Na construção civil, a escolha do método de emenda para pilares pré-fabricados de concreto desempenha um papel crucial na qualidade, durabilidade e segurança da estrutura.

Entre as opções disponíveis, a emenda parafusada, com transpasso ou soldada são frequentemente consideradas, cada uma com suas vantagens e desvantagens específicas.

Neste artigo, vamos abordar os tipos mais comuns de emendas para pilares pré-fabricados de concreto, funcionamento, diferenças e execução.

Para falar sobre o assunto, convidamos Carlos Eduardo Emrich Melo, engenheiro civil e sócio-diretor da Carlos Melo & Associados – CMA Engenharia. Saiba mais!

Tipos mais comuns de emendas para pilares pré-fabricados de concreto

As emendas de pilares pré-fabricados são utilizadas na construção civil para dar vida às edificações de maior altura, onde é inviável o transporte e levantamento do pilar.

“No pré-fabricado, um dos argumentos de venda e uma das características mais importantes é a não necessidade de escoramento na montagem das peças, permitindo a agilidade que se faz necessária para viabilizar o sistema”, explica Melo.

Assim, ao realizar uma emenda de pilar, o entrevistado acrescenta que é essencial que o sistema permita que o guindaste (ou a grua) solte a peça e vá montar outras na obra, sem a necessidade de ficar segurando para que a emenda seja realizada.

“O pilar precisa ficar na posição e se manter na vertical sem escoras e sem apoio externo. A emenda deve garantir que o pilar não tombe, enquanto ela é finalizada, concretada ou executada”, ressalta.

Essa característica, segundo o engenheiro, limita bastante as opções de concretagem no local. Ele cita dois tipos mais usuais de emenda encontrados no mercado atualmente:

“A primeira solução tem uma base metálica e parafusos com porcas que garantem a ligação do pilar com a peça abaixo para a totalidade das cargas”, apresenta.

“A segunda é uma mistura, onde a porca e parafusos garantem apenas a estabilidade do pilar na montagem, enquanto a armadura principal é composta de arranques que entram dentro de bainhas na peça superior que são grauteadas posteriormente”.

Existem, ainda, opções de solda entre chapas metálicas, tanto para a totalidade das cargas ou somente para a montagem da peça.

“As empresas têm evitado essa solução, já que a solda é um problema na obra, com chuva, mão de obra, tempo e logística”, comenta.

Outra questão relacionada é que as emendas de pilares esbarram na questão de custo.

“Parafusos e sistemas de ancoragens metálicas tem um custo significativo na estrutura, e assim, tem-se buscado opções mais baratas, mas que atendam as premissas necessárias”.

Como funciona cada tipo de emenda

O sócio-diretor da CMA Engenharia explica que as emendas por parafusos consistem basicamente em um sistema de fixação utilizado em totens metálicos no bloco de concreto da fundação.

“Existe uma chapa e uma ancoragem dessa chapa no pilar superior, e no pilar inferior tem-se parafusos com porca e arruela que transmitem os esforços normais e momentos aplicados na seção”, ressalta.

“Quando se utiliza arranques da armadura no pilar inferior, com bainhas metálicas corrugadas no pilar superior, que serão preenchidas com graute, na verdade ocorre a emenda por traspasse como qualquer pilar moldado in loco”, complementa.

Diferença entre emendas rígidas e semirrígidas

De acordo com Carlos Eduardo Emrich Melo, o mais usual é a continuidade da seção para que a estrutura continue trabalhando com o pilar dando a estabilidade. Logo, a emenda mais utilizada é a rígida.

“Ou seja, existe uma restrição à rotação de uma peça em relação a outra”, comenta.

Se for garantida para emenda que esta rotação seja igual ou menor que a estrutura moldada in loco, ela recebe o nome de rígida. Contudo, se ocorre uma restrição parcial e a peça pode rotacionar em relação a outra, ela é chamada de semirrígida.

“No caso de pilares, entendo que a ligação deva ser rígida, sem a rotação relativa entre peças”, opina o especialista.

Execução das emendas 

De acordo com Carlos Melo, o sistema de emenda é um conjunto industrializado que tenta minimizar ao máximo o trabalho na obra.

“A ideia das ligações no pré-fabricado é que a maior engenharia e trabalho ocorra no ambiente da fábrica, deixando um processo simples e básico para ser realizado na obra”, explica.

Ele faz alusão a um exemplo prático: “Colocar a porca em um parafuso e apertar ou preencher a bainha com o graute fluido requer o mínimo de qualidade da mão de obra, nada muito especializado”, inicia.

“Mas pelo nível de responsabilidade do processo de emenda de um pilar, deve sempre haver a inspeção e acompanhamento na execução em obra, para que estes procedimentos sejam cumpridos adequadamente”, completa.

Indicação de tipos de emenda

Melo comenta que as emendas precisam garantir a continuidade do pilar, sendo uma questão de preferência operacional, custos, fornecedores e outros parâmetros que não chegam a envolver a obra ou a execução.

“É claro que o sistema de parafusos e porcas para a totalidade da carga tem menos processos na obra, já que não há a necessidade do grauteamento dos arranques”, explica.

“Mas como o equipamento de montagem está liberado para outras peças, esse procedimento de grauteamento não está no caminho crítico e normalmente pode ser realizado sem perdas de prazo no cronograma”.

Fatores a considerar no momento da escolha do tipo de emenda

Entre os fatores a serem considerados no momento da escolha da emenda, Melo cita como mais importante o custo, uma vez “que tecnicamente os tipos de emenda garantem o mesmo resultado técnico”.

“Assim, a escolha pode ser influenciada também por melhorias de processos de fabricação, logística na obra ou fornecedores”, orienta.

“Saliento que todas as emendas precisam ter gabaritos e controles de tolerâncias executivas. Às vezes, uma determinada emenda pode ter uma tolerância executiva maior que outra, o que pode ser uma vantagem, mas acredito que esses pontos sejam menores na escolha do sistema a ser utilizado”, finaliza o convidado.

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