Apesar dos intensos desgastes causados pela pandemia, incluindo os prejuízos econômicos, a construção civil e o mercado imobiliário conseguiram continuar crescendo.

De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), as vendas de novas unidades residenciais subiram 9,8% em 2020. Para 2022, a previsão para a área da construção é de um crescimento entre 5% e 10% frente a uma alta do PIB em 3%.

Para sabermos mais sobre a retomada das obras de infraestrutura como fomento à economia, conversamos com o engenheiro civil Fernando César Sartori, diretor da FCS Engenharia de Estruturas e professor do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG). 

Vamos conferir? Boa leitura!

As obras em andamento no Brasil

O setor da construção civil tem uma responsabilidade direta na economia de um país. As obras conseguem beneficiar milhões de pessoas muito antes de chegarem ao fim por meio do investimento de capital e da geração de empregos.

Em entrevista coletiva concedida no final de 2021, o Ministério da Infraestrutura fez algumas previsões sobre o que esperar para o setor no ano de 2022

A busca é pelo investimento da iniciativa privada que pode ultrapassar a casa dos R$ 165,5 bilhões com os leilões de mais de 50 ativos de transportes.

Conforme anunciado pelo Ministério, estão previstas para 2022 diferentes obras em setores distinto, que incluem:

  • Concessão de mais de 8.833,4 quilômetros de rodovias;
  • Pista de pouso do aeroporto de Fernando de Noronha, em Pernambuco;
  • Duplicação da BR-470, em Santa Catarina;
  • Duplicação do contorno de Pelotas e da Travessia de Santa Maria, ambas obras no Rio Grande do Sul;
  • Término da Ferrovia Norte-Sul;
  • Conclusão da segunda ponte entre Brasil e Paraguai;
  • Travessia da BR-153 em São José do Rio Preto, em São Paulo.

Apesar dos projetos seguirem em movimento no país, o Brasil possui, atualmente, mais de 34 mil obras paradas.

De acordo com o empresário e professor Fernando Sartori, apesar da intensa retomada de obras de infraestrutura em todo o país, ainda é preciso fazer mais para fomentar a economia.

“Nota-se que ainda não é o suficiente para atender à demanda efetiva interna, ou seja, deve-se ter um constante investimento em novos projetos de infraestrutura possibilitando a redução de custos de produção logística dos setores industriais, tornando assim o país cada vez mais competitivo”, opina Fernando Sartori. 

Como a retomada de obras de infraestrutura auxilia no fomento à economia?

As obras de infraestrutura possuem um impacto altamente positivo no desenvolvimento de um país como um todo, como explica nosso convidado:

“É notório que as obras de infraestrutura auxiliam no estímulo à economia brasileira todos os anos, estando presente em diversos estudos, relatórios, artigos acadêmicos e técnicos, aos quais possibilitam confirmar os seus impactos positivos para o desenvolvimento da economia no país”, afirma o engenheiro.

O empresário e professor cita ainda as obras de infraestrutura como algo positivo a ser considerado em tempos diferentes.

“As obras de infraestrutura permitem trazer benefícios não somente a curto e médio prazo com a geração de emprego, por exemplo, mas também a longo prazo para os diversos setores que fomentam a economia, como o agronegócio, a pecuária, o metal mecânico, entre outros”, analisa.

O setor de construção como impulsionador da economia brasileira

Se o ano de 2020, apesar do início da pandemia de coronavírus, foi bom para o setor da construção civil, os 12 meses de 2021 foram ainda melhores. 

De acordo com dados divulgados pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o PIB do setor cresceu 8% em 2021.

Em contrapartida, o PIB do país subiu apenas 4,6%, ou seja, pouco mais da metade do referente ao setor da construção civil.

“Neste contexto, constata-se que o setor da construção auxiliou a impulsionar toda a economia brasileira neste ano, mesmo com os desafios presenciados pelo aumento dos insumos durante a pandemia de Covid-19”, destaca o professor Sartori.

Ele reforça a importância da construção civil na geração de empregos formais e, consequentemente, como impulsionador da economia.

“Também pode-se observar um crescimento em relação às vagas com carteira assinada na área, onde em 2021 foram geradas cerca de 244.755 novas vagas, representando o melhor resultado desde 2010”, lembra.

Sartori finaliza a entrevista falando sobre a necessidade do incentivo às obras pelo poder público.

“É de suma importância salientar que para o setor da construção civil obter resultados positivos e auxiliar no crescimento e impulsionamento econômico no Brasil, deve-se ter um grande esforço do poder público”, opina.

E ele exemplifica algumas ações que podem ser tiradas do papel:

“Dispor de algumas medidas como taxas de juros mais baixas, estabilidade econômica no país, aplicação de investimento públicos em infraestrutura e moradia, estímulo para empresas privadas, investimentos no setor, entre outros”, finaliza o entrevistado. 

E já que estamos falando sobre economia, confira também nosso artigo sobre como aumentar a produtividade da sua obra com o concreto bombeado.