A água e a umidade são as maiores vilãs de obras, especialmente a longo prazo. Dessa forma, a impermeabilização é importante não apenas para a qualidade do serviço, como também para a segurança do edifício. Segundo especialistas, a impermeabilização deveria ser pensada desde e o início do projeto, evitando problemas durante a construção e também manutenções caras e difíceis de realizar com o passar dos anos.
O painel “IBI Talks: A importância da Impermeabilização: Qualidade, Desempenho e Sustentabilidade na Impermeabilização”, que aconteceu durante o Concrete Show 2025, trouxe à tona o assunto. Quem moderou foi José Miguel Morgado, diretor geral na IBI Brasil, com participação de Thiago Vallotti, assistente técnico na IBI; Fabiola Rago Beltrame, diretora geral na IBELQ; José Mário Andrello, coordenador da Câmara dos Projetistas na IBI; Jorge Luiz de Aquino Lima, gerente de novos negócios na Viapol; e Robertinho Rodrigues, vice-coordenador da Câmara dos Aplicadores na IBI.
O painel contou com apoio do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI), entidade técnica e sem fins lucrativos, fundada em 1975, que reúne empresas fabricantes de materiais, projetistas, aplicadores, distribuidores e profissionais ligados ao setor de impermeabilização. Suas principais funções são promover a normalização; difundir conhecimento técnico; apoiar pesquisas e desenvolvimento tecnológico no setor; e representar o segmento de impermeabilização no Brasil.
Impermeabilização de qualidade
Antes de todos os painelistas subirem ao palco, Thiago Vallotti destacou os pontos mais importantes para garantir uma impermeabilização de qualidade. Enquanto a aplicação e a manutenção são apenas o básico, ocupando o topo da pirâmide, outros três níveis foram mostrados:
- Abaixo do topo, estão as qualidades dos materiais de impermeabilização e da execução da impermeabilização; tecnologia da impermeabilização; e custo da impermeabilização.
- Depois, um pouco mais impactantes, estão o projeto de impermeabilização e a escolha do sistema de impermeabilização compatível.
- O mais importante, porém, é a base da pirâmide, que consiste em projeto civil e arquitetônico; qualidade execução da construção; emprego de materiais de construção de qualidade; estabilidade estrutural e conhecimento climático da região; conhecimento das condições do solo; normalização; e controle de qualidade.
Essa seria a base da pirâmide que, sem tais especificações, o que está acima torna-se menor decisivo. “É necessário pensar na impermeabilização desde o projeto”, lembra Thiago.
Em um segundo momento, foi a vez de Fabiola Rago Beltrame, diretora geral na IBELQ, assumir o palco. Sigla para Instituto Beltrame da Qualidade, Pesquisa e Certificação, o IBELQ foi fundado em fevereiro de 2014 e é uma associação privada com atuação técnica e de certificação. Tem como objetivo impulsionar a pesquisa científica no Brasil, atuar como Organismo Certificador de Produtos (OCP) e Entidade Gestora Técnica (EGT) no âmbito do Programa Setorial da Qualidade (PSQ) e do PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat).
“Quando falamos de impermeabilização, não dá para não ter um projeto, não dá para não ter um boa execução. E se temos um produto que atende às normas, por que não vamos falar sobre isso?”, questiona a executiva.
“O fabricante vai utilizar o certificado em sua venda para, quando quiser vender a qualquer programa que tem financiamento, vai precisar mostrar que tem aprovação certificação. Em paralelo, quem está comprando precisa saber consultar. Então estamos tentando deixar isso de maneira mais visível. Hoje, o construtor vai pro site do IBI, porque vai ver todos os produtos certificados”, explica Fabiola.
Planejamento: impermeabilização desde o início do projeto
Por fim, se juntaram ao palco com Thiago e Fabíola, José Mário, Jorge Lima e Robertinho Rodrigues. A mesa concordou que a parte mais importante da impermeabilização é que seja incluída o quanto antes no plano do projeto.
“Os projetos de impermeabilidade são tão importantes quanto os demais. Precisa estar compatibilizado com outras disciplinas para que não tenha vazamento e umidade na obra, porque a água é o maior degradador de uma obra. Então vai garantir maior economia na obra e na vida útil da construção”, diz José Mario.
Robertinho completou ao falar sobre a importância de contratar uma empresa especializada em impermeabilização, visto que são os profissionais indicados para entregar o melhor desempenho para o cliente final.
Um assunto abordado foi sobre os “improvisos” na hora de impermeabilizar, com os profissionais conhecidos por “faz-tudo” realizando a impermeabilização da construção, que é de crucial importância para a vida útil da obra. Mais que isso, os painelistas ressaltaram que muitas vezes nem mesmo o engenheiro responsável tem esse conhecimento, e que a impermeabilidade é uma especialidade dentro da engenharia.
“É uma condição que encontramos no dia a dia. Fazemos o projeto, mas o pessoal vai sem ele para obra, contrata mão de obra que ‘faz tudo’ e então tem resultados deprimentes. Essa conscientização está se dando agora no mercado porque as construtoras estão entendendo que o custo de refazer está ficando muito caro. E a conscientização é levar a informação para os clientes e construtoras, já que não costumam aprender com os projetos e com os próprios erros. Mas é a médio e longo prazo para que todos passem a usar produtos para suas obras”, explica José Mario.
Fabiola lembrou também que são mais de 20 tipos disponíveis de produto e que, na pressa, muitos profissionais não se adequam ao mercado: “A construtora tem que entender que precisa contratar o especialista”.
Lima finalizou: “A Impermeabilização é uma especialização dentro da engenharia. O mercado não conhece os produtos de impermeabilização, isso precisa mudar e isso é um desafio no setor”.
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