Você sabe o que são obras de arte especiais na engenharia e como deve ser o concreto para esse tipo de construção?

Os engenheiros Luís Borin (Controle Tecnológico) e Luís Henrique Bueno Pinheiro (coordenador do Departamento de Consultoria Técnica de Estruturas), ambos da L. A. Falcão Bauer, vão nos ajudar a explicar um pouco mais sobre o assunto.

Vamos conferir? Continue lendo e tire suas dúvidas sobre o tema!

O que caracteriza uma obra de arte especial?

As Obras de Arte Especiais (OAEs) são grandes construções em termos de infraestrutura. Elas são destinadas à transposição de obstáculos como rios, braços de mar, rodovias, montanhas, vales, dentre outros. 

“O seu dimensionamento é elaborado com base nas cargas padrão para cada tipo de utilização, regulamentadas pelas normas vigentes. São capazes de resistir aos esforços provenientes do uso, como automóveis (trem tipo de 45 toneladas), trens (de, aproximadamente, 360 toneladas), pedestres (300 kg/m²) entre outros”, apontam os engenheiros Luís Borin e Luís Henrique Bueno Pinheiro.

Quais são os tipos de obras de arte especiais?

Os principais tipos de obras de arte especiais são:

  • pontes: para transposição superior de rios ou braços de mar;
  • viadutos: quando o obstáculo a ser transposto é um vale ou outras vias;
  • passarelas: destinadas a passagem de pedestres;
  • túneis: utilizados para transpor montanhas ou rochas.

Como deve ser o concreto nas OAEs da engenharia?

Os engenheiros convidados explicam que o concreto precisa ser dimensionado para resistir satisfatoriamente às tensões especificadas pelo cálculo estrutural. 

Além disso, é preciso atender à durabilidade de acordo com a classe de agressividade do ambiente — classificada de acordo com o grau de ataque da atmosfera ao concreto da estrutura, conforme contemplada na ABNT NBR 6118 – Projeto de estruturas de concreto. Nessa norma, especifica-se a máxima relação água/cimento e o cobrimento.

Já na ABNT NBR 12655 – Concreto – Preparo, controle, recebimento e aceitação, especifica-se o consumo de cimento mínimo, relação água cimento máxima, teor de sulfatos e de cloretos.

“Adicionalmente, deve-se considerar que essas obras ficam expostas às intempéries, demandando estudo de dosagem, contemplando o atendimento às especificações supracitadas e preocupação com o tipo de cimento a ser utilizado em relação à classe de agressividade”, observam nossos convidados.

Borin e Pinheiro também relatam que, para estruturas localizadas em meio de elevada classe de agressividade ambiental, recomenda-se a utilização de cimento CP III (alto forno) e CP IV (Pozolana).

Qual é a importância da manutenção nas obras de arte especiais?

“As estruturas não são eternas. O fato de o concreto e a armadura se modificarem quimicamente ao longo do tempo é razoável para que se ateste a necessidade da manutenção constante, dada a natureza dos materiais constituintes e a interação entre os mesmos”, dizem Borin e Pinheiro. 

Além disso, existem causas externas à química dos materiais, como:

  • falhas durante o processo de confecção da estrutura;
  • falhas na dobra das armaduras, concretagem, montagem das formas;
  • má interpretação de projetos, desrespeito ao cobrimento mínimo das armaduras;
  • uso de concreto com baixa resistência e alta porosidade;
  • falhas devido ao uso desta estrutura, principalmente quando não são realizadas a vistoria e manutenção preventivas.

Quais são as etapas da manutenção das OAEs?

Perguntas aos especialistas o que deve ser levado em conta quando falamos da manutenção das obras de arte especiais na engenharia.

“Podemos considerar como precedente a necessária inspeção, atestando o estado de conservação e durabilidade da estrutura (relatório de patologia). A inspeção deve ser realizada seguindo um cronograma de atividades previamente estabelecido. Seu resultado será a possível demanda pela manutenção”, afirmam.

Dessa forma, com a identificação destas anomalias é possível a determinação de sua causa, gerando a especificação do conjunto de materiais e métodos a serem utilizados para sua recuperação.

Vale lembrar que a manutenção preventiva tem como finalidade a conservação da vida útil especificada, identificando as futuras anomalias, previamente à sua evolução.

Ela é realizada por meio de tratamentos de superfície, e ensaios de durabilidade (laboratoriais e in loco), ratificando seu grau de conservação.

Com relação à manutenção corretiva, esta é realizada com o objetivo de eliminar as anomalias decorrentes de possível ausência ou ineficiência de inspeção ou manutenção preventiva. 

Nesta situação, as anomalias da estrutura já se encontram evidenciadas e em processo de evolução, com necessidade de intervenção.

“Ao longo da vida útil da estrutura, ao se identificar alguma anomalia, faz-se necessária a urgente intervenção, pois o custo de manutenção cresce exponencialmente em relação ao tempo de início da recomposição da integridade dos elementos”, finalizam os engenheiros.

Gostou de aprender mais sobre o concreto nas obras de arte especiais? Confira também nosso conteúdo sobre 5 exemplos do concreto como protagonista na construção de pontes do Brasil.