O Brasil tem se colocado definitivamente como pioneiro na pavimentação de vias públicas com concreto entre os países em desenvolvimento, e a cidade de Piracicaba, no interior de São Paulo, é referência nacional nesse quesito. O município já entregou 45 quilômetros de ruas e avenidas utilizando o Pavimento Urbano de Concreto, o PUC, técnica que garante maior durabilidade e segurança e que é muito comum em projetos nos Estados Unidos e Europa, mas também já está sendo utilizado na Argentina e Chile.
Além de oferecer maior resistência ao desgaste causado pelo tráfego intenso, o PUC contribui para a diminuição de custos de manutenção, sendo especialmente eficaz em regiões com climas extremos, como o interior paulista, onde variações de temperatura e precipitação podem comprometer a integridade do asfalto convencional.
Mas esse foi apenas o começo para Piracicaba, que planeja reformar 258 quilômetros de vias urbanas com PUC, e por isso representantes da Secretaria de Mobilidade Urbana da cidade apresentaram o andamento do projeto no 3º Congresso ABESC de Pavimento Urbano de Concreto (PUC), durante o Concrete Show 2024, principal evento de inovações e soluções para o mercado da construção da América Latina, realizado neste mês de agosto na capital paulista.
Segundo o engenheiro civil Evandro Sotto, se considerarmos as extensas fases iniciais do projeto, Piracicaba já está com 70% da revitalização de vias concluída. “Um projeto desse porte deve sempre incluir ações mitigadoras, incluindo dar informações claras para a população, facilitando o tráfego nas áreas de obra. Além disso, realizamos ensaios de densidade na base, ensaios de umidade, de resistência à compressão e de incorporação de cimento”, explicou o especialista.
O uso de materiais reciclados no PUC
Outro aspecto relevante para a pavimentação de vias públicas com concreto é o impacto ambiental reduzido. O PUC, além de ser mais durável, permite a utilização de materiais reciclados em sua composição, como resíduos de construção e demolição - e foi exatamente essa a prática adotada por Piracicaba, como explicou o engenheiro civil da Secretaria de Mobilidade Urbana da cidade.
“Usamos um método de reciclagem da base, trabalhando com material asfáltico junto com o solo e fazendo um acréscimo de 4% de cimento para que a base fique pronta para receber o PUC. Basicamente, o processo leva um dia para a reciclagem e dois dias de cura da base. Após três dias já pudemos liberar o tráfego leve, e em cinco dias os veículos pesados”, completou Evandro Sotto.
Piracicaba tem cerca de 400 mil habitantes e vem se destacando não apenas no setor de pavimentação, mas também como um pólo de competitividade industrial. A cidade ocupa a 21ª posição no ranking nacional desse quesito, e recebeu nos últimos dois anos mais de 5 bilhões de reais em investimentos diretos em plantas industriais, de acordo com a secretária de Mobilidade Urbana, Trânsito e Transportes do município.
Durante o Concrete Show, Jane Franco explicou como a experiência de Piracicaba pode servir de exemplo para outras cidades brasileiras que enfrentam desafios similares na urbanização e na manutenção de suas infraestruturas viárias.
“Foram mais de 250 km de recapeamento de vias nesta gestão, algo necessário considerando que temos uma das maiores frotas do estado de São Paulo, com 350 mil veículos cadastrados. Isso sem contar a frota de veículos utilitários e caminhões que abastecem a região, já que Piracicaba é cruzada por diversas rodovias, e tem outros 24 municípios integrados na região metropolitana. Com essa iniciativa, conseguimos mostrar que o nosso país pode ter pavimentos de qualidade assim como as nações desenvolvidas”, afirmou a secretária Jane Franco.