“O concreto voltou a ser rocha”. Com essa frase de impacto, o professor Bernardo Tutikian abriu a sua apresentação no Congresso da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem, realizado neste mês de agosto no Concrete Show 2024, principal evento de inovações e soluções para o mercado da construção da América Latina.

O pesquisador da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul, se referia ao concreto de performance ultra alta, o UHPC, na sigla em inglês. Principal revolução na construção civil desde a década de 1990, esse material conta com mais fibras e menor teor de água, garantindo estruturas mais resistentes, duráveis e, ao mesmo tempo, flexíveis.

No painel “UHPC: Inovação no caminho da sustentabilidade”, Bernardo Tutikian relembrou a história do concreto e falou da importância de que os empreendimentos no século 21 sejam não apenas mais resistentes, mas também permitam um processo mais sustentável de ponta a ponta, inclusive para obras de infraestrutura como pontes, edifícios e revestimentos.

“O sonho da indústria do concreto nos anos 1960 ou 1970 era de que o material seria como uma rocha moldável, você poderia desenhá-lo da forma que quisesse e depois aquela peça se tornaria eterna. Depois descobrimos que não era bem assim, que havia agentes capazes de desgastar e corroer o concreto. Agora, graças ao UHPC, o concreto voltou a ser como rocha, especialmente com a adição de fibras que auxiliam no controle de retrações e na capacidade de suportar altas cargas. Sem falar na qualidade de acabamento, que é fantástica”, afirmou o professor.

História e aplicações do UHPC atualmente

Nos últimos anos, o uso do UHPC tem se expandido para uma variedade de aplicações, oferecendo melhorias funcionais e contribuindo significativamente para soluções sustentáveis na construção civil. Em pontes, por exemplo, o concreto de performance ultra alta permite a aplicação de componentes mais leves, reduzindo a quantidade de material necessário e, consequentemente, o impacto ambiental. Nos edifícios, o UHPC pode resultar em fachadas mais finas e resistentes, o que economiza espaço e recursos, e ainda melhora a eficiência energética.

Durante sua apresentação, o professor Bernardo Tutikian resgatou um pouco da história desse material: “O UHPC começou a ser desenvolvido pela indústria como solução em obras de infraestrutura, e depois que chegou à academia passou a ser melhor desenvolvido. Ele reúne as melhores propriedades do concreto, como a alta resistência à compressão e tração direta, bom módulo de elasticidade e ainda é auto-adensável, o que garante maior aderência às fibras”, completou o pesquisador da Unisinos.

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