Realizada durante o Concrete Show 2022, a palestra “Diagnóstico de danos em estruturas de concreto: contribuição para a prevenção e reabilitação” foi uma das atrações dos seminários IBRACON no evento.
A palestra foi ministrada pelo Engenheiro Enio Pazini Figueiredo, Professor Titular Livre da Escola de Engenharia Civil e Ambiental na Universidade Federal de Goiás (EECA/UFG) e Vice-Presidente do IBRACON – Instituto Brasileiro do Concreto.
Confira abaixo as principais considerações do especialista sobre este tema vital para o setor da construção civil!
Os principais passos para um bom diagnóstico em estruturas de concreto
Logo no início de sua fala, Figueiredo destacou a importância do tema escolhido, observando que tais diagnósticos são essenciais para superar e evitar problemas.
“O diagnóstico, por si só, já é super importante para que a gente consiga entender os mecanismos de ocorrência dos problemas. Mas eu acredito que o diagnóstico tem que ser importante também para prevenir que aquela mesma manifestação patológica se produza em novas construções”, comentou.
Ele acrescentou: “E, por outro lado, o diagnóstico também é importante para que a gente consiga melhor reabilitar a estrutura de concreto, melhor escolher a tecnologia, os materiais, o tipo de intervenção.”
Em sequência, o engenheiro destacou os passos que considera importantes, citando a inspeção visual como primeira etapa, onde são identificados os problemas que possam estar afetando a obra.
Figueiredo apontou então a necessidade de se desenvolver uma metodologia de solução, levando em conta equipamentos e critérios para solucionar aquela situação. O engenheiro também destacou ações como ensaios, coletas de amostras e estudos in loco ou em laboratório para encontrar a melhor solução caso a caso.
Estudos de caso em danos de estrutura de concreto e como evitá-los
Ao citar alguns estudos de caso e materiais de referência, Figueiredo destacou o livro “Concreto: Ciência e tecnologia”, cujo capítulo 35, de sua coautoria e com título “Monitoração e estruturas de concreto”, que fala profundamente sobre o tema.
Apresentando alguns exemplos de danos em estruturas de concreto, o Vice-Presidente da IBRACON destacou situações como retração hidráulica e térmica, ação da variação térmica e movimentação térmica ambiental como causas que podem resultar em tais ocorrências.
“Se eu entendo esses mecanismos, o que está faltando? Um isolamento, para que não ocorra essa variação de temperatura muito grande entre a parte externa e interna da edificação”, apontou ele em um dos casos.
Figueiredo falou também sobre outras situações, como a dessecação superficial, um problema de cura, e comentou sobre recuperações que ajudou a realizar em grandes obras, como no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, e na Arena Corinthians, em São Paulo.
“Aqui no Maracanã eu tive que usar as duas coisas para evitar: a membrana de cura e tecidos molhados, porque a temperatura era elevada, o vento retirava rapidamente a água e dava as condições ideais para a dessecação superficial”, explicou.
Danos em estrutura de concreto em situações de incêndios ou águas puras
Figueiredo também destacou as condições ambientais como fatores que auxiliam no diagnóstico e correção de tais problemas. O engenheiro também falou sobre a ação do fogo, que pode afetar as estruturas de concreto em casos de incêndios.
“O que acontece quando se está acima de 200 graus é basicamente a saída da água capilar, então não temos uma perda de resistência importante. Nós já começamos a perder módulo, porque a água que está dentro do concreto facilita essa deformação da estrutura”, diz.
Ele continua: “Com temperaturas entre 300 e 400 graus, eu começo a ter uma coisa importante, que é o hidróxido de cálcio que se transforma em óxido de cálcio, e eu começo então a perder um cristal, um produto da hidratação do cimento. E aí eu começo a ter reduções de resistência à compressão e reduções de módulo.”
O Vice-Presidente da IBRACON destacou que, apesar do concreto ser um isolante térmico, as altas temperaturas atingem a armadura, o que causa colapsos parciais, em especiais em vãos, que desplacam e expõe a armadura, o que pode comprometer a estrutura.
O especialista falou ainda sobre a ação de águas puras nas estruturas, observando que águas de evaporação ou degelo, por exemplo, quando em contato com o concreto, retiram partículas soltas da superfície do concreto, deixando o agregado miúdo visível e o agregado graúdo sem pasta, perdendo sua espessura.
Abrasão, erosão e cavitação como riscos ao concreto
Ao longo de sua palestra, Figueiredo também destacou outras situações que podem trazer danos ao concreto, como ataques ácidos por sulfato. O especialista também falou sobre situações como abrasão, erosão e cavitação, que podem trazer grandes danos à estrutura, apresentando fotos e exemplos de situações deste tipo.
O engenheiro falou também sobre ações biológicas, que, segundo ele, estão muito ligadas com a ação dos ácidos no concreto.
“O metabolismo da ação dos microrganismos, como bactérias heterotróficas e fungos filamentosos, gera ácidos orgânicos. Qual é o processo de deterioração? Dissolução da portlandita e dos silicatos hidratados”, explicou.
Ele concluiu: “O grande problema da ação biológica é que esses microrganismos, ao metabolizar, liberam ácidos sobre a superfície do concreto.”
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