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COP28 a construção em prol da sustentabilidade

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Coordenador da WayCarbon, André Lara nos falou sobre as novidades que pautaram o evento realizado em Dubai no fim de 2023. Veja neste artigo!

À medida que o mundo se une para enfrentar os desafios urgentes relacionados às mudanças climáticas, a Conferência das Partes (COP) torna-se o epicentro das discussões sobre o futuro sustentável do planeta.

Na COP28, finalizada no último dia 13 de dezembro de 2023, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a comunidade global se reuniu mais uma vez para discutir questões cruciais que devem moldar os esforços coletivos em direção a um futuro mais sustentável. 

Ao longo das próximas linhas, vamos conhecer um pouco mais sobre as metas firmadas pelo Brasil na COP28, campanhas de sustentabilidade da construção civil que foram apresentadas no evento e principais desafios da descarbonização do setor.

Para falar sobre o assunto, conversamos com André Lara, engenheiro químico, pós-graduado em sustentabilidade e ESG e coordenador de mitigação da  WayCarbon. Continue conosco para saber mais! 

Metas firmadas pelo Brasil na COP28 e como elas impactam o setor da construção civil

André Lara explica que, durante a COP28, foram promovidas várias rodadas de discussões pelos países participantes com o objetivo de direcionar os esforços em um caminho rumo à descarbonização dos diversos setores econômicos, incluindo o da construção civil.

Falando especificamente sobre o Brasil, o entrevistado afirma que o país contribuiu ativamente com a “apresentação do Plano de Transição Ecológica, elaborado como uma proposta para promover o desenvolvimento sustentável de nações em desenvolvimento”.

Nesse plano, há um compilado de acordos, políticas e iniciativas. Lara destaca as que serão direcionadas para o Brasil:

  • Fortalecimento da economia verde, promoção do desenvolvimento sustentável e estímulo ao investimento em Bioeconomia, Agricultura e infraestrutura;
  • Criação do Mercado Regulado de Carbono;
  • Crédito do Fundo Nacional Sobre Mudança do Clima para inovação e transição ecológica;
  • Política para o desenvolvimento da Biotecnologia;
  • Fundo internacional para preservação de florestas;
  • Política Nacional de Hidrogênio Verde;
  • Investimento em transporte coletivo;
  • Regulamentação de Créditos de Reciclagem;
  • Urbanização de favelas.

Durante o encontro, o especialista conta que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também se posicionou, apresentando iniciativas para fomentar investimentos que promovam as agendas de sustentabilidade no Brasil, incluindo: 

  • Financiamento para restauração na Amazônia;
  • Cooperação com o Banco Mundial e Banco Europeu para soluções de financiamento para investimentos verdes no Brasil;
  • Fundo Clima: investimentos de até R$ 51 bilhões, podendo alcançar R$ 200 bilhões até 2050.

“Além de todos os avanços descritos, o Brasil ainda apresentou a atualização da sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC)”, pontua.

“Apesar de já ter submetido essa nova meta recentemente, o país enfatizou e se comprometeu, durante o evento, a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, em relação aos dados de 2005, em no mínimo 53% até 2030”, acrescenta ele.

Campanhas de sustentabilidade da construção civil apresentadas na COP28

Entre as campanhas e iniciativas que, segundo André Lara, receberam mais adesões e interesse do público durante a COP28 estão:

  • O lançamento oficial do Buildings Breakthrough, que busca definir metas near-zero e de resiliência para edifícios até 2030, enquanto os empreendimentos estudam e adotam ações tangíveis para alcance de suas metas. 
  • Lançamento da Cement and Concrete Breakthrough, que buscará tornar o cimento com emissões próximas a zero como uma necessidade de escolha prioritária nos mercados globais, na qual será focado em disseminar a produção desse produto em todas as regiões do mundo até 2030.
  • Estruturação e lançamento do Playbook for Nature-Positive Infrastructure Development, em parceria com o World Wildlife Fund (WWF), na qual destaca o papel do setor na conservação e restauração dos ecossistemas naturais.

“Além destas, tivemos outros grandes marcos como a carta aberta do World Green Building Council, FCLP’s Greening Construction with Sustainable Wood Iniciative, Buildings Sector SBTi e  Cadernos Temáticos Empresariais de Justiça Climática”, completa Lara.

“Todas essas campanhas e iniciativas de sustentabilidade visam desbloquear e aprimorar colaborações intergovernamentais nos mais diferentes níveis hierárquicos do setor, focando em ações de mitigação, adaptação às mudanças climáticas e resiliência setorial”, prosseguiu ele.

Os principais desafios da descarbonização da construção civil

Entre os principais desafios da descarbonização da construção civil, André Lara destaca 4 principais. São eles:

1. Grande potencial emissor de países emergentes

O especialista afirma que os países emergentes geram dois terços das emissões globais relacionadas à construção, e isso se deve não somente por serem as regiões com maior demanda por novas construções, mas também pela existência das edificações convencionais já construídas.

“Nesse sentido, o Brasil tem o desafio de estimular o retrofit nas edificações já existentes, para que elas passem por melhoramentos que reduzam suas emissões operacionais e estendam sua vida útil”, explica.

“Para isso, necessita-se avanços nas regulamentações e políticas, além de incentivos fiscais para popularização de determinadas tecnologias”, complementa.

2. Matéria prima dos sistemas construtivos

De acordo com o entrevistado, o Brasil possui sistemas construtivos já consolidados, e grande parte deles possui como matérias primas principais de construção o concreto, o cimento e o aço.

“A emissão destes insumos possui grande representatividade, sendo a fabricação de cimento responsável por cerca de 7% das emissões globais de carbono, enquanto o aço contribui com até 9%, dos quais cerca de metade pode ser atribuída a edificações e construções”, ressalta.

Neste sentido, o setor tem como desafio reduzir as emissões incorporadas destes insumos de construção.

“Pode ser por meio do uso de materiais e métodos construtivos alternativos ou pelo desenvolvimento de tecnologia para criação de processos de manufatura dos insumos com menor emissão de gases de efeito estufa”, opina.

3. Gama diversificada de agentes na cadeia de valor do setor

Ainda segundo André Lara, o setor da construção possui por todo o seu ciclo de vida, desde a sua concepção e construção, até seu uso e desmantelamento, uma quantidade grande de agentes.

“Fabricantes de insumos, construtoras, projetistas, usuários das construções, proprietários e outras tantas partes interessadas fazem da construção um setor complexo para traçar planos de redução de emissões”, cita.

“Esse sistema complexo faz com que as possibilidades de ação de muitos agentes sejam dependentes das escolhas feitas por outros no início da cadeia, visto que as escolhas tomadas em uma determinada fase afetam a gestão e as possibilidades de ação nas demais”, completa.

Neste cenário, o ideal, a longo prazo, é que todos os agentes envolvidos no setor estejam juntos e engajados.

“Seja no desenvolvimento e uso de tecnologias com menor emissão, seja no armazenamento das informações da construção em cada fase, seja na passagem de bastão destas informações”, acrescenta.

4. Adaptação e contextualização das soluções possíveis

O desafio do setor, conforme esclarece o engenheiro químico, se dá em adequar as melhores soluções em prol da descarbonização, tendo em vista os parâmetros da construção.

“A execução de uma Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) ou uma Pegada de Carbono pode auxiliar na identificação de qual solução é a que contribuirá com a maior redução de emissões, mas a adaptação desta solução ao contexto da obra deve ser considerada pelos agentes envolvidos”, conclui Lara.

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