Nos últimos anos a construção civil se beneficiou de avanços tecnológicos em suas mais diversas frentes, incluindo de estudos que buscam descobrir e oferecer materiais mais robustos, ágeis e sustentáveis.  

Nesse cenário, a argamassa — um dos itens presentes em todo canteiro de obras — ganha destaque, com descobertas que produzem um material com as características adequadas para cada tipo de aplicação.   

Neste artigo, analisaremos os principais usos da argamassa para mostrar as tecnologias que permitem a esse material oferecer ainda mais benefícios às obras. Confira! 

Tipos de argamassa: os usos desse tradicional material de construção 

Tão necessária quanto o concreto para a construção civil, a argamassa é o material que proporciona impermeabilidade e estabilidade para a edificação. Produzida a partir da mistura homogênea de aglomerante inorgânico (em geral, o cimento), agregados miúdos (areias naturais ou de britagem), água e aditivos, ela pode ser feita no local ou industrializada (também conhecida como estabilizada).  

O material possui usos variados em uma obra, podendo ser utilizado para o assentamento de tijolos, impermeabilização e regularização de superfícies ou para dar acabamento, seja texturizado, áspero ou liso.   

Para isso, existem quatro tipos principais de argamassa no mercado: colante, de assentamento, de revestimento e de rejuntamento. Saiba mais sobre cada uma delas: 

1) Argamassa colante: de acordo com a NBR 14081, é um produto industrial, no estado seco, composto de cimento Portland, agregados minerais e aditivos químicos. Ela é empregada no assentamento de pisos e revestimentos de parede; 

2) Argamassa de assentamento: utilizada para promover aderência entre elementos estruturais, sendo impermeável e garantindo resistência à estrutura. Regida pela NBR 13281, também pode ser utilizada para a complementação da alvenaria, como no encunhamento, respaldo ou aperto; 

3) Argamassa de revestimento: também regida pela NBR 13281, cobre, nivela ou protege as alvenarias de fechamento estrutural; 

4) Argamassa de rejuntamento: utilizada para rejuntar blocos cerâmicos, a NBR 14992 a classifica em dois tipos, de acordo com o nível de absorção de água e a necessidade do uso de juntas de movimentação.   

 

A revolução na argamassa: os novos materiais que prometem mais sustentabilidade às obras 

Desde que a argamassa estabilizada foi lançada no mercado, muitos foram os avanços que proporcionaram ao material maior diversidade de aplicação e facilidade de uso. Como ela é produzida em um ambiente controlado, recebe aditivos que a tornam mais estável e conferem as características próprias para cada uso, seja em revestimentos, rejuntes ou pisos.  

É o caso, por exemplo, do Engineered Cement Composite (ECC), um tipo de argamassa criado em laboratório por cientistas da Universidade de Michigan. O ECC recebe um reforço de fibras sintéticas muito finas, que aumentam a capacidade de regeneração da argamassa, permitindo que ela volte à posição normal depois de ser submetida a uma força de tração de até 3% em relação à sua capacidade resistente.  

Mas não é só nos Estados Unidos que novidades surgem para a composição de argamassas. Aqui no Brasil, um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus Ilha Solteira, e da Universidade Politécnica de Valência (UPV), na Espanha, busca reduzir o impacto ambiental causado pela produção de cimento, criando um material exclusivamente a partir de resíduos.  

Segundo Mauro Tashima, professor da Unesp e pesquisador do grupo de Pesquisa em Materiais Alternativos de Construção (MAC), o uso de argamassas que incorporam resíduos — também chamadas de argamassas ecológicas — em sua composição pode trazer diversos benefícios, sejam eles técnicos, econômicos, sociais e, principalmente, ambientais.  

O professor destaca a redução do uso de matérias-primas não renováveis, no consumo de energia e nas emissões de CO² como as principais vantagens do material. Além disso, ele reforça que as argamassas ecológicas trazem melhorias de propriedades do produto, como sua resistência e aderência ao substrato.  

Tashima acredita que as grandes novidades do mercado de argamassas no futuro estarão associadas ao uso de adições e aditivos na composição.  

“Entre as vantagens, podem ser mencionadas as melhorias das propriedades associadas à plasticidade, impermeabilidade, aderência e resistência mecânica, entre outras”, diz. 

No entanto, o professor ainda enxerga alguns entraves para a ampla utilização dos materiais ecológicos. O principal deles está ligado ao pouco número de pesquisas sobre eles, principalmente relacionadas à durabilidade.   

Com poucos estudos que comprovam os benefícios da utilização de argamassas ecológicas, o mercado pode se mostrar resistente, uma vez que as decisões sobre os tipos de argamassa utilizados estão fundamentalmente ligadas aos custos dos materiais e da mão de obra para trabalhá-los.  

Mas segundo Tashima, “o fator ambiental ganha destaque no cenário mundial nos últimos anos devido, principalmente, aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU”.  

Isso pode ser determinante para as escolhas dos materiais de construção no futuro. Somado ao fato de que a argamassa ecológica pode trazer redução de custos, uma vez que reutiliza resíduos de outros processos e promove a economia circular, o futuro reserva novas perspectivas em que esse produto será mais sustentável.  

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