Quando o assunto é evitar problemas de infiltração em obras e estruturas, a impermeabilização transitável se torna palavra-chave.
Seja em lajes, terraços, varandas ou áreas de circulação, o sistema de impermeabilização é essencial para garantir a durabilidade e a integridade das superfícies.
Para falar sobre o assunto, conversamos com Flávio de Camargo Martins, engenheiro civil, especialista em impermeabilização e concreto e gerente técnico de Produtos da MC-Bauchemie. Acompanhe abaixo!
Impermeabilização transitável: o que é e como ela é aplicada na obra?
A impermeabilização transitável é um sistema utilizado para resistir ao trânsito constante, seja ele especificamente leve (de pedestres) ou veicular.
“A sua aplicação é feita em forma de pintura em diversas camadas. Chamamos em geral de sistema multicamadas, porém é necessário um alto grau de preparo da superfície e mão de obra especializada para a aplicação deste tipo de tecnologia”, explica Martins.
Principais benefícios e vantagens da impermeabilização transitável em projetos de construção
O especialista em impermeabilização e concreto comenta que por ser exposta, a impermeabilização transitável não consome cota no projeto.
“A impermeabilização transitável dispensa camadas extras de proteção com concreto armado como é comum no caso dos tradicionais sistemas com manta asfáltica”, acrescenta ele.
Além disso, por estar exposta, a impermeabilização é de fácil inspeção e manutenção, “possibilitando reparos pontuais ou até mesmo aplicação de camadas subsequentes quando a camada superior apresentar desgaste”.
Outra questão importante, segundo Martins, é a facilidade, precisão, segurança e economia na execução de ações de manutenção deste sistema. Ele cita, inclusive, a ABNT NBR 15.575 de Desempenho de Edificações Habitacionais.
“Este sistema requer uma vida útil de projeto menor de cerca de 8 anos, gerando menor custo inicial ao projeto quando se compara a sistemas completos por metro quadrado, contabilizando mão de obra e materiais para as camadas de regularização, impermeabilização e proteção”, resume.
Os materiais mais utilizados na impermeabilização transitável para a durabilidade e resistência do sistema
Comumente, as membranas de poliuretano são os materiais mais utilizados na impermeabilização transitável.
Contudo, Flávio Martins alerta que existem diferentes tipos e nem toda membrana de poliuretano é adequada para estar exposta à intempéries e trânsito constante, ainda mais de veículos.
“O sistema em geral é composto por três camadas: primer, basecoat com agregado superior e topcoat”, explica ele.
“O primer vai responder pela aderência ao substrato, o basecoat pela impermeabilização, resistência à fissuração e ao impacto e o topcoat contribui também para a impermeabilização embora tenham maior responsabilidade quanto a resistência U.V. e ao desgaste por abrasão”, complementa o especialista.
O entrevistado acrescenta ainda que, atualmente, não existe uma norma brasileira específica para este tipo de sistema, ainda que existam produtos no mercado sendo utilizados para esta finalidade.
“Estamos trabalhando junto ao CB 022 de impermeabilização, este sistema na revisão da norma ABNT NBR 15.487 – Membrana de Poliuretano para Impermeabilização, onde na parte II está sendo desenvolvido texto, tabelas com parâmetros e requisitos de desempenho para este tipo de sistema”, informa.
As áreas mais comuns em um projeto de construção civil que se beneficiam da impermeabilização transitável
Em geral, a impermeabilização transitável é aplicada em estacionamentos sem cobertura e lajes expostas em áreas de circulação tanto de pedestres como de veículos. Martins fala mais sobre isso:
“Temos visto o sistema sendo utilizado em arquibancadas de estádios, pistas e quadras esportivas também, sendo uma opção que une a proteção da impermeabilização com a questão estética e emborrachada de piso acabado”.
Técnicas e métodos utilizados para realizar a impermeabilização transitável de forma eficiente e segura
Nosso convidado explica também que a impermeabilização transitável tem baixa espessura, sendo o preparo da base fundamental.
“Promover a declividade, remover saliências, preencher cavidades e garantir o grau de rugosidade correta é fundamental para iniciar a aplicação”, afirma.
A próxima etapa do projeto de impermeabilização é realizar a inspeção da área e o tratamento prévio das fissuras e juntas de dilação. Depois, é feita a análise da umidade da base para checar se o local está em condições de receber a impermeabilização.
“A primeira etapa é a aplicação do primer. Em geral se utiliza primer de poliuretano, que é mais compatível com o tipo de impermeabilização”, cita Martins.
Ele prossegue, destacando que “o primer deve ser aplicado com rolo de pelo curto e deve ter alto poder de penetração para selar bem o substrato.”
Obedecendo ao tempo entre camadas, deve-se aplicar a camada basecoat, mais elástica e flexível. Flávio Martins ressalta que esta camada deve ser espessa, obedecendo o consumo mínimo para garantir uma camada adequada.
“Opte por sistemas monocomponentes para facilitar e ganhar tempo de aplicação, evitando mistura e perda de produto”, orienta.
Ainda antes da secagem, com esta camada úmida, deve ser aspergida a camada de agregado de quartzo.
“Deve ser um agregado específico indicado pelo fabricante para não alterar as características e consumo da camada final. Este agregado deve estar 100% seco”, continua nosso entrevistado.
Depois, é hora de aguardar a secagem das camadas e seguir com a aplicação da última, o topcoat.
“Esta deve seguir o consumo mínimo, de acordo com o local de utilização. Em áreas de maior circulação esta camada em geral é mais reforçada”, afirma o representante da MC-Bauchemie.
“Confira se o agregado está totalmente recoberto e garanta que juntas não tenham sido transpassadas pelo sistema, estas devem ficar totalmente expostas”, finaliza nosso entrevistado.
Para saber mais, veja nosso texto que fala sobre a importância da impermeabilização para a sustentabilidade!