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Terceiro dia de Construindo Conhecimento

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Evento ofereceu mais de 90 horas de conteúdo, com a participação de 150 palestrantes do Brasil e de outros países

Antecipando as projeções

Em participação no Seminário da ALEC (Associação Brasileira dos Locadores de Equipamentos e Bens Móveis), a economista economista do Sinduscon/MG e da CBIC, Ieda Maria Pereira Vasconcelos, apresentou uma análise econômica e definiu perspectivas e tendências para o setor da construção civil para o terceiro trimestre do ano. 

Segundo ela, o ritmo da economia brasileira puxado pelos resultados do setor agropecuário ainda demorará para impactar a construção civil. “O que fez o PIB do Brasil crescer quase 2% no primeiro trimestre foi o desempenho positivo do agronegócio, que cresceu mais de 21%, com recordes de safra e, também, da pecuária. Esse desempenho recorde puxa outros setores, como o de transportes, mas ainda não tracionou a construção”, avaliou.

No âmbito nacional, a economista disse que a expectativa geral é de otimismo, com resultados finais para o PIB (Produto Interno Bruto) na casa dos 2,6%, segundo previsões do FMI (Fundo Monetário Internacional), que vê com bons olhos o encaminhamento da reforma tributária, o fim do ciclo de alta nos juros, controle inflacionário, e a modernização do arcabouço fiscal. “Este cenário deve ter efeito positivo no desempenho da construção civil, mas apenas no final do ano porque o setor vem de retração. Neste mercado, o comportamento da atividade teve o seguinte movimento: cresceu 10% em 2021, 6,9% em 2022, mas em 2023 apresentou queda de 0,8% no primeiro trimestre”, explicou.

“A pesquisa setorial da CNI com 600 empresários do setor indicou que o nível de atividade era bem menor na comparação com o ano passado, isso porque o setor aguardava alterações no programa Minha Casa Minha Vida, que só aconteceram em julho deste ano. O reflexo destas modificações deve acontecer apenas no quarto trimestre de 2023. Além disso, o fim do ciclo de alta na taxa de juros, que impactou negativamente no desempenho do setor no ano passado, deve demorar para ser percebido no mercado da construção e na dinâmica dos consumidores. Entretanto, mesmo com este desempenho negativo, a expectativa é otimista em função das mudanças recentes que também impactam o crescimento da economia em geral”, avaliou.

Tendências em novas tecnologias e materiais para construção  

Direto do World of Concrete (WoC), o Congresso ‘Construindo Conhecimento’ recebeu o Editor at Large do evento, Rick Yelton, para falar sobre as inovações em tecnologias para construção e novos tipos de concretos que são tendências no mercado norte-americano. O WoC é um evento considerado uma das principais referências da indústria da construção mundial, realizado há cinco décadas na cidade de Las Vegas (EUA) pela Informa Markets, mesma organizadora do Concrete Show. 

A digitalização na construção civil é uma realidade que pode ser comprovada nas novas tecnologias que estão contribuindo para a transformação da construção civil. Yelton citou vários exemplos de produtos e técnicas que já são aplicados nos canteiros de obra nos Estados Unidos. Entre eles, o uso de Inteligência Artificial para o monitoramento de todos os estágios de um projeto de construção, além da manufatura aditiva com o surgimento de muitas tecnologias novas de impressão 3D em concreto e de drones para a vistoria in loco de estruturas. 

“Uma novidade que está fazendo a diferença para o controle da maturidade do concreto é um sensor que faz a medição da temperatura do produto em tempo real. Isso evita, por exemplo, o uso em excesso ou desperdício de cimento Portland. Há registros de construtoras nos Estados Unidos que conseguiram reduzir em até 12% o uso do insumo”, disse Yelton.  

Em relação a ativos para o concreto, Yelton destacou que a nanotecnologia é um exemplo de tendência utilizada na construção civil para aumentar a performance e o ciclo de vida do material. “Os nanotubos de carbono (tipo de fibra) adicionados ao cimento propiciam um concreto com resistência mais elevada e flexível, o que é ideal para pavimentos”, explicou o Editor at Large do WoC.

