Insumos básicos para o desenvolvimento do país, o cimento e o concreto estão no centro da discussão sobre sustentabilidade na construção civil, e empresas privadas estão se aliando ao Governo Federal para estabelecer metas de redução da pegada de carbono em obras de infraestrutura e habitação.

No Concrete Show 2024, principal evento de inovações e soluções para o mercado da construção da América Latina, realizado neste mês de agosto em São Paulo, o presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon) recebeu especialistas do setor para entender como estamos posicionados nas tentativas globais de tornar o mercado do concreto mais sustentável.

Segundo Julio Timerman, que mediou o painel “Inovações e Sustentabilidade na Indústria Cimenteira” do Seminário Ibracon, o principal desafio do poder público é frear a construção de habitações irregulares.

“As concreteiras e cimenteiras estão fazendo a lição de casa, mas a fatia de concreto aplicado responde por apenas 25% de todo o consumo do material no Brasil, anualmente, e o pré-moldado apenas 5%. O grande problema é a autoconstrução, que usa o concreto ensacado. 70% do uso de concreto ainda é ‘formiguinha’. Isso gera desperdício e falta sustentabilidade em todo o processo. Nós precisamos industrializar, sair da informalidade, e cabe ao governo definir políticas habitacionais. Temos concreto de alto desempenho, temos aditivos de qualidade, mas não temos redução efetiva na emissão de gases por conta disso”, afirmou o presidente do Ibracon.

Setor de aditivos e poder público podem contribuir

O gerente de Novos Negócios da empresa Cimento Apodi, Mario Guilge, complementou citando ações do governo brasileiro para regular o nível de emissão de gases do efeito estufa no setor.

“A nossa empresa atua junto ao Comitê Nacional de Meio Ambiente, onde se discutem metas setoriais para a redução da emissão de gases do efeito estufa. Dentro disso há a Lei do Clima, lançada pelo Governo Federal este ano, com cada setor fazendo as suas propostas para estabelecer padrões atingíveis, pensando na redução da pegada de carbono, mas sem prejudicar o crescimento do país, até porque isso impacta o principal programa social do governo, que é o ‘Minha Casa, Minha Vida’. Teremos em breve a Lei de Taxação de Carbono, que já está no Senado Federal e deverá ser aprovada durante a COP 30, em 2025 no Brasil”, disse Mario Guilge.

Ana Andrade, diretora técnica da Aditibras, também participou do debate e destacou como os aditivos para cimento e concreto podem contribuir para a sustentabilidade de uma obra. Esses produtos, como plastificantes e redutores de água, permitem melhorar as propriedades mecânicas do concreto com menos material, diminuindo o consumo de cimento – um dos maiores responsáveis pela emissão de CO² na indústria.

Como a Inteligência Artificial pode ajudar?

Já José Abreu, gerente de Inovação e Desenvolvimento de Produtos da CSN Cimentos Brasil, explicou que a predição de resultados com Inteligência Artificial tem se mostrado uma ferramenta poderosa no caminho para a sustentabilidade da construção civil. Com o uso de algoritmos avançados e análise de grandes volumes de dados, é possível prever o comportamento de materiais como o concreto em diversas condições climáticas e de carga, otimizando a dosagem de insumos e reduzindo o desperdício.

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