O cimento branco vem conquistando a preferência quando o assunto é trazer modernidade às obras. Além deste aspecto, muitos o preferem devido às suas vantagens, entre elas a redução de gastos e a otimização do tempo. 

Além de ser conhecido como um ótimo material entre os trabalhadores do ramo da construção civil, a cor faz com que o cimento branco se diferencie de forma positiva. 

Para falar sobre o cimento branco, convidamos Arnaldo Forti Battagin, Gerente de Tecnologia da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). Confira!

O que é o cimento branco e quais os tipos?

O chamado cimento branco é o tipo de cimento especificado pela norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR 16697:2018, que o subdivide em cimento branco estrutural e cimento branco não estrutural.

“O primeiro (cimento branco estrutural) pode apresentar as classes de resistência 25, 32 e 40, como os demais cimentos cinza, mas com uma exigência adicional que é a brancura”, explica Battagin.

“O valor não deve ser menor que 78% para o cimento branco estrutural e menor que 81% para o cimento branco não estrutural. Constitui-se de clínquer branco, sulfato de cálcio e adições carbonáticas que garantem a brancura desejada”, complementa. 

Quais as diferenças do cimento e cimento branco?

De acordo com Arnaldo Forti Battagin, os materiais utilizados e as etapas do processo de fabricação constituem as principais diferenças entre o cimento branco e o cinza. 

“O cimento branco é fabricado a partir de matérias-primas (calcários e argilas) isentas de óxidos de ferro e manganês, que são os principais compostos corantes e responsáveis pela coloração do cimento cinza tradicional”, esclarece.

Battagin complementa: “Algumas etapas do processo de fabricação do cimento branco diferenciam-se das do cimento cinza por requererem condições especiais de resfriamento e moagem para não prejudicarem a perda da coloração branca”.

De acordo com o entrevistado, existe uma preocupação especial com a etapa de resfriamento do cimento branco. 

“Em particular o resfriamento do clínquer branco na saída do forno deve ser feito por água (e não por ar como no cimento cinza), resfriamento esse que por ser mais rápido preserva a sua cor esbranquiçada típica”, acrescenta.

Ainda não existem fábricas que produzam cimento branco no Brasil, sendo que toda a quantidade usada no país é importada de fora, com predominância das marcas Alboorg e Tolteca. 

“Existe iniciativa nacional, mas ainda com pouca expressividade no mercado”, informa o entrevistado.

Quais as aplicações do cimento branco?

De acordo com o Gerente de Tecnologia da ABCP, Arnaldo Forti Battagin, “o cimento branco é utilizado na preparação do concreto branco para aplicações estruturais e não estruturais”.

Ainda segundo ele, “o concreto branco estrutural é utilizado quando se deseja agregar valor estético, além das características de durabilidade e desempenho mecânico dos concretos convencionais de coloração cinza”.

A utilização do cimento branco não é uma novidade no setor da construção civil. Com o passar do tempo, ele se mostrou como “uma solução atraente e moderna em âmbito mundial que oferece novas possibilidades arquitetônicas, ampliando a aceitação do concreto como elemento de composição estética”, define Battagin.

Pisos

A possibilidade de utilizar pigmentos junto com o cimento branco cria ainda mais aplicações diferentes para este tipo de material. 

“Assim são usados como concreto estrutural em projetos emblemáticos, pontes, viadutos, igrejas ou em situações mais simples como em tampos de cozinhas e banheiros, pisos, etc”, cita Battagin.  

Pátios e jardins

“Peças pré-fabricadas de pavimento intertravado, os chamados pavers, são comuns em muitas cidades brasileiras, realçando a beleza de praças, parques e calçadas já há muitos anos”, exemplifica.

Rodovias

Falando especificamente sobre a utilização do cimento branco nas rodovias, Arnaldo Battagin cita o exemplo dos Estados Unidos.

“Nos Estados Unidos são utilizadas barreiras de concreto branco em autoestradas, que pela maior refletividade dão maior segurança aos motoristas”.

Já em países da Europa, o material é utilizado na arquitetura. “Na Europa, arquitetos reconhecidos têm utilizado o concreto branco para imprimir um estilo arquitetônico diferenciado”. 

Edificações

No Brasil, as primeiras aplicações de cimento branco foram em edificações. “No início dos anos 2000, em Sorocaba (SP), foi executada a primeira edificação utilizando painéis pré-moldados de concreto branco e, em São Paulo, surgiu um condomínio totalmente em concreto branco”, lembra o entrevistado.

Contudo, as construções mais diferenciadas feitas em cimento branco foram levantadas posteriormente. 

“As obras mais emblemáticas brasileiras são o Museu Iberê Camargo em Porto Alegre; a Ponte Irineu Bornhauser, em Santa Catarina; o Museu da Imagem e Som, no Rio de Janeiro e, mais recentemente, o Museu do Amanhã, também no Rio de Janeiro”, cita.

Aplicações não estruturais

A ausência de fabricação do cimento branco no Brasil e a consequente dependência de produtos importados, conforme Battagin, “tem desestimulado sua aplicação em concretos estruturais, restringindo atualmente seu uso em aplicações não estruturais como argamassas industrializadas de rejunte, ladrilhos hidráulicos e peças de pavimentação”, finaliza.

Apesar do cimento branco não ser produzido no Brasil, milhões de toneladas do cimento Portland são fabricadas no país. Para conhecer um pouco mais sobre o assunto, leia também nosso artigo sobre o encadeamento da indústria do cimento no Brasil!