (concreto-base) ao qual é adicionado um aditivo incorporador de ar para concreto leve.”

Ainda sobre o aditivo incorporador, o entrevistado acrescenta: 

“Este aditivo incorpora intencionalmente, durante o amassamento do concreto, uma quantidade controlada de microbolhas de ar, incomunicáveis, homogêneas, uniformemente distribuídas, estáveis e indeformáveis, sem alterar a alcalinidade do concreto-base”, informa.

Quais são as propriedades e características do concreto celular estrutural?

Por ser considerado um concreto leve, a sua principal característica é a densidade de massa aparente que não ultrapassa os 2000 kg/m³. 

Além disso, outras propriedades diferenciam o concreto celular estrutural do concreto comum, como explica Lydio Bandeira de Mello:

“O teor de ar incorporado é menor ou igual a 37%, possui alta fluidez e capacidade de ser adensado sem a utilização de qualquer processo de vibração e possui melhor desempenho térmico e acústico se comparado ao concreto normal”, enumera o entrevistado.

Além destas características, ele ainda complementa, em termos mais técnicos:

“Na ausência de resultados experimentais, pode-se considerar que a diferença entre as densidades de massa aparente nos estados fresco e endurecido é da ordem de 80 kg/m³ e o coeficiente de dilatação térmica admitido como sendo igual a 1,2 x 10 – 5/ºC”, explica. 

Quais são as aplicações do concreto celular estrutural?

Conforme aponta Lydio Bandeira de Mello, no Brasil, o concreto celular estrutural tem sido utilizado exclusivamente na construção de edificações residenciais classificadas como habitações de interesse social.

“De acordo com o levantamento realizado pela Comissão de Estudo da ABNT que está elaborando a norma de paredes de concreto celular estrutural, entre os anos de 1982 e 2020 foram construídas 25.489 edificações com paredes estruturais empregando este concreto, sendo que mais de 99% são edificações com até dois pavimentos”, relata Lydio.

Ainda segundo o entrevistado, “em todas estas edificações foi adotado o sistema construtivo de paredes de concreto celular estrutural e em cerca de 30% delas as lajes foram executadas com este tipo de concreto. Neste último caso, a maioria delas é de casas térreas”. 

Em que casos o uso do concreto celular estrutural não é pertinente?

Por ter seu uso limitado às paredes estruturais e às lajes de edificações, Lydio Bandeira afirma que o emprego destes sistemas construtivos não é apropriado em dois casos:

“O uso do concreto celular estrutural não é pertinente em paredes de concreto celular estrutural pré-moldadas e em paredes submetidas a ações predominantemente horizontais”, opina o convidado.

Os benefícios do concreto celular estrutural em peças pré-fabricadas

Na opinião do representante da ABNT, o concreto celular estrutural é inapropriado para as peças pré-fabricadas ou pré-moldadas.

“O concreto celular estrutural não se caracteriza pela sua resistência à compressão, bem mais baixa do que a do concreto normal, particularmente, nas suas primeiras idades, tornando-o, assim, inapropriado para as peças pré-fabricadas ou pré-moldadas no próprio canteiro de obra”, explica.

Lydio acrescenta que as peças pré-fabricadas precisam ser mais firmes, “uma vez que a necessidade de serem retiradas das fôrmas e movimentadas em, no máximo, 24 horas após a sua concretagem, requer resistências maiores”, como finaliza o convidado.

E já que estamos falando sobre um material eficiente para manter a temperatura interna dos ambientes, confira outro de nossos conteúdos e entenda melhor como funciona o isolamento térmico e o que você precisa saber antes de iniciar uma obra!