O Free Flow, cobrança eletrônica de pedágio bastante comum no exterior, inclusive em Portugal, já é realidade em dois trechos brasileiros.

O sistema está operando ainda em fase de testes no trecho Rio-Santos da BR-101, no Rio de Janeiro; e entre Antônio Prado e Flores da Cunha, na rodovia ERS-122, no Rio Grande do Sul.

Em fase de aceleração no país, ele ainda não foi implementado amplamente. Porém, a tendência é de que esse modelo seja cada vez mais utilizado. Existe um processo regulatório em curso, pilotos ativos e necessidade de ajustes práticos para garantir que o sistema funcione de forma justa, transparente e eficiente para todos os usuários.

Com a ajuda de Thiago Hidalgo Fernandes Pimentel, engenheiro elétrico e eletrônico e CEO do Mobizap, vamos entender como funciona esse sistema, principais vantagens, impactos e desafios. Continue a leitura para saber mais!

Entenda como funciona o sistema de pedágio eletrônico Free Flow nas rodovias brasileiras

Com a promessa de trazer facilidade e agilidade para os motoristas, o sistema eletrônico Free Flow está evoluindo a maneira como lidamos com as praças de pedágio, o que traz vantagens também para a pavimentação.

Mas, como funciona exatamente o sistema de pedágio eletrônico Free Flow? Segundo Pimentel, ele vem para automatizar as cancelas de pedágios, assim como já acontece na Europa e na América do Norte. 

“Basicamente, é um pórtico que faz a captura da placa ou da tag do veículo cadastrado no sistema que irá gerar o valor da cobrança”, explica o entrevistado.

O especialista explica que o valor é enviado em uma fatura, e, caso o motorista não tenha um meio de pagamento cadastrado, há um período para regularização. “Porém, se não realizar o pagamento, estará sujeito às penalidades de multas de trânsito”, acrescenta ele.

O pedágio eletrônico Free Flow e a agilização do fluxo de veículos nas rodovias brasileiras

Um dos objetivos da implantação do sistema Free Flow é tornar as rodovias mais ágeis, afinal os motoristas não precisarão mais parar os veículos para pagar a tarifa de pedágio. 

“Com o pedágio eletrônico Free Flow não será mais necessário parar na cancela ou reduzir a velocidade do carro para 40 km/h, por exemplo, no caso das pessoas que possuem tag”, destaca Pimentel.

Pimental reforça que o motorista pode utilizar a velocidade da via, afinal os equipamentos com antenas e câmeras do sistema têm capacidade de fazer a identificação automática e enviar a cobrança posteriormente, através do cartão cadastrado pela placa ou tag do veículo.

Veja, agora, alguns dados que comprovam o bom desempenho do Free Flow no Brasil:

Indicador Valor observado Local/ Contexto
Inadimplência no trecho da CSG no RS Caiu de 7,5% para 4,1% em 6 meses ERS-122 (RS) (Dados da CSG)
Veículos cadastrados / usuários registrados 424,4 mil veículos e 296,3 mil clientes Mesmo trecho CSG, no primeiro ano de operação.
Percentual de usuários que utilizam tag versus outros meios 62% por tag; 38% por plataformas digitais ou atendimento físico Mesmo trecho CSG.
Inadimplência na BR-101 (RJ) / CCR RioSP Entre 8-12% dependendo do mês BR-101, no RJ. (Dados do UOL)
Prazo médio de pagamento por usuários sem TAG Caiu de 39,3 dias inicialmente para 8,7 dias nos últimos dois meses analisados Trecho da BR-101/RJ, usuários sem tag. (Dados da Agência Infra)

As principais vantagens do pedágio eletrônico Free Flow para a pavimentação das rodovias

Segundo Pimentel, a diminuição do atrito, já que não haverá mais desaceleração e frenagem próximo às praças de pedágio, é um dos principais benefícios do pedágio eletrônico Free Flow para a pavimentação das rodovias.

Esse fator implicará no aumento da vida útil da pavimentação asfáltica e também contribuirá para a diminuição das filas nas praças de pedágio. 

“Principalmente os caminhões, com essa tecnologia, podem evitar jogar todo o peso central para a frente, contribuindo para a não deterioração das rodovias, além de economizar pavimento, combustíveis e até reduzir os gastos com manutenção do veículo”, frisa o CEO do Mobizap.

Impactos positivos do pedágio eletrônico Free Flow na segurança viária e na redução de acidentes nas estradas

O pedágio eletrônico Free Flow também traz benefícios para a segurança das estradas, contribuindo de forma significativa, inclusive, para a redução de acidente:  com o pedágio eletrônico Free Flow é possível reduzir as filas de carros e o pavimento terá maior durabilidade nas vias, já que não haverá desaceleração pontual dos carros, como explica Pimentel. 

“Além disso, a viagem poderá levar menos tempo, pois não haverá ponto de atrito. Os motoristas podem economizar no combustível e com manutenção nos freios”, complementa o especialista. “Por não ter redução de velocidade e paradas nos pedágios, o risco de acidentes também é reduzido”, finaliza.

Desafios do pedágio eletrônico Free Flow no dia a dia dos usuários

O pedágio eletrônico Free Flow trouxe inovação e praticidade, mas também apresenta desafios significativos para os usuários.

Um dos principais pontos de atenção é a privacidade e a segurança dos dados, já que o sistema depende do monitoramento constante por câmeras e sensores, exigindo a proteção rigorosa das informações coletadas para evitar uso indevido ou vazamentos.

Além disso, há a dificuldade de fiscalização e evasão de pagamento, já que alguns motoristas podem tentar burlar o sistema ao não efetuar o pagamento, o que sobrecarrega os órgãos reguladores e pode gerar custos extras para as concessionárias e, indiretamente, para os usuários adimplentes.

Outro desafio é o impacto sobre os motoristas que não possuem acesso digital ou bancarização, realidade ainda presente em várias regiões do país.

Sem acesso a aplicativos, internet ou contas bancárias, parte dos condutores encontra barreiras para realizar o pagamento, o que pode resultar em multas e restrições, reforçando desigualdades no acesso à mobilidade.

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