Na manhã desta quarta-feira (20), o Congresso Construindo Conhecimento recebeu Sérgio Azevedo, CEO da Dois A Engenharia, para o Keynote “Do continente ao mar: a evolução das estruturas de concreto para energia eólica”.
A programação trouxe uma análise abrangente sobre o papel das estruturas de concreto na transformação do setor de energia eólica.
Com mais de 20 anos de experiência no setor, a Dois A Engenharia desempenhou um papel crucial na construção de parques eólicos, consolidando-se como uma referência em inovação e sustentabilidade.
A seguir, exploramos os principais pontos abordados na apresentação, que destacou avanços tecnológicos, desafios logísticos e o potencial do Brasil no mercado global de energia renovável.
Tropicalização e base nacional: base de sucesso
Sérgio Azevedo iniciou sua apresentação destacando a importância de tecnologias adaptáveis ao contexto brasileiro, um fator essencial para o sucesso dos projetos de energia eólica no país.
Ele enfatizou que a tropicalização das soluções foi um dos pilares para atender às demandas locais:”Eu dizia que precisávamos ter uma tecnologia que fosse facilmente tropicalizada e que atendesse todos os requisitos que recebíamos”, explica.
Outro ponto crucial foi a relevância do uso de produtos nacionais, especialmente para viabilizar financiamentos estratégicos, como os do BNDES. A exigência de um alto índice de nacionalização impulsionou a adoção de soluções locais.
Essa abordagem não apenas garantiu a viabilidade econômica dos projetos, mas também fomentou o desenvolvimento da indústria nacional, criando um ecossistema mais robusto e competitivo.
Torres de Concreto: escolha estratégica para energia eólica
No desenvolvimento de projetos de energia eólica, a adoção de torres de concreto foi apresentada como uma decisão estratégica, com vantagens significativas em relação às torres metálicas. Entre os benefícios, destacam-se a durabilidade, a resistência à corrosão e a menor necessidade de manutenção.
“A durabilidade da torre de concreto é maior do que a de aço. A resistência à corrosão e a menor manutenção tornam essa solução mais vantajosa”, explica o especialista.
Além disso, o peso adicional das torres de concreto foi apontado como um fator que contribui para a eficiência das fundações: “O peso da torre de concreto, por ser mais pesado que a torre metálica, ajudava no funcionamento da fundação e melhorava nossa competitividade”, pontua.
Embora a montagem das torres de concreto seja mais demorada, sua maior durabilidade e menor custo de manutenção compensam esse desafio, tornando-as uma solução preferida para projetos de longo prazo.
Produção e Logística: superando barreiras
Durante a programação, o especialista explicou sobre a produção de torres de concreto, que precisou ser otimizada para atender à crescente demanda do setor. Azevedo destacou a importância de manter uma cadência de produção alinhada à montagem, um desafio que exige planejamento rigoroso:
“Produzimos 22 torres por semana, com o ideal sendo duas e meia por semana. A cadência de entrega está diretamente ligada à cadência de montagem”, reforça.
A logística, especialmente em regiões remotas, foi outro ponto crítico abordado. Embora o transporte de torres de concreto seja mais complexo do que o de torres metálicas, a instalação de fábricas próximas aos grandes projetos foi uma solução inovadora. “Conseguimos instalar fábricas dentro dos projetos, tornando o transporte um aliado”, comenta.
Dessa forma, os projetos têm redução nos custos logísticos e aceleram os cronogramas de entrega, garantindo maior eficiência operacional.
Energia Offshore: oportunidades únicas no Brasil
O Brasil apresenta condições excepcionais para a expansão da energia eólica offshore, especialmente em águas rasas, que estão presentes em diversas regiões do país e reduzem significativamente os custos de instalação. Sérgio Azevedo destacou que o país tem uma vantagem competitiva nesse segmento:
“A instalação de energia eólica offshore no Brasil é aproximadamente 40% mais barata do que em qualquer lugar do mundo”, relata.
Além disso, os ventos constantes e de alta qualidade nas regiões costeiras brasileiras garantem um fator de capacidade superior, posicionando o país como um dos líderes globais no setor. “Os parques eólicos offshore do Brasil serão, seguramente, os melhores do mundo”, destaca.
A combinação de condições naturais favoráveis e avanços tecnológicos coloca o Brasil em uma posição estratégica para liderar o mercado de energia renovável.
Inovação tecnológica e parcerias estratégicas
Como um dos temas centrais da palestra, a inovação também ganhou destaque com o relato sobre a parceria com o Senai, que resultou na construção de protótipos de torres de concreto utilizando tecnologia avançada. “Construímos dois protótipos usando tecnologia avançada próximo ao Porto do Rio Grande do Norte”, explica.
Uma das inovações mais relevantes foi a adoção de torres telescópicas, que permitem a produção e montagem de toda a fundação no continente, eliminando a necessidade de grandes rebocadores. “Produzimos toda a fundação no continente, sem necessidade de grandes rebocadores, o que otimiza o processo”, comemora. Além de reduzir os custos, esse formato de produção também aumenta a segurança e a eficiência das operações.
Outro destaque tecnlógico diz respeito ao controle de temperatura. Na realização dos projetos, esse tema foi apontado como um dos maiores desafios, especialmente em regiões de altas temperaturas, como o Nordeste brasileiro.
Azevedo destacou a importância de soluções inovadoras para mitigar esse problema e a solução apresentada foi o uso de nitrogênio líquido para resfriar os agregados, garantindo maior estabilidade no processo de concretagem: “Quando resfriamos o agregado com nitrogênio, conseguimos um processo muito mais estável e controlamos a temperatura máxima de forma eficiente.”
Embora a logística para o transporte de nitrogênio líquido em regiões remotas ainda seja um desafio, os resultados obtidos até agora são promissores, indicando um caminho viável para superar as limitações atuais.
O futuro da energia eólica no Brasil
Sérgio Azevedo encerrou sua apresentação com uma visão otimista sobre o futuro da energia eólica no país. Ele destacou que o Brasil tem todas as condições para se tornar uma referência global no setor, graças à combinação de recursos naturais abundantes e soluções tecnológicas inovadoras.
“O Brasil tem potencial para ser referência mundial em energia eólica offshore, com ventos de alta qualidade e soluções inovadoras em concreto”.
Além disso, ele enfatizou a importância de continuar investindo em pesquisa e desenvolvimento para enfrentar os desafios técnicos e logísticos, garantindo a sustentabilidade e a competitividade do setor a longo prazo.
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