A sondagem de solo, com a análise topográfica, é a primeira fase de qualquer projeto de construção. Como tal, tem resultados que podem afetar profundamente o prosseguimento da obra, daí sua vital importância para garantir a viabilidade.
Segundo Márcio Leão, geólogo e pós-doutor em Geotecnia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), “o objetivo de uma sondagem de solo é fornecer dados geotécnicos representativos das condições do terreno que sejam relevantes para o empreendimento considerado”.
O geólogo afirma que a investigação de superfície, como o processo também é conhecido, deve fornecer dados relacionados às condições do subsolo, além da vizinhança imediata do local, onde o maciço (solo e/ou rocha), as águas subterrâneas e as estruturas existentes ou futuras podem afetar ou ser afetadas pelas obras.
Neste artigo, avaliaremos a importância da sondagem de solo para a construção civil, além das principais tecnologias disponíveis para a realização do procedimento.
Os problemas que a sondagem de solo ajuda a evitar
Para garantir a segurança e o sucesso de uma obra, é preciso primeiro assegurar que o solo em que ela será assentada está adequado às bases do projeto.
É por meio da sondagem, portanto, que se identifica o tipo de solo do local, a profundidade de cada camada e a presença ou não de lençóis freáticos — características que afetam diretamente o andamento do projeto.
Com esses dados em mãos, o engenheiro ou arquiteto responsável pode prever possíveis tratamentos necessários para melhorar as condições geotécnicas do local e assegurar a viabilidade da obra.
De acordo com Leão: “A obtenção das informações por meio de sondagens sobre uma dada localidade e suas características auxilia, por exemplo, um projeto de fundação apropriado e permite que a obra assuma um caráter de construção prático, seguro e econômico”.
Por exemplo, a avaliação geotécnica pode ser necessária para determinar como uma forma específica de desenvolvimento do projeto pode se dar economicamente — como a determinação da quantidade de andares que será suportada pelo solo — ou pode ser na forma de um estudo de viabilidade — como a determinação da melhor estrutura para realizar a travessia de um rio, seja por um túnel ou uma ponte.
Nesse sentido, a sondagem de solo:
- Fornece os dados geotécnicos adequados para todos os aspectos de um projeto econômico, seguro e confiável de fundações, terraplenagens e obras temporárias, Incluindo uma avaliação dos efeitos de quaisquer usos anteriores do local;
- Avalia os problemas associados à construção da obra decorrentes das condições subterrâneas, incluindo obras temporárias, escavações, trafegabilidade e drenagem;
- Considera as alterações na estabilidade, drenagem ou outros aspectos geotécnicos do terreno e de edifícios circundantes;
- Compara métodos alternativos de construção e os seus impactos no solo.
Tipos de sondagem de solo: SPT
O processo de sondagem de solo acontece por meio de uma análise do local onde será realizada a obra, com uma amostragem e alguns ensaios específicos de campo. Existem diferentes tipos de sondagem de solo. No entanto, o mais utilizado por empresas de construção no Brasil é o Standard Penetration Test (SPT).
O objetivo da sondagem SPT, ou sondagem à percussão, é obter uma indicação da compacidade de areias e cascalhos, embora ela também seja usada para obter uma indicação da consistência de argilas e siltes.
A escolha pela sondagem SPT acontece devido aos seus diversos benefícios, como custo relativamente baixo, facilidade de execução e possibilidade de trabalho em locais de difícil acesso.
O método ainda permite a coleta de amostras do terreno em diversas profundidades, possibilitando o conhecimento da estratigrafia dele, e ajuda na determinação da profundidade de possíveis lençóis freáticos.
Além da SPT, existem também a sondagem à trado (um método simples que não fornece informações profundas), a rotativa (muito utilizada para investigar e reconhecer as rochas e os materiais impenetráveis à percussão) e a mista (que mescla os métodos rotativo e à percussão).
As principais tecnologias para uma sondagem de solo efetiva
O procedimento mais comum para realizar uma investigação de superfície é a perfuração do local desejado com a extração de testemunhos de rochas, solos ou ambos. Também é possível obter informações sobre a qualidade dos terrenos que compõem o subsolo pela observação da resistência dos materiais ao longo do processo.
Além dos métodos manuais conhecidos nas sondagens à percussão, a investigação pode se dar ainda de forma mecanizada. Leão afirma que existem várias técnicas que podem ser usadas para investigações de solo, individualmente ou em combinação.
“A perfuração sônica, por exemplo, envolve o envio de oscilações mecânicas de alta frequência por uma coluna de perfuração até a broca. Essas vibrações tornam as partículas de solo na face da broca fluídas, o que permite uma fácil penetração na maioria das formações geológicas onde outras técnicas podem ter menos sucesso, particularmente onde os estratos são variados”, explica.
O geólogo ainda conta que, além dos avanços nos próprios equipamentos de investigação direta, existem tendências na utilização de métodos indiretos, por meio da geofísica, para subsidiar o trabalho.
Nesse caso, são tomadas medidas físicas na superfície do terreno, com base em equipamentos especiais, de forma a obter informações do subsolo. Por último, Leão ressalta que, ao decidir sobre a natureza, o escopo e o nível de detalhamento das investigações no terreno, é preciso levar em consideração a influência positiva que as informações podem ter na redução dos riscos do projeto, ao invés de apenas os custos.
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