A utilização de aditivos autocicatrizantes tem se mostrado uma solução promissora para aumentar a durabilidade das estruturas de concreto.
Como sabemos, o concreto é um material amplamente utilizado na construção civil devido à sua resistência e características. No entanto, ele está sujeito a diversos fatores que podem comprometer a sua integridade ao longo do tempo.
Neste cenário, os aditivos autocicatrizantes surgem como uma solução eficiente para aumentar a vida útil das estruturas de concreto, promovendo a reparação de fissuras e microfissuras que podem surgir com o tempo.
Para falar sobre o assunto, conversamos com Rafaela S. Eckhardt, engenheira civil com atuação na área de impermeabilização e consultora técnica da Penetron Brasil. Veja mais do que ela nos falou sobre o assunto a seguir!
O aditivo autocicatrizante e a melhora na durabilidade das estruturas de concreto
O principal objetivo da proteção autocicatrizante, seja por adição ou pintura, é preservar o concreto contra os agentes agressivos como carbonatos, cloretos, sulfatos e agentes químicos, bloqueando o caminho de entrada para o interior do concreto.
“Isso está vinculado à redução da permeabilidade das estruturas tratadas, comprovado pelos ensaios de penetração de água sob pressão, e também está vinculado com a capacidade de autocicatrização das fissuras passivas de até 0,5 mm, comprovado pelo ensaio de fluxo de água pela abertura”, explica Rafaela.
Principais benefícios do uso do aditivo autocicatrizante na obra
A profissional comenta que a autocicatrização de fissuras, presentes em todas as obras e que são o caminho mais rápido para a deterioração da estrutura, é o principal benefício do uso do aditivo.
“Outro benefício é a redução da permeabilidade do concreto, que está diretamente ligada à sua durabilidade, ou seja, quanto mais permeável, mais facilmente os agentes agressivos irão penetrar na estrutura”, acrescenta ela.
Aplicações do aditivo autocicatrizante em obras de construção
De acordo com Rafaela S. Eckhardt, o aditivo autocicatrizante em obras de construção pode ser aplicado em:
- Poços de elevador;
- Lajes apoiadas ao solo, de subsolo ou de subpressão;
- Cortinas de concreto e contenções;
- Fundações e vigas baldrame;
- Piscinas;
- Concreto aparente;
- Túneis e galerias;
- Reservatórios de água, esgoto e efluentes industriais;
- Biodigestores;
- Casas de força;
- Câmaras frias;
- Moegas;
- Bases de silos;
- Blocos e pilares de pontes;
- Elementos estruturais onshore e offshore em portos, etc.
Como o aditivo autocicatrizante age na reparação de fissuras e trincas em estruturas de concreto?
A convidada explica que ao entrar em contato com a água e com os produtos de hidratação do cimento, “o autocicatrizante reage e forma cristais insolúveis, rígidos e fixos, de tamanho máximo de 0,5 mm que selam a abertura da fissura passiva”.
“Essa reação pode durar até 28 dias para selamento completo e ocorre tanto em fissuras de recém concretadas, quanto em fissuras que podem aparecer ao longo da vida útil da estrutura”, detalha nossa entrevistada.
Como o aditivo autocicatrizante impacta o custo e o tempo de execução de uma obra?
O uso do aditivo autocicatrizante, segundo a engenheira civil, reduz os custos da obra se comparado a outros sistemas de impermeabilização.
“Não exige regularização e proteção mecânica. Não há necessidade de mão de obra. Além disso, adianta o cronograma da obra”, destaca a especialista.
Ela explica ainda que, para aplicar o autocicatrizante, basta adicionar o material no caminhão betoneira e seguir o cronograma normal de concretagem.
“Além disso, na maioria dos casos, elimina a necessidade de aplicação de mantas ou membranas, que demandam tempo de preparação de substrato, aplicação, cura e proteção com encaixe no cronograma da obra e eventualmente ficam dependentes de ações climáticas”, complementa.
Futuras tendências no desenvolvimento e aplicação do aditivo autocicatrizante em obras e construção civil
A consultora técnica da Penetron Brasil nos informa que o aditivo autocicatrizante vem sendo utilizado em larga escala nos diversos setores da construção civil, com foco em maior durabilidade e impermeabilidade das estruturas de concreto.
“Tem-se a redução das manutenções, justificada pela característica de auto cicatrização, onde há o selamento das fissuras de forma autônoma no concreto, sem necessidade de intervenções, muitas vezes de alto custo, ou impossibilitadas pela parada da operação ou inacessibilidade do local”, diz ela.
A redução da manutenção também é um ponto ligado à sustentabilidade, uma vez que as intervenções geram consumo de material e energia, e ainda geram resíduos. Rafaela fala mais sobre esse aspecto:
“Ainda pensando em sustentabilidade, há uma tendência na redução de cobrimento nas estruturas tratadas com o autocicatrizante, justificada pela equivalência da qualidade entre uma espessura maior de concreto convencional e uma espessura maior de concreto autocicatrizante de baixa permeabilidade.”
Em comparação com outros sistemas de proteção como mantas e membranas, a profissional explica que nestas há a necessidade de proteção mecânica.
Já no sistema autocicatrizante não há necessidade de proteção extra por ele “ser integral na estrutura e desta forma não sofre dano com rasgos ou perfurações, o que gera menor consumo de material e energia, ou seja, é benéfico ao ambiente”, conforme nos instrui Rafaela.
“Além disso, para sua produção e aplicação tem menor emissão de carbono em relação a outros materiais”, finaliza a especialista.
Para seguir aprendendo, veja agora nosso texto sobre concreto autocicatrizante: como funciona?