Ele também falou sobre a criação de novos materiais inspirados na natureza. A startup norte-americana Prometheus pesquisa o bioconcreto, que utiliza bactérias em sua composição capazes de regenerarem. O bioconcreto foi inspirado em organismos como corais e conchas do oceano, ao combinar microalgas com outros elementos naturais para formar um concreto zero carbono.  

Neste sentido, outra palestra de destaque foi do professor Sri Sritharan, doutor em Engenharia de Estruturas pela Universidade da Califórnia - San Diego e professor titular da Iowa State University, que compareceu ao evento para falar sobre os benefícios do uso do UHPC (Ultra High Performance Concrete). O painel integrou a programação do seminário "A industrialização da construção em concreto - Tecnologias e soluções rumo à neutralidade de carbono", que teve curadoria da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic). 

Segundo o professor, o UHPC se dá pela mistura de compostos cimentícios, agregados, superplastificantes e fibras. Seu principal diferencial está na durabilidade e alto teor de impermeabilidade. “Este é um material excelente, pois possui alta taxa de compressão, aumentando sua resistência e durabilidade. Um de seus pontos positivos é que se trata de uma substância mais leve e maleável, que possibilita a utilização em diferentes formatos”, explica o professor. 

Embora ainda seja mais caro quando comparado ao cimento comum, Sritharan ressalta que o custo-benefício pode ser sentido a longo prazo, dado suas potencialidades de durabilidade e sustentabilidade. “A vida útil desse produto é muito superior, portanto, os gastos com manutenções são massivamente menores. A questão sustentável também é um destaque, uma vez que usamos menos insumos para a sua fabricação, reduzimos o impacto no transporte e damos mais agilidade às obras”.

O UHPC pode ser usado em diferentes construções, como pontes, decks, vigas de sustentação, entre outros. No Brasil, o produto ainda não é amplamente usado, mas, de acordo com especialistas, é uma tendência de mercado que deve se consolidar nos próximos anos. 

Redução de emissões de carbono na cadeia construtiva de concreto

O Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON) promoveu um seminário especial sobre sustentabilidade para debater os desafios e avanços da diminuição da pegada de carbono no setor durante o congresso ‘Construindo Conhecimento’, no Concrete Show. 

Durante a abertura do encontro, o presidente do instituto, professor Dr. Paulo Helene, destacou que o IBRACON se uniu a outras entidades do segmento concreteiro para monitorar e estabelecer novas pesquisas relacionadas à sustentabilidade e defendeu a importância de dados e estudos referentes ao mercado nacional. “Para avançarmos, é de extrema importância que as empresas passem a registrar os dados de sua produção e os comparativos em relação às novas tecnologias testadas. Precisamos formar um grande banco de dados do setor para estudos e ensaios”, explicou.

Helene lembrou que a cadeia construtiva do concreto é a grande responsável pelo desenvolvimento urbano, fornecendo a infraestrutura necessária para acompanhar o ritmo de crescimento da sociedade, portanto, não é cabível que o setor acumule estigmas negativos em relação à sustentabilidade. “Pode parecer pouco, mas zerar a emissão de carbono nessa cadeia até 2050 ou 2060 é um dos maiores desafios tecnológicos do setor nos últimos 100 anos. Temos o grande papel social de atender às demandas de infraestrutura da sociedade, trabalhando incansavelmente na busca de soluções mais sustentáveis. Nosso compromisso com o meio ambiente existe há muito tempo e seguimos nos engajando cada vez mais com o tema”.

O presidente do IBRACON citou algumas alternativas que já estão sendo estudadas e  praticadas pelo setor, como a substituição de materiais no ato de produção do concreto, a adição de agregados reciclados na substância, o uso de concreto autoadensável, a busca por materiais mais resistentes e a redução de matéria-prima para a produção.

Em seguida, a professora Dra. Edna Possan, do Instituto Latino Americano de Tecnologia, Infraestrutura e Território da Universidade Federal da Integração Latino Americana (Unila), palestrou aos congressistas sobre alternativas de captura de carbono na cadeia do concreto. A especialista trouxe diferentes exemplos de iniciativas que estão ocorrendo no mundo, como o DAC - Direct Air Capture, a remoção de carbono por meio de plantas, capturas feitas diretamente em fábricas e estocagem de carbono em depósitos geológicos.

