O comitê técnico da Câmara de Fabricantes de Aditivos do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI) vai lançar a 2ª edição do ‘Manual de Utilização de Aditivos para Concreto’ no final de julho. O grupo técnico que revisou o material é formado por profissionais das empresas associadas à Câmara, com coordenação do engenheiro Valdir Volttani e consultoria, para a revisão final, do coordenador do Mestrado Profissional em Engenharia Civil da Universidade São Judas Tadeu, professor Renan Pícolo Salvador.
“A nova versão do manual já vem com as atualizações da norma de aditivos para concreto, que foi revisada recentemente e com mais esclarecimentos sobre os cuidados na utilização deste insumo, muito importante para a cadeia da construção civil”, afirma o coordenador da Câmara de Aditivos para Concreto do IBI, Shingiro Tokudome.
Os principais públicos-alvo do manual técnico de aditivos para concreto são todos os que fazem parte, direta ou indiretamente, da cadeia de valor do material concreto. O público direto são as empresas que utilizam o concreto e a argamassa usinados, indústria de pré-moldados, fábricas de artefatos de cimento e construtoras que produzem o próprio concreto e argamassa. O público indireto são os consumidores do produto concreto: os profissionais das construtoras, empresas de serviços de aplicação de concretos e argamassas, executores de pisos industriais, associações e faculdades de engenharia civil e arquitetura.
Os aditivos químicos para concreto exercem um papel relevante na construção civil, ao contribuir para a melhoria da produtividade no canteiro de obras. Isso porque elevam a trabalhabilidade do insumo, facilitando e acelerando o processo de lançamento do concreto. Como ganhos secundários, os aditivos entregam ainda melhor acabamento e adensamento do concreto, diminuindo a necessidade de reparos das estruturas.
Outro ponto importante é que os aditivos são responsáveis pela redução do consumo de água em até 40% no concreto e do uso racional do cimento, o que consequentemente diminui a emissão de dióxido de carbono (CO2). “É um grande aliado, com importância cada vez maior para o meio ambiente”, ressalta Tokudome.
Ele também destaca que, sob o ponto de vista da economia circular, é necessário utilizar o concreto fabricado atualmente como matéria-prima, no futuro, em forma de agregado. Desta forma, é importante a conscientização da utilização de concreto de boa qualidade, o que só é possível com o uso dos aditivos.
Evolução dos aditivos
O setor de aditivos químicos para concreto evoluiu nos últimos 20 anos. Neste sentido, Tokudome destaca a utilização de aditivos superplastificantes, à base de éter policarboxilato (PCE). Trata-se de um polímero fabricado especificamente para proporcionar maior dispersão do cimento no concreto, que pode ser customizado para as necessidades das concreteiras, dos pré-moldados e projetos especiais.
“Com a customização viabilizada pelos aditivos à base de PCE disponíveis no mercado é possível manter o “slump” do concreto (consistência do concreto fresco antes de endurecer) durante 180 minutos, com controle do tempo de pega e garantindo as resistências mecânicas”, explica o Tokudome, que ainda acrescenta: “é importante salientar que a trabalhabilidade do concreto vem aumentando ao longo dos anos e os aditivos têm permitido este aumento de slump, de 50mm para slump flow 700 mm, mantendo o consumo de água entre 180 L/m3 a 198 L/m3.
Os aditivos de concreto são aprovados pela norma ABNT NBR 11768 (Aditivos químicos para concreto de Cimento Portland – partes 1, 2 e 3).
Exemplo de sustentabilidade
A Aditibras, empresa fabricante de aditivos químicos para concretos, argamassas e outros produtos auxiliares para construção civil, tem uma linha de aditivos químicos para o concreto fabricado com areia artificial. O diretor da Aditibras, Marcus Vinicius Gonçalves da Silva, destaca que o desenvolvimento deste aditivo para substituir o uso de areia natural é um desejo antigo de empresas fabricantes de concreto.
A areia artificial – ou pó de pedra – é subproduto do processo de britagem de rochas e pedras. A gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Aditibras, Ana Paula Andrade, explica que os aditivos plastificantes de caráter polifuncional são produtos desenvolvidos para viabilizar o uso de areia artificial em todos os tipos de concreto. Ele age no concreto, reduzindo a tensão superficial da água, melhorando a molhabilidade e a dispersão das partículas de cimento. Esse aditivo tem na formulação, segundo ela, moléculas que destravam os grãos lamelares da areia artificial e minimizam a absorção de água, o que promove, entre outros benefícios, o ganho de resistência no concreto.
O diretor da Aditibras aponta que o compromisso da empresa quanto à sustentabilidade está na pesquisa e no desenvolvimento de produtos com matérias-primas derivadas de fontes renováveis e no acompanhamento da evolução dos materiais que compõem o concreto. “Hoje, a Aditibras fornece aditivos plastificantes para uma média de 300 mil m³ de concreto por mês, sendo que, para cada m³ de concreto, são utilizados, em média, 750 quilos de areia natural. Ou seja, a areia artificial pode substituir 225 mil toneladas de areia natural por mês”, destaca Abreu.