Estádios, prédios e pontes passarão a ter sua “saúde” monitorada, e os engenheiros serão como os “clínicos gerais” avaliando em tempo real indicadores sobre essas estruturas. Essa é a proposta do SHM, da sigla em inglês Structural Health Monitoring, que significa algo como Monitoramento de Saúde Estrutural.

Trata-se de uma tecnologia desenvolvida na China e que vem ganhando espaço na construção civil brasileira, podendo mudar a forma como manutenções em grandes obras são realizadas no país.

Durante o Concrete Show 2025, o engenheiro Aécio Lira, que também é professor da Universidade Federal de Minas Gerais e da Michigan State University, nos EUA, explicou que o SMH realiza a coleta de dados em tempo real sobre deformações, vibrações e cargas, criado uma espécie de check-up permanente das construções e identificando riscos antes que eles se transformem em acidentes.

O especialista explica que diversas obras civis como estádios, pontes e viadutos não são monitoradas, mesmo que sejam infraestrutura de interesse público. Durante o painel ele explicou que, apesar das inspeções realizadas para manutenção esporádica, é fundamental monitorar durante os sete dias da semana, assim como em experiências internacionais: “Esse processo começou há mais ou menos 10 anos na China, depois foi adotado pelo Canadá e Itália, e eu acompanhei de perto os estudos nesses países por interesse pessoal, com a ideia de trazer isso para cá”, afirmou o professor.

“O engenheiro vai se tornar um clínico geral, extraindo resultados a cada duas horas, como se fosse um exame de sangue com indicadores sobre a saúde da obra. É como se fôssemos sair do telefone fixo e evoluir para o celular. As obras civis passarão a ter voz”, concluiu.

Aplicações imediatas do SHM e impacto no setor

Na prática, o SHM tem potencial para mudar a forma como os gestores públicos e privados lidam com a infraestrutura nacional. Equipamentos industriais de alto custo, por exemplo, que geram vibrações e estão sujeitos a falhas, podem ser monitorados continuamente, evitando paralisações inesperadas.

O mesmo raciocínio vale para pontes, viadutos e grandes obras de arte, cuja manutenção preventiva se torna mais previsível e eficiente com sensores integrados a sistemas de análise remota.

“Equipamentos que causam vibração e poderiam gerar danos, desconforto ou problemas no processo industrial são de alto custo, e por isso não podem parar. Eles precisam ser segurados e ter manutenção preventiva, e muitas vezes é a própria seguradora quem exige esse controle. Monitoramos de forma remota, contínua, ininterrupta. Essa é a tendência para os próximos três a cinco anos, garantindo confiabilidade, conhecimento e produtividade das estruturas. É possível começar agora: já temos as empresas de telecomunicação, os fabricantes de sensores e os sistemas, é só implementar”, finalizou Aécio Lira.

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