“A sustentabilidade pode ser dividida em quatro áreas distintas: humana, social, econômica e ambiental. A nossa parte nas construções afetam todas as etapas”. Essa foi uma das primeiras frases do engenheiro Gustavo Polidoro, gerente de produtos de marketing e tecnologia e concreto reforçado com fibras da The Euclid Chemical Company, durante o painel “Reduzindo a pegada de carbono na construção utilizando concreto reforçado com Fibras Sintéticas”, no 15º Seminário de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho da ANAPRE, que aconteceu na 14ª edição do Concrete Show. 

Com a temática da sustentabilidade em alta, o engenheiro destacou que julho foi o mês mais quente da história de nosso planeta, além de ter registrado dois dos três dias mais quentes de todos os tempos. E as preocupações não param por aí, visto que a população global chegará em 10 bilhões de pessoas até 2050, além dos recursos naturais estarem acabando.

Na construção civil, os custos dos materiais e transportes estão aumentando, as necessidades e demandas por infraestrutura estão maiores, há cada vez mais necessidade de reparo de infraestruturas antigas e também existe uma demanda maior para acomodar esse crescimento populacional, com mais lares, escolas, hospitais e afins. 

Por essas razões, há um grande desafio na sustentabilidade do setor, pois o mercado de construção em concreto precisa adotar práticas e tecnologias sustentáveis que possam economizar energia, reduzir as emissões de CO2, proteger o meio ambiente e maximizar reduções de custos. E, na prática, tudo isso deve ser executado simultaneamente. 

Mas, apesar do marketing negativo, o concreto já é um dos materiais mais ecológicos disponíveis, se comparados com outros materiais – como madeira, aço e asfalto -, pois é durável, econômico e local. Porém isso não significa que não tenha margem para melhora!

Visão geral sobre o concreto reforçado com fibras

No momento, a produção e utilização de concreto necessita de uma energia incorporada inferior, usa materiais locais, tem o melhor ciclo de durabilidade, refletividade a luz e possui desperdício minimizado. Com isso, automaticamente ele reduz os impactos ambientais da construção em concreto, além de ser possível reciclar e reutilizá-lo.

Entretanto, o setor não se mostra tão aberto às inovações de tecnologias emergentes, que poderiam deixar o concreto cada vez menos poluente e muito próximo da emissão zero de dióxido de carbono. E quem é o favorito nessa história é o CRF: Concreto Reforçado com Fibras.

Os compósitos de macrofibras sintéticas podem ser usados para substituir os reforços de aço para aumentar a durabilidade e prolongar a vida útil. Além disso, enquanto a produção de aço envolve uma grande queima que emite muito CO2 na atmosfera, as fibras sintéticas são produzidas através de energia elétrica, diminuindo – e muito – o prejuízo ao meio ambiente. 

O ponto da durabilidade também deve ser levado em consideração na questão ambiental, como ressalta Gustavo: “Sempre que falo em maior durabilidade e menores custos, já é algo sustentável. Se o CRF dura mais que o concreto simples, por exemplo, ele já é mais sustentável. Ser sustentável não é ser mais barato na hora de executar, então é preciso pensar como essa estrutura irá se comportar com o passar do tempo”. O engenheiro também lembrou que, com mais durabilidade e menos necessidade de manutenções, a economia também é bastante elevada. 

“Na prática, as microfibras são usadas em pequenas fissuras naturais nas primeiras 24 ou 48 horas da obra. Já a macrofibra, sintética ou de aço, aumenta a durabilidade da estrutura”, explicou Gustavo, comentando sobre a utilidade do produto.

Declaração Ambiental de Produto (EPD)

Uma EPD é definida pela ISO 14025 como uma declaração que “quantifica as informações ambientais sobre a vida útil de um produto para permitir comparações entre produtos que cumprem a mesma função”. Nas palavras de Gustavo, “é um rótulo caracterizando todas as emissões de gases potencialmente danosos em suas cadeias produtivas de produtos”, sendo uma forma justa de comparar recursos.

A EPD irá medir o GWP, sigla em inglês para Potencial de Aquecimento Global. A macrofibra pode reduzir os gases envolvidos no GWP em mais de 50%, se comparado ao aço convencional, quando ambos são utilizados na construção de pisos, por exemplo.

Comparativo das emissões de gases com potencial de aquecimento global (GWP) entre telas de aço e fibras sintéticas

O aço usa siderúrgicas, que há muita queima de combustíveis poluentes, enquanto a fibra sintética é produzida através de energia elétrica. Em um comparativo usando em uma quantidade X de concreto, são necessárias 41,1 toneladas de aço, que gera um GWP de 34,9 toneladas em sua produção. Já para a fibra sintética, são necessárias 5,4 toneladas que geram um GWP de 16,6 toneladas, resultando em uma redução de 52% de gases poluentes na atmosfera.

Mas se a linguagem que procura é a do dinheiro, com o aço, o custo por área é de US$ 38,58/m², enquanto na fibra é de US$ 23,63/m², uma economia de US$ 14,95 por metro quadrado. Agora multiplique isso pelas centenas e milhares de metros quadrados que uma grande obra pode ter. 

Além disso, Gustavo ressalta que “o transporte das fibras é mais leve e fácil, enquanto o manuseio é menos complexo e menos perigoso. O aço precisa tomar mais cuidado, enquanto a fibra chega misturada com o concreto”.

Com isso, são esperados os seguintes benefícios na substituição do aço por fibras: 

  • Economia significativa de tempo para construção, mão de obra e outros custos; 
  • Durabilidade e menor custo de manutenção; 
  • Sem as telas, facilita a locomoção e operações de laser screed; 
  • Reforço tridimensional, controle de fissuras e maior resistência ao impacto e à fadiga, já que as fibras estão misturadas sobre todo o concreto e não apenas em uma camada, como o aço;
  • Mais rápido: sem aço para entregar, cortar, posicionar e inspecionar;
  • Mais barato: com os preços atuais do aço mais a mão de obra, a fibra representa uma economia significativa;
  • Mais limpo: os impactos na obra são reduzidos com menos mão-de-obra necessária e menor material entregue, precisando de armazenamento menor;
  • Mais verde: economia quantificável na redução de CO2 e melhoria na vida útil do ciclo de vida.