A construção civil é um dos setores que mais contribuem para o aumento das emissões de carbono no mundo. Segundo estudos internacionais, o segmento é responsável por cerca de 9% das emissões globais, sendo que apenas as estruturas de concreto armado podem representar entre 50% e 80% das emissões totais de uma edificação.
Esses dados ganham ainda mais relevância diante do cenário climático atual. Pesquisas apontam que os gases de efeito estufa estão diretamente ligados ao aumento da temperatura média da Terra, que recentemente ultrapassou pela primeira vez a marca de 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais.
A urgência da descarbonização na construção
Durante o Congresso Construindo Conhecimento, realizado no Concrete Show 2025, o engenheiro Gustavo Bahia, sócio da França e Associados, trouxe à tona a necessidade de repensar as estruturas da construção civil sob a ótica da sustentabilidade.
O especialista apresentou um estudo baseado em sete tipologias de edificações, analisadas por meio da metodologia LCA (Life Cycle Assessment), ou Avaliação do Ciclo de Vida. A pesquisa revelou que diferentes combinações entre vigas, vãos, pilares e lajes podem resultar em soluções mais sustentáveis, sem comprometer os custos ou a execução da obra.
Segundo Bahia, a indústria da construção precisa adotar o conceito de desmaterialização, que consiste em reduzir o uso de materiais nas obras e priorizar insumos ecoeficientes, com menor emissão de carbono já na fase de produção.
Eficiência estrutural e viabilidade econômica
Um dos mitos enfrentados pelo setor é a ideia de que reduzir emissões implica em custos elevados. No entanto, conforme demonstrado no estudo da França e Associados, é possível conciliar eficiência estrutural com menor impacto ambiental. A otimização do projeto estrutural pode, inclusive, gerar economia para a construtora.
O problema do excesso de vigas nas obras
Durante o Concrete Show 2025, foram apresentadas soluções estruturais que aliam sustentabilidade e eficiência econômica. Entre os destaques, está o uso de ferramentas baseadas em BIM (Building Information Modeling), tecnologia que permite otimizar o consumo de concreto e vigas nas obras. Essa abordagem contribui diretamente para a redução de emissões de carbono e para a diminuição dos custos operacionais, reforçando o papel da inovação na construção civil voltada para metas climáticas.
Gustavo Bahia destacou que estruturas com maior consumo de carbono tendem a ser mais caras, pois utilizam mais material e demandam mais mão de obra. Em regiões como São Paulo, onde o custo é calculado por metro cúbico de concreto, esse excesso pode representar uma cobrança duplicada. Ele também ressaltou que a escolha estrutural deve considerar aspectos como segurança dos trabalhadores, construtibilidade e conforto do usuário final.
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