Revitalizar o passado para construir o futuro. Essa é a proposta do retrofit, uma prática que alia preservação arquitetônica, inovação tecnológica e sustentabilidade. Em um cenário pressionado pela necessidade de requalificação dos espaços, o retrofit surge como uma solução inteligente para prolongar a vida útil dos edifícios, reduzir o impacto ambiental e transformar cidades sem apagar a história.
Muito além de uma simples reforma, o retrofit envolve uma reconfiguração completa das edificações, adaptando-as às demandas contemporâneas de conforto, acessibilidade, eficiência energética e uso social. Neste artigo, com a ajuda de Pedro Collet Bruna, sócio-arquiteto do escritório Paulo Bruna Arquitetos Associados, exploraremos mais sobre o assunto. Acompanhe!
Demolição versus reconstrução: como avaliar?
De acordo com Pedro Collet Bruna, a primeira avaliação a ser feita deve ser do estado da estrutura do edifício, seguida de um parecer técnico.
“Um bom indício são trincas e patologias visíveis, mas um laudo técnico deve ser elaborado”, orienta.
A segunda avaliação, segundo o especialista, deve ser do uso proposto. “Devemos entender as cargas nas lajes previstas em norma”, explica.
Exemplos mais emblemáticos de retrofit bem-sucedidos em cidades brasileiras
Conforme Collet, os museus são sempre ótimos exemplos do uso de retrofit na construção brasileira. Ele cita, inclusive, três exemplos: a Pinacoteca, o Sesc Pompeia e o Teatro Cultura Artística, todos localizados em São Paulo.
“Já para edifícios de escritório, temos a sede da prefeitura de São Paulo e o Edifício Martinelli, muito frequentado pelos arquitetos”, exemplifica.
“Eu também gosto muito da intervenção do Paulo Mendes e Eduardo Colonelli para uma capela em Recife”, acrescenta.
Os retrofits, segundo ele, também servem para habilitação coletiva.
“A prefeitura de São Paulo concluiu alguns retrofits para habitação coletiva em edifícios abandonados, dentre eles o Edifício Riachuelo, projeto elaborado pelo escritório”, cita.
Tecnologias mais inovadoras aplicadas em projetos de retrofit no Brasil e no mundo
Na opinião de Pedro Bruna, a tecnologia evoluiu muito, possibilitando reformas ousadas. “É o caso do escritório Lacaton & Vassal no projeto Transformation de la Tour Bois le Prête – Paris 17 – Druot, onde foi cortada a fachada antiga e acrescentado um terraço e áreas novas, reorganizando todo o apartamento”, conta.
“Outra reforma impressionante foi o restauro da Capela Centenária Santa Luzia na Cidade Matarazzo, que teve oito subsolos construídos abaixo das fundações. Todo o complexo é um excelente exemplo de revitalização e retrofit”, completa.
A contribuição do retrofit para a redução da pegada de carbono nas cidades
Segundo o arquiteto, os benefícios do adensamento populacional contra os modelos urbanísticos de casas isoladas já são conhecidos e comprovados.
“Tanto para a pegada de carbono decorrente do transporte quanto pelo melhor aproveitamento das infraestruturas urbanas”, afirma.
Papel do retrofit na construção das cidades inteligentes e resilientes do futuro
Para falar sobre o papel do retrofit na construção das cidades inteligentes, Pedro Collet Bruna traz como exemplo a cidade de São Paulo.
O especialista a considera “historicamente muito jovem comparada a cidades europeias”, mesmo tendo quase cinco séculos de fundação (completou 471 anos em 2025).
“Já temos um centro histórico desvalorizado, com ruas largas, edifícios de excelente arquitetura e uma infraestrutura urbana completa”, observa.
“As cidades inteligentes vão saber requalificar estas áreas com novos conceitos de sustentabilidade e tecnologia. Espero ver São Paulo resiliente e nosso centro sobrevivendo e se requalificando por meio de bons exemplos de retrofit”, finaliza.
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