Como ainda não há normas técnicas que regulem o uso de impressoras 3D na construção civil, é difícil prever todas as possibilidades dessa tecnologia na construção de casas, prédios comerciais ou mesmo obras de infraestrutura nas cidades. Mas isso pode ser uma coisa boa.
Foi isso que afirmou o professor Rafael Pileggi, do departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), em participação no Congresso Construindo Conhecimento, o ciclo de debates do Concrete Show 2024, principal evento da América Latina para profissionais e empresas da cadeia construtiva.
“O desafio agora é normatizar, e há instituições no mundo todo discutindo isso, mas ainda sem nenhuma norma publicada. Atualmente, cada projeto deve buscar a sua certificação técnica específica, de acordo com as regras de cada país. Como a tecnologia ainda é volátil, criar uma norma agora amarraria o desenvolvimento das impressoras em uma única direção, o que não seria adequado”, explicou o professor.
Inovações com impressão em 3D não param de surgir
Mas a falta de normas específicas para o Brasil não significa que a tecnologia esteja parada. Sem uma regulamentação rígida, o campo está aberto para que diferentes empresas e centros de pesquisa testem novas abordagens e desenvolvam soluções customizadas. Isso facilita, por exemplo, a criação de materiais alternativos ao concreto tradicional, incluindo misturas mais leves e sustentáveis, que podem ser impressas com precisão milimétrica.
O painel “Impressão 3D: Tecnologia Disruptiva e Perspectivas para o Brasil” foi mediado por Everton Coelho, pesquisador do Instituto SENAI de Inovação em Manufatura e Microfabricação, e também contou com uma apresentação do gerente regional da Sika para a América Latina, Manfredo Belohub, que pediu união do setor de construção civil no Brasil para fazer uma aposta na impressão 3D como solução para empreendimentos mais sustentáveis.
“Precisamos de uma tecnologia disruptiva para a construção civil, que até teve avanços na mecanização nas últimas décadas, mas muito pequena se comparada ao agronegócio ou a indústria automobilística. O setor de iluminação, por exemplo, não teria evoluído tanto se continuasse investindo na vela, em vez da lâmpada”, garantiu o executivo.
Necessidade de reduzir custos da tecnologia
No entanto, a regulamentação é apenas uma peça do quebra-cabeça. A cultura da construção civil no Brasil ainda é dependente de métodos convencionais, e muitas construtoras estão cautelosas em abandonar processos que consideram seguros e conhecidos.
Segundo Roberto Otto Griese Junior, gerente geral da m-tec Brasil e outro debatedor do painel no Concrete Show 2024, existem muitas vantagens financeiras da impressão de concreto em 3D para uma obra. Segundo ele, alguns equipamentos podem assustar pelo valor, mas nos dias de hoje já existem opções para empresas de pequeno e médio porte.
“Podemos garantir que a tecnologia é acessível do ponto de vista de custo. Hoje já existem impressoras para todo tipo e gosto. São como carros: existem os modelos mais simples e os mais modernos, além de diferentes combinações de sistemas de bombeamento. Seja para pesquisa em universidades, para uma construtora de médio porte ou uma grande empreiteira, é possível encaixar no orçamento”, afirmou o especialista.
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