A construção do túnel Santos-Guarujá representa um marco não apenas na mobilidade urbana, mas também na engenharia de concreto. A obra utilizará a técnica de túnel imerso, que consiste na fabricação de grandes módulos de concreto em docas secas. Esses módulos serão posteriormente transportados por flutuação, afundados e conectados no leito do canal do Porto de Santos.

Essa solução estrutural exige altíssimo grau de precisão na moldagem, vedação e encaixe dos elementos, além de resistência à pressão hidrostática e à ação de agentes agressivos do ambiente marinho.

Estrutura e Dimensões

  • Extensão total: cerca de 1,5 km, sendo 870 metros submersos.
  • Seções de tráfego: seis faixas (três por sentido), ciclovia, passagem para pedestres e espaço para VLT.
  • Material predominante: concreto armado de alta performance, com reforço para durabilidade em ambiente salino.
Foto: BRASIL – Ministério de Portos e Aeroportos

Engenharia Internacional

A empresa vencedora do leilão, Mota-Engil, traz expertise internacional em obras de grande porte. Com participação de 32,4% da chinesa CCCC (China Communications Construction Company), a construtora incorpora tecnologias utilizadas em projetos como o túnel Taihu, na China — o maior túnel submerso do país, com 10,8 km de extensão.

Essa parceria garante know-how em estruturas de concreto imerso, controle de qualidade em ambientes extremos e aplicação de soluções sustentáveis em larga escala.

Desafios Técnicos e ESG

A escolha pelo túnel imerso foi motivada por fatores geotécnicos e operacionais. O solo da região, composto por argilas moles, inviabiliza escavações profundas. Além disso, a construção de uma ponte foi descartada devido às restrições da Base Aérea de Santos e ao tráfego intenso de embarcações.

A execução exige:

  • Precisão milimétrica na junção dos módulos.
  • Controle rigoroso de flutuação e afundamento.
  • Sistemas de vedação e impermeabilização de alto desempenho.
  • Monitoramento estrutural contínuo durante e após a instalação.

O uso de concreto de alta resistência e baixa permeabilidade contribui para a longevidade da estrutura, reduzindo custos de manutenção e impactos ambientais. A obra também prevê menor número de desapropriações e integração com modais sustentáveis, como ciclovias e transporte público.

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