A construção civil brasileira, assim como outros setores, está passando por uma transformação significativa impulsionada pela modernização da mão de obra e pela adoção de novas tecnologias.
Com a necessidade de atender a uma demanda crescente por infraestrutura, essa mudança se torna essencial para garantir eficiência, segurança e sustentabilidade nos projetos.
Neste cenário, a integração de inovações como a automação, a utilização de softwares de gerenciamento e a implementação de métodos construtivos modernos está redefinindo o perfil dos trabalhadores e as dinâmicas do setor.
Para falar sobre este tema, convidamos Bruno Luis Ferreira, bacharel em Ciências da Computação e atual diretor executivo da DevCoffee Business Solutions.
Ferreira, inclusive, esteve palestrando durante a Arena 120 Ideias no Concrete Show 2024. Agora, você confere uma extensão deste bate-papo também aqui!
Estado atual da mão de obra na construção civil brasileira
A mão de obra na construção civil brasileira, na visão de Ferreira, ainda é amplamente tradicional, caracterizada por processos manuais e uma grande resistência à adoção de novas tecnologias.
No entanto, segundo o entrevistado, a transição para o paradigma BANI – frágil, ansioso, não-linear e incompreensível – está fazendo com que as empresas percebam a necessidade de modernização para lidar com o cenário atual.
“A transformação digital e a gestão baseada em dados são essenciais para aumentar a agilidade e a resiliência”, ressalta Bruno Ferreira.
“Tecnologias como BIM e captura de dados via imagens e GPS estão sendo adotadas por empresas líderes, mas o acesso desigual à capacitação tecnológica e à inclusão digital dos colaboradores ainda retarda a modernização do setor”, observa.
Os desafios na qualificação e adaptação às novas tecnologias
O profissional destaca dois dos principais desafios que vêm sendo enfrentados pelos profissionais da construção civil: a necessidade de desenvolver uma mentalidade analítica e a familiarização com as novas ferramentas digitais.
“A digitalização exige que as pessoas entendam a importância dos dados e adotem uma abordagem colaborativa, rompendo silos organizacionais e promovendo a transparência”, explica.
“A inclusão digital é crucial, pois muitos trabalhadores ainda carecem de acesso e treinamento adequados. Além disso, a resistência à mudança, motivada pelo medo da automação, dificulta a adaptação, tornando a gestão de mudanças e o suporte contínuo fundamentais para a transição”, acrescenta.
Tecnologias de maior impacto na modernização da construção civil
Muitas tecnologias têm impactos significativos no setor da construção civil. Entre elas, Ferreira cita o BIM, a automação de processos, os sensores IoT, os sistemas inteligentes e os frameworks de gestão de indicadores.
“O BIM integra todos os aspectos de um projeto em um modelo digital, promovendo maior colaboração e transparência”, lembra.
“A automação de processos, com ferramentas como Scrum e Kanban, melhora o fluxo de trabalho e a gestão de metas, otimizando recursos. Já os sensores IoT e sistemas inteligentes permitem monitorar obras em tempo real, garantindo mais eficiência e segurança”.
“Além disso, os frameworks de gestão de indicadores, como OKRs, ajudam as empresas a alinhar metas estratégicas e operacionais, potencializando o uso de dados em tempo real”, complementa.
A relação entre os trabalhadores da construção civil e as novas tecnologias
Na opinião do especialista, essas novas tecnologias estão revolucionando a forma de trabalho na construção civil, tornando a gestão mais ágil e colaborativa.
“O uso de frameworks ágeis, como Scrum e Kanban, e a automação de processos transformam o planejamento e a execução de projetos, permitindo ajustes rápidos e eficientes”, considera.
A coleta e a análise de dados em tempo real, segundo Ferreira, aumentam a precisão e segurança nas obras, enquanto o BIM facilita uma visão integrada, promovendo maior eficiência e comunicação entre diferentes equipes.
Já a gestão multidimensional é capaz de “conectar pessoas, dados e tecnologia em um ciclo contínuo de melhoria”.
As habilidades e competências mais valorizadas em um cenário cada vez mais tecnológico
Para Ferreira, as soft skills estão ganhando destaque neste sentido, especialmente a capacidade de adaptação e aprendizado contínuo.
“Com a rápida evolução tecnológica, os profissionais precisam estar prontos para adquirir novas habilidades e se ajustarem a ferramentas dinâmicas. A comunicação e colaboração se tornam essenciais, já que o sucesso dos projetos depende da integração entre diferentes áreas e da quebra de silos”, analisa.
Ele também considera que a “alfabetização digital e analítica” é uma característica vital neste cenário.
“Mas o verdadeiro diferencial está na capacidade de interpretar e aplicar dados para resolver problemas de forma criativa e ágil, superando a relevância das hard skills tradicionais”, aponta.
Apoio das empresas na transição para um ambiente de trabalho mais digital e automatizado
Bruno Ferreira orienta que as empresas podem liderar essa transição investindo na capacitação contínua e promovendo uma cultura de aprendizado que coloque as pessoas no centro.
“A gestão data-driven não é apenas sobre tecnologia, mas sobre garantir que os colaboradores compreendam e apliquem dados de forma estratégica no dia a dia”, explica.
Logo, a liderança precisa fomentar essa mudança, incentivando a inclusão digital, promovendo a quebra de silos e garantindo a transparência de informações.
“Ao apoiar o desenvolvimento das pessoas, as empresas garantem uma transição suave e bem-sucedida para um ambiente de trabalho digital e automatizado”, conclui.
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