A evolução do Building Information Modeling (BIM), ou modelagem de dados de construção, é considerada a espinha dorsal da revolução tecnológica na construção civil brasileira. O BIM é usado em todo o ciclo de vida da construção de um empreendimento, integrando todas as informações relevantes da obra em uma única plataforma, o que torna o processo de construção mais digitalizado e, assim, mais produtivo e eficiente.
A metodologia do BIM pode ser aplicada em projetos nas dimensões: 3D (visualização e compatibilização dos projetos), 4D (planejamento da obra), 5D (extração de quantitativos e orçamentação), 6D (simulações de desempenho energético e itens de sustentabilidade) e 7D (operação e manutenção dos empreendimentos).
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A temática do BIM foi debatida por especialistas em webinar do Assuntos Concretos, projeto de conteúdo do Concrete Show South America, evento que reúne toda a cadeia produtiva do cimento, concreto e da construção civil na América Latina. A moderação do encontro online foi feita pelo Rogério Moreira, supervisor de Projetos e Tecnologia do Instituto SENAI de Tecnologia em Construção Civil e coordenador da Comissão de Estudo Especial de Modelagem da Informação da Construção (BIM).
Especialização é chave para a adaptação do setor
Segundo Moreira, o SENAI, ao longo dos últimos cinco anos, tem atuado em diversas iniciativas voltadas para a difusão e capacitação de profissionais para a aplicação do BIM. Entre as ações da Rede BIM do SENAI-São Paulo estão cursos de aperfeiçoamento profissional na formação de BIM, inclusive com aulas 100% online, neste momento de pandemia da Covid-19, trabalhando juntamente com a ABNT para a normalização relacionada ao BIM no Brasil.
O presidente do Sinduscon-DF e presidente da Comissão de Materiais Tecnologia, Qualidade e Produtividade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Comat/CBIC), Dionyzio Klavdianos, destacou a importância da colaboração entre empresas e entidades para a evolução do conhecimento da metodologia BIM em todo o País.
“Em Brasília (DF) desenvolvemos um projeto piloto de ‘BIM colaborativo’ bem sucedido ao congregar uma série de empresas do nicho da construção civil que foram conectadas com especialistas e desenvolvedores de software BIM. A iniciativa, que visou viabilizar a introdução do BIM no setor, deixou um legado que pretendemos ampliar em outras cidades do Brasil”, afirmou Klavdianos.
Para a especialista em gestão e planejamento BIM, Marcia Codecco, o primeiro passo para as empresas que buscam a implantação do sistema é a etapa de conscientização, onde é necessário entender a complexidade da metodologia e preparar toda a base de colaboradores.
“O BIM é um trabalho colaborativo e que exige a integração de todas as áreas, sustentadas por quatro pilares, pessoas, política, processos e tecnologia”, disse a convidada.
A gerente de Projeto e BIM na Sinco Engenharia, Priscila Castro concordou com a avaliação e explicou que, além da terceirização do BIM, existe a possibilidade de desenvolvimento do sistema dentro da própria empresa, como foi realizado na Sinco Engenharia.
“O primeiro passo para a implementação da metodologia BIM é a realização de um detalhado raio-X da empresa e é essencial a atenção aos processos internos de comunicação e acesso às informações e modelos. É necessário um consenso geral entre os colaboradores de aceitação da nova tecnologia e confiabilidade no valor da informação. Isso é somado ao conhecimento técnico e teórico dos softwares a serem utilizados”, explicou, acrestando ainda: “Curiosidade e persistência é o sinônimo do BIM”.
O papel dos novos engenheiros na implementação do BIM
Em relação ao potencial da implementação do BIM na construção civil, Klavdianos acredita que a especialização no uso da metodologia BIM é um diferencial na valorização do profissional de engenharia. O consultor BIM/4D/FM e membro fundador do BIM Fórum Brasil, Rogério Suzuki, também avalia a importância do BIM para profissionais e o mercado.
“Para os profissionais que estão começando, a caminhada do BIM é importante aproveitar o cenário atual para estudar e se aprofundar na questão conceitual como preparação para o novo ciclo de conhecimento que está por vir. E para as empresas, é colocar o pé no acelerador com o cuidado de analisar os parceiros certos. No futuro próximo, quem estiver de fora desta tendência do BIM não será competitivo no mercado”, afirmou.
A coordenadora de Desenvolvimento Técnico de Engenharia na Laguna Construtora, Didier Alvarez, revelou que a construtora curitibana fortaleceu o uso da metodologia BIM nos últimos dois anos. “Os novos engenheiros já vêm com conhecimento da tecnologia e têm novos questionamentos na bagagem. É dever dos gestores estarem dispostos a ouvir. A diversidade traz riqueza aos processos, é uma combinação positiva”, comentou.
BIM obrigatório a partir do ano que vem
Em 2018, um decreto assinado pelo então presidente Michel Temer determinou a obrigatoriedade da ferramenta a partir de 2021 em várias etapas do empreendimento. No ano passado, o decreto foi substituído por outro relacionado ao mesmo tema e assinado pelo presidente Jair Bolsonaro. Segundo o texto, até 2028 a digitalização deve estar completamente disseminada na construção civil.
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