Em maio deste ano, o Rio Grande Sul foi devastado por uma série de eventos climáticos extremos que causaram inundações, deslizamentos de terra e ventos fortes.

O resultado foi o pior possível: danos generalizados às infraestruturas, milhares de famílias desabrigadas e um número de óbitos que não para de aumentar.

Diante dessa catástrofe, é necessário explorar alternativas viáveis para a reconstrução do estado. 

E é sobre isso que vamos conversar agora. Para tanto, contamos com a participação de Bibiana Fiterman Costa, arquiteta e presidente em exercício da regional gaúcha da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA). 

Boa leitura!

Pré-fabricados e construções modulares

Atualmente, o Rio Grande do Sul precisa reconstruir os espaços que foram atingidos pelas enchentes com agilidade e eficiência. O objetivo principal é atender as demandas urgentes dos desabrigados.

Neste contexto, existem vários benefícios no uso de pré-fabricados e construções modulares para a reconstrução.

“A construção off-site permite a fabricação de diversas etapas simultâneas durante a preparação do terreno e execução de fundações, resultando em redução dos prazos de obra”, explica Bibiana Costa.

Ela acrescenta que a produção em série permite um “maior controle sobre o uso de recursos, possibilita maior previsibilidade nos custos, redução de desperdício durante o processo de fabricação e, ainda, promove maior sustentabilidade, causando menor impacto ambiental”.

“É fundamental o uso de softwares para simulações de desempenho de materiais, avaliação quanto à qualidade, eficiência energética e resistência, e para garantir que as construções estejam adequadas a novos eventos climáticos”, completa.

Segundo a arquiteta, além de todas as questões técnicas citadas, a modularidade permite adaptar tamanhos, adicionar módulos e se adequar a diversas tipologias de famílias, além da expansão ser mais simples que nos sistemas tradicionais.

Pavimento de concreto permeável

Costa ressalta que a utilização do concreto permeável é uma solução inovadora para drenagem.

“Ele se adequa a diversos espaços, como parques, praças e ruas com baixo tráfego. 

Já nas áreas com circulação intensa ou cargas elevadas, o uso do material requer uma atenção especial pela questão da resistência mecânica”, destaca.

De acordo com a convidada, o concreto permeável permite a passagem da água por um sistema de poros, resultante da granulação diferenciada dos materiais em relação ao concreto tradicional.

“A sua utilização facilita a absorção da água e infiltração no solo, reduzindo a necessidade de tanques de retenção de águas pluviais e a ampliação de redes de escoamento pluvial”, explica.

“A sua composição também ajuda a controlar a umidade e a temperatura da superfície, reduzindo o desconforto térmico e consumo de eletricidade para resfriamento”, complementa.

Devido à eficácia em solucionar a drenagem urbana, o pavimento de concreto permeável pode ser adotado com o objetivo de minimizar o risco de enchentes, sendo uma prática adequada ao planejamento urbano mais sustentável.

Infraestrutura verde

Na opinião de Bibiana Fiterman Costa, o momento dramático pelo qual passa o Rio Grande do Sul exige um olhar para o futuro, “para que se possa contribuir da melhor forma no planejamento para a prevenção e enfrentamento de novas ocorrências”.

“O planejamento urbano é um instrumento fundamental para mitigar os causadores das mudanças climáticas, para a melhoria da qualidade de vida e proteção do meio ambiente, além de proporcionar benefícios econômicos”, opina a arquiteta.

Neste cenário está a infraestrutura verde, ou seja, a integração dos elementos naturais ao planejamento urbano, com fim de trazer qualidade de vida e sustentabilidade.

“É fundamental a adoção de elementos e estratégias que utilizem espaços verdes não somente como áreas de lazer, mas também como componentes da infraestrutura urbana”, destaca Costa.

Conforme a convidada, medidas como a criação e preservação de parques e jardins são capazes de controlar o calor excessivo, melhorar a qualidade do ar e reduzir a poluição sonora.

Essas medidas também são responsáveis por diminuir a velocidade das águas e melhorar a drenagem, tornando os espaços urbanos mais adaptáveis a condições extremas.

“Elementos como telhados verdes e pisos permeáveis contribuem significativamente”, cita.

“É fundamental que os planos ocorram a longo prazo e possuam monitoramento e manutenção constante. Soluções que mitigam impactos ambientais também melhoram a qualidade de vida dos moradores, sendo fundamentais para criar cidades mais sustentáveis, habitáveis e resilientes no futuro”, finaliza a entrevistada.

Conheça também o projeto Alojamento Padrão da Construide para abrigar famílias do Rio Grande do Sul.