Com quase 15 anos dedicados ao setor de eventos, sendo cinco anos deles na Informa Markets, organizadora do Concrete Show, Luciele Rosa é, desde 2020, a show manager responsável por liderar a equipe do evento. Este ano, ela tem a missão de realizar a 13ª edição do evento, que acontece de 31 de agosto a 2 de setembro, em São Paulo, e superar o resultado da primeira experiência digital do Concrete Show que aconteceu no ano passado. 

O desafio para 2021, segundo Luciele, será colocar em prática as estratégias que estão sendo pensadas e que abordam a questão do customer experience. Como consequência da pandemia da Covid-19, a constante evolução em curso no setor de eventos foi elevada à máxima potência, exigindo dos organizadores soluções inovadoras para enriquecer a vivência do visitante. “É imprescindível agregar real valor à experiência do público de feiras de negócios. Esta é nossa prioridade número 1”, revela a show manager.  

No que diz respeito ao mercado de construção, Luciele tem motivos para estar ‘cautelosamente’ otimista com as perspectivas. De acordo com projeções da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em 2021 o setor de construção civil deverá incrementar 4% no PIB, o que seria o maior crescimento do setor desde 2013 (4,5%). No entanto, a preocupação para este ano é com as altas de preços de insumos e o risco de escassez de matéria-prima.

 

A indústria do cimento também registrou um início de ano com desempenho favorável. As vendas do insumo no Brasil, em janeiro, totalizaram pouco mais de 5 milhões de toneladas, um crescimento de 10,5% em relação ao mesmo mês de 2020, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC).

 

Neste cenário, Luciele explica que a preparação para o Concrete Show 2021 já começou e que o evento deve ser reformulado para adaptar-se à realidade do setor e chegar mais próximo da comunidade, o que envolve expositores, fornecedores, parceiros e o público visitante. No lançamento da série “Mulheres na Construção”, que se estende ao longo do mês de março, a show manager conta um pouco da sua história, expectativas para o ano no mercado de eventos e o desafio de comandar uma feira para o setor de construção e a cadeia de cimento e concreto. “A jornada da mulher é sempre mais desafiadora no setor da construção, já que ainda é um ambiente predominantemente masculino”. 

– Sua primeira graduação foi em Direito, uma área de atuação distinta da atual. O que a levou para o mercado de eventos em particular?

Ainda estava cursando Direito quando percebi que não me identificava com a prática. Gosto do contato com as pessoas e da diversidade de assuntos. Então, logo após a conclusão do curso, decidi fazer uma especialização na École Hôtelière de Lausanne, uma instituição de ensino voltada à hospitalidade e hotelaria na Suíça, e finalmente encontrei um rumo profissional. Passei seis anos na Suíça, dois anos para concluir o curso de especialização e outros quatro anos entre o estágio para validação do meu diploma e o trabalho em uma empresa de eventos. 

Por que voltou para o Brasil? E como entrou no setor de feiras de negócios?

Voltei pela vontade de ficar mais próxima da minha família, que é de Goiânia (GO). Neste retorno fiquei interessada pelo mundo de eventos corporativos e feiras de negócios e busquei uma colocação em São Paulo (SP). Trabalhei em outras duas empresas de eventos – a KLA e a Reed Exhibitions Alcântara Machado – antes de ser contratada pela Informa Markets, onde estou desde 2016. 

São quase 15 anos de experiência aqui no Brasil, com passagem em eventos de diferentes segmentos econômicos e industriais e posso dizer que encontrei o que me faz feliz profissionalmente, porque sempre gostei de trabalhar em equipe e tenho a capacidade de me relacionar muito bem com pessoas de diferentes setores, o que é uma vantagem na posição em que estou hoje, de show manager. Não há satisfação maior que entregar um evento, superar as expectativas de expositores e de visitantes. 

– O setor de eventos foi um dos fortemente impactados em função da nova realidade imposta pela pandemia da Covid-19. Como você percebe este momento e como serão os eventos de negócios no futuro próximo?

Os eventos estão em constante evolução, portanto, cada edição exige que o todo seja repensado com um olhar cuidadoso para garantir uma prestação de serviço de excelência. A pandemia da Covid-19 nos obrigou a identificar novos formatos para a realização dos eventos, o que gerou uma série de dúvidas que ainda estão sendo respondidas. Uma destas questões é encontrar a receita para oferecer e equilibrar os diferentes aspectos de interesse que atraem o público das feiras de negócios.   

Acredito que o modelo híbrido veio para ficar nos próximos anos e, neste sentido, percebemos que um fator decisivo é o customer experience, ou seja, a experiência do cliente. O público que participa de feiras de negócios está em busca de eventos que possam agregar real valor à sua marca e/ou à carreira profissional, independente se a participação será apenas por meio online ou presencial. A tecnologia é uma aliada para proporcionar conteúdo de qualidade, mas o networking presencial, do aperto de mão, ainda é insubstituível, o que é um desafio, em particular nos países latinos, que tradicionalmente são ávidos para encontros em pessoa.

Então, garantir que aquela pessoa que preferiu não participar presencialmente sinta-se parte e vivencie o evento será, sem dúvida, o grande desafio.      

– O seu novo desafio é de show manager do Concrete Show 2021. Qual a expectativa para a esta edição? Como você vê o setor e os players do mercado de construção?

O meu papel como show manager será  – junto com a minha equipe – reformular o Concrete Show e renovar as parcerias com os players do mercado. A nossa intenção é adaptá-lo para que o evento acompanhe a realidade imposta pela pandemia da Covid-19 e explore mais o potencial de oferecer uma capacitação profissional qualificada e alinhada com as inovações apresentadas pelo mercado. Outro ponto importante é a ampliação da área externa de exposição, um aspecto que, por vários anos, demonstrou a grande relevância do evento na América Latina. 

Um bom sinal para a realização do evento neste ano é o fato que o setor da construção e a indústria de insumos se manteve ativa e aquecida durante toda a pandemia por ser considerada um serviço essencial. Para nos ajudar a pensar em um evento que seja bem sucedido, nosso primeiro passo é ouvir a comunidade da construção para estabelecer novas parcerias e reafirmar os relacionamentos já tradicionais. Acredito que para construir o Concrete Show, será fundamental a participação atuante do nosso público visitante, fornecedores, parceiros e expositores.  

Para finalizar, já que estamos no mês da mulher, qual o seu conselho para as mulheres que estão iniciando no mercado profissional e almejam uma posição de liderança?

Acho importante — e isto independe de gênero — ter clareza nos objetivos que se quer alcançar, ter disciplina e, quando chegar o momento, não ter medo na tomada de decisões, pois os erros são parte da prática de qualquer projeto e servem ao propósito de aprendizado. Uma dica é encontrar uma forma de aliviar o estresse do dia. O meu é o exercício físico, que gosto de praticar todos os dias pela manhã. Acho que devemos pensar sempre em ‘aproveitar bem o tempo e fazer dos momentos grandes acontecimentos’.