Você já ouviu falar de Digital Twin?
Também chamada de Gêmeos Digitais, essa tecnologia permite que objetos sejam replicados de forma exata no ambiente virtual, permitindo com que determinados projetos sejam testados antes de serem efetivamente realizados de maneira física.
O Digital Twin também tem sido uma das tecnologias utilizadas no setor da construção civil, onde tem trazido grandes benefícios.
Para entender mais sobre o tema, conversamos com Otávio Gonçalves, engenheiro Civil da Concremat e Mestre em Engenharia de Estruturas pela London South Bank University. Confira abaixo!
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O que é e como funciona a tecnologia Digital Twin?
“Uma das melhores definições sobre Digital Twin, de maneira simples, é a representação virtual de um elemento e a dinâmica de seu comportamento através de equipamentos de IoT (Internet das Coisas), demonstrando como determinado elemento opera e/ou trabalha ao longo de todo o ciclo de vida deste elemento”, explica Gonçalves.
Segundo o especialista, a análise de projetos com o uso de Gêmeos Digitais oferece ao projeto uma série de benefícios, que vão de sua idealização até sua concretização, passando por sua manutenção e demais aspectos que envolvem uma obra. Ele fala mais do assunto:
“A dinâmica desse comportamento pode vir a ser tão pequena quanto a medição de movimento de elétrons ou quanto ao próprio deslocamento do dispositivo IoT. Se estes dois pontos forem combinados de maneira estruturada, afetarão todo o ciclo de vida de um ativo, desde a concepção/projeto até a operação, passando pela sua construção.”
Como aplicar a tecnologia de Digital Twin na construção civil?
O Digital Twin pode ser utilizado em diversas áreas, e na construção civil não é diferente. Para isso, é preciso que a área se modernize como um todo, o que permitirá extrair ainda mais benefícios desses avanços, como observa o engenheiro da Concremat:
“A construção civil é um dos setores econômicos que menos aproveitou a evolução da tecnologia ao longo dos últimos 40 anos, seja pela complexidade de implantação ou pela quantidade de variáveis a serem controladas durante o processo. Mas isso não significa que não haja oportunidades, muito pelo contrário. A aplicação da tecnologia não é um processo fácil e deve sempre começar pelo questionamento, pelas empresas, sobre o que se deseja e/ou precisa atingir”, reflete.
Ele prossegue: “É muito como o processo BIM: comece com o final em mente e depois avalie as tarefas anteriores para se atingir aquele objetivo final. Se quero extrair um orçamento daquilo que crio em meu processo BIM, preciso ter conhecimento sobre esse produto antes de dar início à modelagem. Se quero extrair um planejamento de obra baseado em conceitos AWP, preciso conhecer conceitos de AWP antes de dar início à modelagem para estruturar os meus dados.”
Continuando em seu raciocínio, Gonçalves aponta que, mais do que facilitar a vida dos engenheiros e demais profissionais de uma obra, as possibilidades dos Gêmeos Digitais englobam também redução de custos, assim como análise de fatores que farão o projeto ser mais bem sucedido.
“Por exemplo: uma concessionária rodoviária que tem em sua malha inúmeros túneis e que, dentro desses túneis, há indicadores de qualidade do ar. Em um eventual acidente ou engarrafamento, a central de controle é informada do ocorrido e, ao ultrapassar um valor limite de qualidade do ar, antes mesmo de desmobilizar a equipe auxiliar, já sabe o que fazer e como fazer em relação ao problema, gerando menores transtornos ao usuários e possibilitando ações mais objetivas”, analisa.
“Além disso, tais ocorrências servem de lições aprendidas para que, em uma próxima construção de um túnel, leve-se em consideração tais probabilidades de recorrência destes incidentes. Por fim, será sempre necessário alinhar o objetivo e dividi-lo em subtarefas até que se tornem tarefas palpáveis com as habilidades disponíveis no mercado”, completa ele.
Como se dá o alinhamento do Digital Twin com o BIM?
Como vimos acima, existem semelhanças na aplicação do Digital Twin e do BIM, o Building Modeling Information, já utilizado pelo setor da construção civil brasileiro.
“Se considerarmos que o ponto de partida de um Digital Twin é a representação virtual de um elemento, trata-se basicamente do ponto de partida do processo BIM, que é ter a representação do ativo de maneira virtual. A partir dessa representação, temos os demais processos que podem ter esta representação virtual vinculada”, analisa Gonçalves.
Ainda de acordo com nosso convidado, o uso dessa tecnologia pode trazer ainda mais benefícios, como uma durabilidade maior de obras, o que implica em menores custos de manutenção no longo prazo, assim como menor agressão ao meio ambiente e melhor planejamento urbano.
“Enxergar como o seu cliente pode usufruir daquela informação gerada e a importância de se pensar como quem opera é até, digamos, matematicamente comprovável, pois um projeto pode durar de 1 a 2 anos; a construção dura de 5 a 10 anos e, quando consideramos a operação, estamos tratando de pelo menos 35 anos. Mas, de fato, o ativo certamente vai ultrapassar os 50 anos de uso. E, com a qualidade que temos em termos de engenharia e dos materiais, será cada vez mais comum termos ativos ultrapassando a faixa dos 100 anos com qualidade”, afirma.
Quais os benefícios do Digital Twin na construção civil?
Como pudemos observar acima, existem uma série de facilidades e desafios que o uso dos Gêmeos Digitais trazem para a construção civil. Para nos ajudar a entender mais sobre os benefícios da tecnologia, pedimos a Gonçalves que apontasse quais são, em sua visão, essas vantagens. Veja a opinião do especialista:
- “O principal deles é o retorno à sociedade, com ativos de qualidade, duradouros, que visam ao bem-estar e à segurança dos usuários. Este é o principal usufruto da tecnologia: melhorar a qualidade do ambiente em que vivemos.”
- “Do ponto de vista dos responsáveis por fazer acontecer, o ponto acima é extremamente relevante, principalmente porque hoje é muito discutida a questão da consciência social, ambiental e de governança – o já amplamente divulgado ESG. Mas não se trata do único aspecto: para quem projeta, o benefício é o diferencial gerado para o cliente, a ponto de que se deixe de ter a relação contratado-contratante para uma relação de parceiros, agregando valor direto aos objetivos de negócio.”
- “Aos olhos de quem constrói, pode-se ver benefícios na fase de canteiro, em termos de segurança, através do controle de deslocamento das contenções em escavações profundas ou de alto risco e do acompanhamento de performance das máquinas disponíveis. Por fim, para quem opera, acredito ser o ponto de maximização dos benefícios através de forte redução de custos operacionais, manutenções assertivas, registro dos ativos, credibilidade perante o usuário e geração de dados que formarão a base dos ativos futuros. A gestão por dispositivos IoT não é tão novidade em outras indústrias como manufatura e comunicação, então não se trata de viabilidade e sim de temporalidade de adoção desta maneira de se fazer engenharia.”
Quer saber mais sobre o uso da tecnologia na construção civil? Então, confira nosso artigo sobre Construções sustentáveis com o BIM.
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