Os agregados são materiais essenciais para a construção civil, compondo concretos, argamassas e outros elementos estruturais e de acabamento.
Embora muitas vezes passem despercebidos aos olhos do público, esses insumos exercem papel fundamental na resistência, durabilidade e funcionalidade das obras.
Contudo, o setor que os produz e utiliza vem enfrentando grandes desafios, desde a escassez da matéria-prima até a pressão por práticas mais sustentáveis.
Ao mesmo tempo, inovações tecnológicas vêm transformando a forma como os agregados são produzidos, selecionados e aplicados, contribuindo para uma construção civil mais eficiente e consciente.
Neste artigo, você vai entender melhor as características dos diferentes tipos de agregados, os métodos mais utilizados para separação e classificação, os avanços tecnológicos no setor e os obstáculos enfrentados pelas empresas atualmente.
Para tanto, conversamos com Victor Henriques, engenheiro civil graduado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), que compartilha sua visão técnica e prática sobre os rumos e as tendências do setor. Confira a seguir!
As principais características dos agregados graúdos e miúdos
Victor Henriques explica que os agregados são divididos em dois tipos com base no tamanho das partículas: graúdos, com diâmetro maior que 4,75mm; e miúdos, com diâmetro inferior a 4,75mm.
“Os graúdos, como brita e cascalho, são essenciais para a resistência e integridade estrutural, enquanto os miúdos, geralmente areia, melhoram a trabalhabilidade e o acabamento”, ressalta.
Conforme o entrevistado, o uso adequado de cada tipo de agregado influencia diretamente na resistência, durabilidade e trabalhabilidade da mistura.
Os métodos mais utilizados para a separação e classificação dos agregados na indústria
Henriques cita dois métodos como os mais utilizados na indústria para separação e classificação dos agregados: o peneiramento e a flutuação e sedimentação. Ele explica:
“O peneiramento separa os agregados com base em diferentes tamanhos de malha. Já a flutuação e sedimentação utilizam diferentes densidade e velocidade de sedimentação para separar os materiais”.
Ele cita, inclusive, dois exemplos práticos do uso dos agregados na construção civil atualmente:
“O uso de agregados graúdos na construção de rodovias proporciona resistência para suportar o tráfego intenso de veículos”, observa.
“Já a areia fina é usada para melhores acabamentos em revestimentos internos”, exemplifica.
Inovações tecnológicas aplicadas para aprimorar a eficiência e a qualidade na produção e separação de agregados
Sobre as inovações tecnológicas no setor, o especialista lembra das construções sustentáveis e dos edifícios de alto desempenho.
“As empresas têm adotado o uso de agregados reciclados para reduzir a dependência de recursos naturais, impulsionando a sustentabilidade na construção civil”, ressalta.
Sobre os edifícios de alto desempenho, Henriques aponta:
“As inovações no uso de aditivos em agregados promovem estruturas mais leves e eficientes, especialmente críticos em áreas urbanas densas”.
O entrevistado vê os agregados como componentes vitais da construção civil, capazes, inclusive, de influenciar diretamente a qualidade e sustentabilidade das construções.
“Tecnologias emergentes e práticas sustentáveis estão redefinindo o panorama do setor”, afirma.
Os principais desafios enfrentados pelo setor de agregados atualmente
O setor de agregados enfrenta, atualmente, uma série de desafios que impactam diretamente a produtividade, competitividade e sustentabilidade. Entre os principais destacados pelo entrevistado estão:
- Sustentabilidade ambiental: extração predatória, licenciamento ambiental e pressão por um desenvolvimento sustentável;
- Custo de produção: combustíveis, energia, equipamentos, manutenção e transporte;
- Disponibilidade de matéria-prima: esgotamento de jazidas próximas aos grandes centros urbanos, conflito de uso do solo e restrições ambientais e sociais;
- Pressão regulatória e social: fiscalização rigorosa, aceitação social e necessidade de rastreabilidade e conformidade;
- Inovação e tecnologia: baixo investimento em inovação e demanda por agregados reciclados.
Como vimos ao longo do artigo, o futuro do setor de agregados depende do equilíbrio entre inovação, sustentabilidade e responsabilidade na extração e uso desses insumos.
Para saber mais sobre o assunto, leia agora nosso conteúdo sobre a autorregulação na mineração de agregados para construção!