A indústria do cimento brasileira mostrou resultados positivos no primeiro semestre de 2025. A comercialização atingiu 32 milhões de toneladas. Isso representa um crescimento de 3,5% em comparação ao mesmo período de 2024, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC).

Apesar do recuo de 1,7% nas vendas de junho (5,4 milhões de toneladas) em relação ao mesmo mês do ano anterior, o despacho diário de cimento registrou aumento de 0,5% sobre junho de 2024 e de 5,0% em comparação ao primeiro semestre do ano passado, atingindo 244,8 mil toneladas por dia útil.

Programa habitacional como principal catalisador

O programa Minha Casa, Minha Vida segue fundamental para o desempenho da indústria do cimento, respondendo por mais da metade dos imóveis residenciais lançados no primeiro trimestre e apresentando crescimento de 40,9% nas vendas em comparação ao mesmo período de 2024. A nova faixa do programa trouxe perspectivas renovadas para o setor de edificações e elevou a confiança na construção.

Desafios do setor

Apesar dos resultados positivos, o setor enfrenta desafios significativos:

  • Escassez de mão de obra qualificada
  • Crescente utilização do programa habitacional para aquisição de imóveis usados
  • Dificuldades de acesso ao crédito devido às altas taxas de juros
  • Elevação dos custos comprometendo a viabilidade de projetos
  • Desequilíbrio financeiro das obras
  • Dificuldades no planejamento de novos empreendimentos

Perspectivas moderadas para o segundo semestre

As projeções para o segundo semestre são mais conservadoras. A expectativa é de crescimento de 2,1% para 2025. Vários fatores indicam possível desaceleração. Entre eles estão o endividamento das famílias, a inadimplência, a Selic em 15%, a menor confiança do consumidor e a queda na confiança da indústria.

O financiamento imobiliário já mostra forte queda de 31,9% nas unidades contratadas. Isso reflete o impacto da alta da Selic. Os juros elevados favorecem ativos financeiros em detrimento dos imobiliários.

Sustentabilidade e inovação no setor

A indústria do cimento investe em tecnologias para reduzir impactos ambientais e pressão nos preços. O coprocessamento é um exemplo. Esta técnica substitui combustíveis fósseis por resíduos industriais, comerciais, domésticos e biomassas.

Em 2023, o coprocessamento alcançou sua melhor marca. Foram processadas 3,25 milhões de toneladas de resíduos. Isso evitou a emissão de cerca de 3,4 milhões de toneladas de CO₂.

Participação na agenda ambiental

A indústria brasileira do cimento está ativamente envolvida nos debates do Plano Clima, que será apresentado na COP 30, destacando-se como referência global pela baixa emissão em seu processo produtivo. O setor trabalha junto ao governo na elaboração de metas setoriais que contemplam tanto a descarbonização industrial quanto o crescimento econômico.

Infraestrutura e desenvolvimento

O Brasil possui a quarta maior malha rodoviária do mundo, com 1.721.000 quilômetros de estradas e rodovias, mas apenas 12,4% são pavimentadas. Para reverter esse cenário, é essencial ampliar os investimentos na construção civil e incluir o pavimento de concreto como opção nas licitações públicas, por suas vantagens de durabilidade, economia, conforto, segurança e menor impacto ambiental.

“É preciso avançar em todas as frentes para mitigar e neutralizar as emissões dos gases de efeito estufa, oferecendo soluções tecnológicas de forma orientada”, afirma Paulo Camillo Penna, Presidente do SNIC.