Você já ouviu falar em concreto leve? Ele é um tipo de material utilizado na construção civil para reduzir o peso da obra.
Em outras palavras, esse material é especial. Isso acontece devido à diferença de massa existente entre esse tipo de concreto e o concreto convencional.
Para falar um pouco mais sobre o assunto, entrevistamos a doutora em engenharia da construção e professora nos eixos de materiais e construção civil do curso de engenharia civil da Universidade Positivo, Ana Paula Brandão Capraro.
Vamos aprender mais sobre o assunto? Continue conosco!
Como funciona o concreto leve?
Ana Paula Brandão Capraro explica que, enquanto o concreto convencional tem massa específica em torno de 2400 kg/m³, o concreto leve pode apresentar valores inferiores a 1000 kg/m³.
“A redução na densidade do material se dá pela substituição dos agregados convencionais por insumos de baixo peso ou pela incorporação de aditivos que aumentam o volume de vazios (ar) do material”, ressalta a especialista.
Quais são as características do concreto leve?
A principal característica do concreto leve é, como o próprio nome sugere, a sua leveza. No entanto, ele apresenta outras características, como:
- resistência inferior à compressão;
- restrições de uso para fins estruturais;
- menor proteção à armadura, devido ao maior índice de vazios.
Capraro explica que ele “É amplamente utilizado em reformas ou em outros casos em que é necessário investir em alternativas mais leves para a estrutura, vedação e/ou revestimento”.
Quais são os principais tipos de concreto leve?
O concreto leve pode ser dividido em três grupos principais: aerado, celular e estrutural. Capraro explica mais sobre cada um deles. Confira!
Concreto aerado
O concreto aerado tem uma maior quantidade de ar em seu interior. Essa característica é dada pela adição de aditivos incorporadores de ar durante a sua execução.
Esse tipo de concreto possui densidade em torno de 1000 kg/m3 e não é recomendado para fins estruturais. Afinal, ele apresenta baixa resistência à compressão. Portanto, o seu uso é mais comum para o sistema de vedações — como divisórias e painéis.
Concreto celular
O concreto celular é obtido por meio da adição de espuma especial ou outro agente expansor durante sua execução, formando bolhas de ar no interior do material, tornando-o mais leve.
Esse concreto, cuja densidade varia de 300 a 1800 kg/m³, é comumente utilizado para embolsos e nivelamento de pisos e lajes. Além disso, ele é empregado em elementos pré-fabricados — como painéis e blocos de vedação.
Concreto leve estrutural
O concreto leve estrutural, por reduzir consideravelmente o peso da obra, possibilita o atendimento de grandes vãos e o uso em projetos flutuantes.
Para tornar o concreto leve é feita a substituição dos constituintes naturais (agregados naturais) por insumos com massa específica mais leve, como o poliestireno expansível (EPS), argila expandida ou vermiculita.
Quais são as principais matérias-primas para o concreto leve estrutural?
As principais matérias-primas para o concreto estrutural leve são: o EPS, a argila expandida e a vermiculita.
- EPS: mais conhecido como isopor, é uma resina termoplástica com alta flexibilidade e maleabilidade;
- argila expandida: também empregada em substituição ao agregado natural, possui baixa massa específica e boa resistência à compressão;
- vermiculita: é um mineral e, de forma semelhante à argila, quando aquecida a uma temperatura adequada, suas partículas sofrem uma expansão, aumentando, assim, o seu volume original.
Como o concreto leve com EPS é utilizado na construção?
“O concreto com EPS não é indicado para estruturas que exijam muito esforço, pois tem menor resistência final do material. Nestes casos, o uso é indicado para regularização de lajes em geral, painéis de fechamento, calçadas e áreas de lazer, como quadras de esportes”, explica Capraro.
Por conta de sua leveza e outras propriedades conferidas pela presença do EPS, como baixa condutividade e grande resistência ao fogo, ele apresenta algumas vantagens, como:
- elevada capacidade de isolamento térmico e acústico;
- melhor desempenho em situações de incêndio;
- fácil manuseio e baixa densidade, tornando as estruturas mais leves.
Como desvantagens, Capraro cita: “Alto custo do material pela menor oferta no mercado; menor resistência à compressão, levando a limitações no seu uso e a menor proteção às armaduras pela troca de agregados e menor densidade da camada protetora”.
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