Nos últimos anos, as paredes de concreto deixaram de ser uma solução restrita a casas e edifícios de pequeno porte para se tornarem realidade também em construções verticalizadas. Com a atualização da norma técnica brasileira ABNT NBR 16055, publicada em 2022, o uso de paredes de concreto moldadas no local deixou de ser limitado a construções de pequeno porte.
Agora, essa solução estrutural ganha espaço também em projetos verticalizados, como edifícios altos e complexos. “Essa mudança abriu caminho para construções em que o céu é o limite”, afirma o engenheiro Otávio Pedreira, sócio-diretor do escritório Pedreira Topázio. Saiba mais a seguir!
Mais agilidade e precisão na verticalização
Pedreira foi um dos palestrantes do Congresso Construindo Conhecimento, que aconteceu durante o Concrete Show 2025, o maior evento da cadeia construtiva do concreto na América Latina. Otávio apresentou algumas das muitas vantagens das paredes de concreto em prédios altos, mas detalhou boas práticas para garantir qualidade estrutural, segurança e principalmente adequação à mão de obra, que está cada vez mais escassa no setor.
Segundo o engenheiro Otávio Pedreira, sócio-diretor da Pedreira Topázio, as paredes de concreto representam uma solução estrutural simples, o que contribui para maior rapidez na execução e redução do prazo de entrega. Ele explica que o sistema de formas é industrializado, dispensando o uso de vigas e utilizando concreto de alto desempenho, com baixo consumo de aço e rigor dimensional.
Pedreira destaca ainda que esse tipo de projeto está em sintonia com o sistema construtivo, o que reduz significativamente a necessidade de revestimentos. “Outra vantagem é que os grandes planos de laje oferecem flexibilidade arquitetônica”, afirma. Isso permite que o usuário final personalize os ambientes internos com divisórias em drywall, por exemplo.
Desafios no canteiro de obras
Com atuação em São Paulo e outros mercados estratégicos, a Pedreira Topázio alia experiência em projetos estruturais ao uso intensivo da tecnologia BIM (Building Information Modeling). A empresa é especializada em soluções como concreto armado, protendido, alvenaria estrutural e paredes de concreto, sempre com atenção à realidade dos canteiros de obra.
Otávio Pedreira ressalta que a escassez de mão de obra qualificada tem impactado diretamente a execução dos projetos. “Estamos vivendo um verdadeiro apagão”, afirma. Por isso, a equipe técnica mantém o hábito de visitar as obras para acompanhar como os projetos estão sendo aplicados no campo.
Segundo o engenheiro, há um dilema recorrente no sistema de paredes de concreto: a busca por produtividade muitas vezes entra em conflito com a necessidade de garantir qualidade. “É uma queixa comum entre os engenheiros. A qualidade acaba ficando de lado”, observa.
Ele explica que, em edificações de baixa altura, há maior tolerância para desvios e imperfeições, mas esse cenário muda quando se trata de construções verticalizadas, onde o risco é significativamente maior.
Pedreira também defende que o sistema de paredes de concreto não deve ser visto como exclusivo do segmento econômico. Para ele, a industrialização pode consolidar esse modelo como uma solução de alta performance para empreendimentos residenciais de diferentes padrões.
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