Criar pavimentos permeáveis de eficiência climática e estrutural tem sido um desafio para a construção civil. Esse foi justamente o tema do painel “Pavimento permeável: quais as novas tecnologias?”, realizado no Congresso Internacional de Pavimentos Urbanos de Concreto durante o Concrete Show 2022.

A apresentação foi realizada pelos mexicanos Nestor de Buen Unna, Arquiteto e Fundador da Ecocreto, e Alejandro Vazquez Gomez, sócio-diretor da Ecocreto, empresa que desenvolveu um novo tipo de pavimento 100% permeável.

Confira abaixo o que os especialistas comentaram sobre a nova tecnologia!

Concreto permeável como solução sustentável para as cidades

Iniciando sua fala, Unna destacou que a nova tecnologia de pavimento permeável foi criada pela Ecoconcreto como forma de solucionar problemas vistos na Cidade do México, uma das maiores metrópoles da América Latina.

“Desenvolvemos um produto que a princípio tinha dois propósitos: ser ecologicamente possível, mas não ter características ecológicas, mas sim ser ecológico em si mesmo. É um produto totalmente sustentável”, explicou ele.

O especialista prosseguiu, destacando principalmente a necessidade de ter uma solução que visasse auxiliar na questão dos mantos aquíferos que fornecem água de uso para a população do país da América do Norte.

“Uma das minhas preocupações como arquiteto foi a de que estávamos destruindo o meio-ambiente. Ao impermeabilizar, o que fazemos é evitar o ciclo natural da água. A água cai da chuva e se deposita nos mantos aquíferos, e é a maior parte que usamos para consumo humano”, comentou ele.

Unna prosseguiu, destacando que, conforme estudos feitos por autoridades locais, havia cada vez menos água para consumo, gerando a necessidade urgente de novas tecnologias permeáveis que permitissem aumentar a captação de água.

“No caso da Cidade do México percebemos que havia água somente para apenas mais 25 ou 50 anos”, apontou ele.

O uso da tecnologia para auxiliar as questões climáticas do concreto

O arquiteto citou o exemplo de um monumento na Cidade do México, onde o solo havia baixado cerca de 3 metros, o que denota que os modelos de pavimento utilizados não estavam conseguindo sanar o problema.

O convidado destacou que a Ecoconcreto criou então um produto que podia ser aplicado no subsolo, um concreto permeável que permitia que a água passasse. 

“O que fizemos com esse produto foi criar algo de alta resistência e durável, mais fácil de instalar e barato que o concreto hidráulico”, explicou.

Segundo ele, as vantagens incluem o fato de tal concreto ser mais permeável, antiderrapante para os carros, mais frio que os tradicionais, permite a conversação dos micro climas, auxilia as ilhas de calor, não cria poças d’água e não faz buracos.

“Se está fazendo uma temperatura de 30 graus, um pavimento de asfalto vai estar com 50 graus ou mais. Um pavimento de concreto com 47 ou 48 graus, mas um pavimento com este produto vai estar com cerca de 36 a 37 graus, o que é uma enorme redução, o que traz uma grande solução para as ilhas de calor”, observou.

Exemplos do uso do concreto permeável desenvolvido pela empresa

Na sequência de sua fala, Unna apontou que foi necessário ter uma quebra de paradigmas em relação às tecnologias de pavimentos permeáveis utilizadas para alcançar melhores resultados.

“Essas construções tinham que ser permeáveis, de forma que todo o pavimento formasse apenas um elemento, que do ponto de vista do controle da água se tornasse um tanque de chuva”, comentou o palestrante.

Citando exemplos de obras realizadas em Austin e Las Vegas, nos Estados Unidos, o especialista comentou que os resultados do produto foram testados em laboratórios tanto do México quanto dos EUA, alcançando resultados acima dos esperados em termos de eficiência técnica.

“Não há nenhum concreto permeável no mundo que alcance essas resistências. Há muitas formas de construir com ele, como em containers, pontes, pisos”, explicou o especialista, destacando o exemplo de uma pista de pouso de helicópteros que abriga a aeronave utilizada pelo presidente do México, com peso de 7 toneladas.

Desenvolvimento do aditivo para uso em locais de temperaturas extremas

Na sequência foi a vez de Gomez, outro sócio da empresa, falar sobre o desenvolvimento de tal tecnologia. O palestrante contou sobre como a empresa desenvolveu seu aditivo a partir de minerais para uso em locais frios.

“Nós sabemos que o sal ataca os polímeros, como por exemplo em construções próximas ao mar. A maioria dos aditivos existentes contém pelo menos um polímero, então o primeiro problema que se apresentou foi que, quando o sal é utilizado para derreter o gelo, isso prejudica o concreto permeável”, disse.

O representante da Ecocreto falou também sobre como decidiram não realizar a compactação da terra, que prejudicava os lençóis de água, mas sim criar uma base acima da água para então aplicar o produto.

“Assim se pode reutilizar essa água para banheiros, áreas verdes, etc”, comentou ele, destacando um exemplo de que, através do sistema, a água de chuva é drenada e conduzida até onde for necessária.

Gomez também falou sobre como o processo é realizado, destacando sua simplicidade de aplicação como diferencial, já que no processo é utilizado apenas brita, cimento, água e o aditivo Ecocreto.

O painel também contou com a participação de Paulo Junek, administrador da Ecocreto, que apresentou exemplos da instalação da tecnologia e destacou ações já realizadas pela companhia também no Brasil.

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