Apesar de ser mais comum a área privada se manifestar e debater a construção civil como um todo, precisamos ter em mente que todos os governos – tanto nas esferas municipal, estadual e federal – são responsáveis por centenas de obras por ano, visando melhorar a infraestrutura local. Com isso, é esperado que a construção do setor público empregue muita mão de obra, tecnologia e também criatividade em suas ações.
O 2° Congresso Internacional de Pavimentação Urbano de Concreto – PUC, que aconteceu durante a 14ª edição do Concrete Show no início de agosto, em São Paulo, trouxe o painel “Pavimentação Urbana – Case do Município da Cidade Turística de Piracaia”. Quem apresentou foi o engenheiro civil André Henrique Rogério, que também é o presidente da Câmara de Vereadores de Piracaia (SP).
Infraestrutura de Piracaia
Piracaia é uma cidade do interior de São Paulo, relativamente próxima à capital, que faz divisa com Joanópolis, Bragança Paulista, Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Nazaré Paulista, Igaratá e São José dos Campos. Sua população, segundo o censo de 2020, não chega a 30 mil habitantes, enquanto sua área é equivalente a 384 km2.
Com isso, espera-se que o investimento para sua infraestrutura não seja tão elevado quanto em cidades maiores. Entretanto, apesar de menores exigências, a cidade precisa passar por desafios logísticos que objetivam melhorar a qualidade de vida dos moradores, trabalhadores e empresários locais, visto ser uma região importante para a economia rural do Estado. E o maior desses desafios é que, como sua área é montanhosa, consequentemente traz consigo dificuldade na pavimentação.
André ressaltou que, para conseguir contornar a situação, algumas medidas precisaram ser tomadas, alcançando um resultado satisfatório: “Não é nenhuma inovação do ponto de vista das soluções, mas envolve situações orçamentárias da cidade e desafios de terreno. A gente precisa de criatividade para solucionar alguns problemas”.
Piracaia possui uma malha de estradas rurais que alcançam em torno de 700 km de extensão. Junte isso a diversos pontos críticos nas estradas rurais, assim como há trechos com grandes inclinações e loteamentos irregulares sem infraestrutura. Como resultado, foi preciso pensar um pouco além da caixa.
Parceria público privada
O primeiro passo foi através do Programa Melhor Caminho, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo, que, com um aporte de R$ 2 milhões, ajudou a construir mais de 80 mil quilômetros de pavimentação intertravada. Por ser uma região com bastante comércio rural, com empresas consumidoras locais, esse tipo de pavimentação é a mais adequada para a situação.
Entretanto, o ponto de maior criatividade foi a parceria público-privada com a população da cidade, que juntos encontraram um meio de melhorar a condição de pavimentação de outras localidades do município. A pavimentação em concreto os pontos críticos, se tornando como solução definitiva para o problema, foi um deles.
Para funcionar, a prefeitura entra com a compra de materiais necessários para a produção, como cimento, brita, pó de pedra, nivelamento do leito carroçável, base e base de assoreamento. Já o grupo de moradores – formado por comissões e associações – pagam a mão de obra de execução e assentamento dos pisos. Por fim, a empresa privada ficou responsável por produzir e assentar os pisos.
Desta forma, está sendo possível contornar um problema que prejudica a cidade a tempos e, mais para frente, são esperados que mais melhorias possam ser realizadas.