Imagine um material capaz de sentir, responder e até se curar. O concreto inteligente, uma evolução tecnológica que promete revolucionar a construção civil brasileira, já está ganhando espaço nos canteiros de obras.

Com sensores integrados, nanotecnologia aplicada e capacidade de autodiagnóstico, esse novo tipo de concreto vai muito além da função estrutural tradicional – ele coleta dados, detecta falhas, reage a estímulos e reduz impactos ambientais.

Ao incorporar soluções de ponta, o concreto inteligente permite um maior controle sobre o desempenho das obras em tempo real, prolongando a vida útil das estruturas e minimizando custos com manutenção e intervenções corretivas.

O Concrete Show Digital conversou com Francisco Holanda, diretor técnico da Holanda Engenharia para conhecer as tecnologias por trás do concreto inteligente. Entenda como ele se diferencia do convencional e descubra aplicações promissoras para o cenário brasileiro. 

Concreto inteligente: o que e como se diferencia do convencional

Francisco Holanda explica que o concreto inteligente, também conhecido como smart concrete,  possui características únicas que o tornam uma solução inovadora para a construção civil.

“É capaz de incorporar novas tecnologias que melhoram o seu desempenho no estado fresco e endurecido, com ganhos em termos estruturais, podendo monitorar a sua própria integridade, informar a sua maturidade com a idade, detectar defeitos e inclusive ter habilidade de auto-cicatrização”, afirma.

Segundo o especialista, o smart concrete se diferencia do concreto tradicional em três aspectos principais:

  1. Maior durabilidade: Prolonga a vida útil das estruturas, reduzindo a necessidade de intervenções corretivas.
  2. Sustentabilidade: Busca constante pela redução da pegada de carbono (CO₂).
  3. Tecnologia integrada: Capacidade de monitorar e reagir a estímulos em tempo real.

Principais tecnologia que tornam o concreto “inteligente”

A nanotecnologia desempenha um papel central na transformação do concreto em um material inteligente.

Essa tecnologia permite combinar matérias-primas em escala molecular, bloqueando bactérias indesejadas e adicionando compostos funcionais que ampliam a durabilidade, resistência e autonomia para autocicatrização.

“Quem tem por base a nanotecnologia oferece a possibilidade do uso de matérias primas combinadas em laboratórios, pela modificação de moléculas dos materiais bloqueando bactérias indesejáveis, e utilizando outras de conveniência na formulação de misturas de concreto inteligente”, observa Holanda

Além disso, sensores integrados ao concreto desempenham um papel crucial. Esses dispositivos eletrônicos, embutidos na massa de concreto, coletam dados em tempo real sobre a integridade estrutural, maturidade e possíveis falhas.

“Também podem ser constituídos de rastreadores que, por contraste, possam detectar os materiais contidos no concreto endurecido”, complementa Holanda.

Aplicações promissoras do concreto inteligente na construção civil brasileira

Holanda destaca que o concreto inteligente tem grande potencial em obras de saneamento, onde a durabilidade é um requisito essencial.

“Neste caso, é preciso considerar maior desempenho frente aos agressores típicos em estações de tratamento de água e esgoto”, analisa.

Outra aplicação promissora é em pavimentos rígidos, uma alternativa ao asfalto que vem ganhando espaço na construção de rodovias no Brasil.

“A construção de rodovias com pavimentos rígidos tem sido crescente no Brasil, e o concreto inteligente pode trazer ainda mais benefícios para essa modalidade”, conclui.