Edna afirmou que é preciso entender o momento atual e a contextualização política e social do Brasil em relação ao mundo, avaliando os diferentes momentos históricos e econômicos que envolvem o país. “Cimento é desenvolvimento, por isso, é injusto que os países desenvolvidos digam agora para nós, países em desenvolvimento, que precisamos parar de emitir carbono enquanto eles já se estabeleceram e exploraram essa fonte. A América Latina ainda tem uma enorme demanda por moradia e infraestrutura, o que faz da cadeira construtiva do concreto um setor mais do que necessário. Por isso, precisamos buscar soluções para assegurar esse desenvolvimento de forma sustentável”, enfatizou.

A professora apresentou um panorama mundial sobre os principais projetos em andamento para a captura e redução das emissões de carbono em diferentes áreas, com destaque para uma iniciativa nacional: o campo de Tupi, localizado na Bacia de Santos. O programa de captura, uso e armazenamento geológico de CO2 (Carbon Capture, Utilization and Storage - CCUS) desenvolvido pela Petrobras nos campos do pré-sal é o maior do mundo em operação em volume reinjetado anualmente, e também o pioneiro em águas ultraprofundas. Segundo o relatório Global Status of CCS 2021 (Status Global do CCS 2021), a capacidade dos projetos de CCUS em operação no mundo é de 36,6 milhões de toneladas de CO2 por ano. Em 2020, a Petrobras reinjetou 7 milhões de toneladas, ou seja, cerca de 19% do total.

Arena 120 Ideias

Outra atração que atraiu um grande público durante os três dias do Concrete Show foi a Arena 120 Ideias, um espaço patrocinado pela ArcelorMIttal, onde foram realizadas apresentações de 30 minutos gratuitas de soluções, produtos e cases de sucesso. A engenheira Veridiana Zanardi, business developer da Fischer Brasil, por exemplo, apresentou uma palestra sobre a importância de considerar a proteção passiva contra incêndios desde a concepção dos projetos de construção.  

“É realmente um ponto muito importante, pois o projeto é o planejamento da obra. Infelizmente em nosso país gasta-se mais tempo executando do que planejando”, destaca. Ela ainda explicou que o princípio básico da proteção passiva é conter principalmente gases tóxicos e a fumaça, pois a fumaça densa e quente do incêndio, além de tóxica,  acaba causando pânico nas pessoas, o que piora a situação. Zanardi lembra que a intoxicação é o principal motivo dos óbitos quando ocorre esse tipo de sinistro. 

“Elaborar um projeto de proteção passiva completo, seguindo as normativas vigentes indicando as proteções em todas as tubulações que atravessem as lajes, como as normas indicam, não somente nas prumadas de elétrica e hidráulica e proteção nos shafts, mas também nas fachadas de pele de vidro. Isso garante a sobrevivência das pessoas, e um combate ao incêndio muito mais pontual e eficiente”, destacou a engenheira. 

Também na Arena 120 Ideias, o diretor da DevCoffee, Bruno Luis Ferreira, falou sobre a cultura analítica na gestão de obras. “É fundamental constituir um pensamento analítico com foco em coletar, analisar e interpretar informações e dados com objetivo de tomar decisões por intermédio de uma abordagem com base em evidências, cenários e/ou projeções de tendências, e não mais baseados em influências ou feeling. Portanto, a informação precisa estar no centro da gestão dos projetos e consequentemente ser a base para a transformação da cultura da organização”, ressaltou Ferreira.

Bruno ainda salientou que o pensamento analítico, os processos de digitalização e a constante atenção aos 5V ́s da informação (volume, velocidade, veracidade, valor, variedade - Doug Laney, 2001), são fatores decisivos para o sucesso e a identificação de ciclos de melhorias contínuas como elemento fundamental no apoio aos processos decisórios e de planejamento estratégico, culminando em projetos perenes, transparentes e orientados ao resultado.

Próxima edição do evento acontece de 6 a 8 de agosto de 2024. Até lá!

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