No contexto das cidades inteligentes, o conceito de Saneamento 4.0 surge como uma revolução indispensável para a infraestrutura urbana.

Incorporando tecnologias avançadas, o Saneamento 4.0 promete transformar a maneira como gerenciamos e utilizamos os recursos hídricos e os sistemas de saneamento.

Ao longo deste artigo, com a ajuda de Mauro Periquito, diretor especialista de prática da Kyndryl, vamos explorar as inovações tecnológicas que estão moldando o futuro do saneamento urbano.

Continue conosco para saber mais!

As principais tecnologias associadas ao Saneamento 4.0

Segundo Mauro Periquito, o Saneamento 4.0 faz uso, atualmente, de muitas tecnologias que estão em alta no mercado, incluindo Internet das Coisas (IoT), conectividade, Inteligência Artificial (IA) e cibersegurança.

“Utiliza-se a IoT para equipamentos que estão localizados dentro de estações de tratamento, em pontos importantes das redes de distribuição e coleta ou até nos medidores localizados na entrada das unidades consumidoras”, exemplifica.

Já a conectividade é usada em suas diversas formas sem fio, incluindo o 4G/5G, NB-IoT, LoraWAN e Sigfox. A governança de dados, por sua vez, é utilziada na gestão e no tratamento de tudo que é coletado em diversos pontos do processo.

“A Inteligência Artificial serve para análise e geração de insights que auxiliam em decisões operacionais sobre o funcionamento do sistema”, explica Periquito.

“E a cibersegurança é um serviço vital para os consumidores. É essencial garantir que não haja interrupções, muito menos qualquer atividade maliciosa, na arquitetura tecnológica”, completa.

As soluções de monitoramento em tempo real na gestão do saneamento

Quando o assunto são as soluções de acompanhamento em tempo real na gestão do saneamento, Mauro Periquito cita dois exemplos: o monitoramento de vazamentos e do processo de tratamento de água e esgoto. 

Sobre a fiscalização de vazamentos, o entrevistado explica:

“Com dados fluindo em tempo real sendo cruzados com séries históricas, é possível descobrir se há um ponto de vazamento importante na rede de distribuição ou em algum consumidor específico”, inicia.

“Se no sistema tradicional offline demoraríamos um ciclo de fatura (30 dias) para descobrir uma anomalia, em um sistema conectado e monitorado esse tempo pode cair para menos de uma hora”.

Já sobre o monitoramento do processo de tratamento de água e esgoto, Periquito explica que ao invés de se usar um processo padrão para o tratamento, é analisado um lote de entrada em uma estação, seja ele de água ou esgoto.

“E então se fazem os ajustes necessários no processo para que ele seja otimizado para a realidade do momento. Esses ajustes podem ocasionar economia de produtos químicos e energia”.

Inovações promissoras no tratamento de água e esgoto

A adoção da tecnologia em diversos processos pode fazer, conforme Mauro Periquito, com que atividades que hoje são executadas por um colaborador das operadoras de saneamento seja executado de forma automática ou remota. 

“Com a possível redução de pessoas em campo, pode diminuir a quantidade de acidentes de trabalho”, ressalta o convidado.

Alguns serviços que podem ser realizados de forma automática incluem a leitura dos medidores de consumo, o corte e religamento por inadimplência e a abertura e fechamento de válvulas da rede.

As inovações também podem ser usadas, de acordo com o entrevistado, na detecção de vazamentos em redes de água tratada ou entupimentos em redes de coleta de esgoto e águas pluviais.

“Tais dispositivos, aliados à coleta de dados e análise por algoritmos de IA, podem auxiliar na detecção dos problemas sem intervenção física na rede, o que também pode reduzir o tempo e o tamanho das obras corretivas”, acrescenta.

Sobre a água de reuso, um ponto importante que deve ser corrigido é a existência de ligações clandestinas de esgoto nas redes pluviais.

“Esse despejo ilegal torna o consumo dessa água impróprio para lavagem de vias públicas ou como recurso hídrico na jardinagem urbana. A identificação dessas ligações pode contar com a ajuda da tecnologia”.

Os desafios enfrentados na implementação do Saneamento 4.0

Para implementar o Saneamento 4.0 em todas as cidades, entretanto, é preciso enfrentar alguns desafios.

Entre os principais, Mauro Periquito destaca a integração das novas tecnologias com os sistemas existentes, a análise de grandes volumes de dados e a mudança no modo de operação dos sistemas de saneamento.

“A elevada idade da infraestrutura de saneamento no Brasil, a pressão pela universalização e os altos custos de implementação também são obstáculos para o avanço do Saneamento 4.0”, cita.

O papel da colaboração entre governo, empresas e pesquisadores na evolução do Saneamento 4.0

Na opinião do diretor especialista de prática da Kyndryl, para que tenhamos cidades com sistemas de saneamento mais inteligentes, é necessário uma atitude pró-ativa do governo e das organizações.

“É preciso que o governo fomente caminhos para a pesquisa e inovação no saneamento e as empresas adotem essas iniciativas transformando-as em produtos com escala suficiente para serem adotados pelos operadores de sistemas de saneamento”, idealiza.

Tendências e inovações futuras para o Saneamento 4.0

Periquito explica que a principal tendência esperada do futuro é uma “massificação de sensores e atuadores no sistema de saneamento”.

“Essa tendência surge em apoio a iniciativas de eficiência operacional, deslocando fundos para a reforma e ampliação das redes que devem atender os requisitos de universalização dos serviços até 2033”, ressalta.

No quesito inovação, o convidado destaca duas iniciativas: os gêmeos digitais das cidades e os robôs autônomos.

“Os gêmeos digitais das cidades e seus sistemas de saneamento podem ajudar a prever o comportamento do sistema em situações extremas como a falta de água ou inundações”, explica.

“Já os robôs autônomos dependem menos da interação humana e passam, além de detectar problemas nas redes, a consertá-los imediatamente”, complementa.

Testes e cases de sucesso de cidades que implantaram tecnologias de Saneamento 4.0

Mauro Periquito traz exemplos práticos de cidades que implantaram tecnologias de Saneamento 4.0 nos últimos anos, começando pela Europa:

“Na Espanha, as cidades de Barcelona e Alicante tem sistemas de saneamento avançados, monitorando até a qualidade da água no caminho entre as estações de tratamento e as unidades consumidoras”, conta.

“Em Santiago, no Chile, há uma estação de tratamento de esgoto que, além de devolver água limpa para a natureza, aproveita 100% do rejeito gerando energia e fertilizantes”, completa.

Periquito acrescenta que diversas cidades do Oriente Médio, como Dubai, Abu Dhabi e Doha, que possuem climas desérticos a maior parte do ano, utilizam a água de reuso para regar os jardins das vias públicas usando extensas e complexas redes de irrigação automatizadas.

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