Você já deve ter observado, com uma simples reforma em casa, que a quantidade de resíduos da construção civil é muito grande. Agora, imagine a quantidade em uma obra com proporções maiores, por exemplo. Certamente é gigantesca, concorda?
Por isso, as empresas precisam ter atenção com esses detalhes. Afinal, além da preocupação com a geração mínima desses resíduos, é preciso se preocupar com a destinação correta e reciclagem.
Para falar um pouco mais sobre o assunto, entrevistamos dois especialistas nessa temática: a gestora ambiental do Grupo Toctao em Goiânia, Cinthia Martins, e o presidente da Green Mining, Rodrigo Oliveira. Vamos conferir a matéria completa? Continue conosco!
Veja o que é e como funciona a gestão de resíduos sólidos na construção civil
A gestão de resíduos sólidos na construção civil é um conceito muito simples: “É um conjunto de ações desenvolvidas para estabelecer critérios para que os resíduos sejam manejados adequadamente, incentivando a redução da geração e o reuso, assim como a correta destinação final”, explica Cinthia Martins.
Dessa maneira, é extremamente importante que as empresas compreendam a importância desses processos. Afinal, sabemos que a preservação ambiental é um dos principais desafios para todas as empresas, em especial, para a construção civil.
De acordo com Rodrigo Oliveira, “A construção civil é um segmento que representa cerca de 50% de todo o resíduo gerado em um município. Sendo que, 90% deles poderiam ser reaproveitados”.
Nesse sentido, para promover uma boa gestão de resíduos, Cinthia explica que é preciso ter atenção com a tomada de decisão e o envolvimento de todos na execução de uma obra — desde a elaboração dos projetos até a entrega ao cliente.
Rodrigo complementa: “É necessário ter um bom planejamento para uma gestão eficaz. Assim, é possível elaborar um processo de segregação que facilite a triagem para a reciclagem ou o descarte posterior”.
Entenda o que a legislação nacional diz sobre a gestão de resíduos na construção civil
Com relação à gestão de resíduos na construção civil, existem diversas legislações ambientais. Confira quais são as principais.
Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)
A resolução estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Ela visa organizar os resíduos sólidos da construção civil em quatro classes em função da sua composição. Além disso, orienta qual é a destinação específica que cada material deve receber, além do perigo que cada um representa.
Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010
A lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos.
- Além dessas duas leis principais, cada empresa precisa conferir quais são as normas complementares de âmbito estadual e municipal.
Saiba como é possível fazer uma gestão de resíduos mais sustentável e eficiente
Cinthia destaca que, para promover uma boa gestão de resíduos na construção civil e apostar em práticas sustentáveis, a não geração de resíduos deve ser vista como prioridade para as empresas. “Assim os esforços devem ser concentrados na fase de projeto, compatibilização e racionalização, buscando evitar o desperdício de materiais”, observa.
A gestora ambiental também reforça que é necessário ter um ótimo planejamento de obras para a aquisição de materiais, logística de canteiro, uso de novas tecnologias construtivas e bons procedimentos de execução de serviço.
Além disso, é importante ter uma equipe altamente qualificada e treinada e que realmente esteja comprometida para evitar o desperdício.
Ela dá uma dica importante: “Uma vez gerado o resíduo, faça a adequada coleta seletiva, procurando reaproveitá-lo dentro do canteiro de obras e promovendo a destinação final adequada — sempre evitando o envio desses resíduos para aterros sanitários”.
Rodrigo complementa que as empresas podem elaborar alternativas inteligentes, além da reciclagem e do reaproveitamento dos materiais. Por exemplo, é possível incentivar a logística reversa, visto que ela soluciona problemas relacionados ao descarte de embalagens no pós-consumo.
Para o presidente da Green Mining: “incentivar a devolução de embalagens pós-consumo no mercado da construção civil através de soluções integradas entre comerciantes e fabricantes é o caminho para uma agenda de negócios sustentáveis e de impacto”.
Veja como as novas tecnologias contribuem com a gestão de resíduos na construção civil
A tecnologia é uma grande aliada na geração de resíduos e do meio ambiente. Rodrigo conta que eles usam a tecnologia na Green Mining para promover ações de coleta e reciclagem de materiais pós-consumo.
“Por meio de um sistema inteligente de logística reversa, que utiliza tecnologia blockchain, identificamos os locais de maior geração de resíduos pós-consumo. A tecnologia permite obter informações, em tempo real, de cada etapa do processo com registro fotográfico, data e local da coleta, quilos e a destinação dos recicláveis”, ele explica.
Cinthia complementa que a tecnologia contribui muito para a melhoria dos processos. No entanto, ela reforça a ideia de evitar ao máximo a geração de resíduos. “Todo gestor deve ter em mente que os esforços devem estar concentrados na não geração dos resíduos, para que não seja necessário o tratamento”.
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