Quando pensamos em construção civil, podemos imaginar tudo aquilo que está em nossa frente, como os edifícios cada vez maiores e complexos, além da infraestrutura que, mesmo sem perceber, fazemos uso diariamente. Entretanto, para alçar voos ainda maiores, é preciso pensar em como inovar no setor, trazendo novidades que propiciem um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis.

O painel “O Papel da Inovação na Competitividade e Sustentabilidade da Construção Civil” trouxe essa discussão durante a 14ª edição do Concrete Show, que aconteceu em agosto na cidade de São Paulo, e contou com a mediação da jornalista Valeria Bursztein. As engenheiras convidadas que passaram seu conhecimento à frente foram: Michelle Nespoli, Gerente ESG LATAM da Sika; Pauline Menegotti, Chefe-executiva do Grupo Menegotti; e Thauana Pudell, CEO da Rama Solution.

Tecnologia e sustentabilidade na construção civil

“A gente tem que usar a tecnologia que tem hoje para sermos mais sustentáveis, além do cliente gastar menos”, destacou Thauana Pudell antes de entrar em mais detalhes sobre as novidades que as empresas podem usufruir. 

Entre essas, duas se destacaram, como uma máquina automatizada projetada para lavar superfícies durante seu processo de produção, fazendo com que poluentes que iriam para rua fiquem na fábrica e possam passar por processos de reutilização ou neutralidade. É uma ótima sugestão para os pavers, que são vistos como ótimos substitutos ecológicos ao asfalto de rua, podendo retirar o excesso de impurezas antes de sua aplicação.

Quem também merece atenção foi o dispositivo que insere isopor nos blocos de concreto. Isso porque um tipo de poluição é a sonora e o isopor ajuda a evitar a propagação do som. Como resultado, são necessários menos recursos para fazer a isolação acústica do local, diminuindo o custo final e também a necessidade de usar materiais temporários, que rapidamente seriam descartados. 

Aliás, a utilização de isopor entre os blocos também auxilia no isolamento térmico e, por essa razão, é bastante utilizado em países frios. Como resultado, é muito comum que dentro de casas de regiões bastante geladas as temperaturas estejam mais amenas do que no Brasil, por exemplo, que é quente e por isso não há tanta preocupação com esse isolamento. Mas deveria ter, como ressalta Thauana: “O isolamento térmico também diminui o uso do ar-condicionado, gerando economia e sendo mais sustentável”. 

Michelle, por sua vez, salientou a importância de edifícios modulares na construção civil como uma forma de aumentar a durabilidade da construção. “Quanto mais durar uma estrutura, menor será o impacto no meio ambiente, porque se durar menos irá virar resíduo”, completou a engenheira. Além disso, uma menor durabilidade faz com que mais recursos sejam necessários, aumentando a poluição ambiental oriunda da fabricação destes produtos.

Os edifícios modulares, segundo a especialista, são opções boas porque, como são fabricados em um único lugar, diminui o impacto ambiental na região da obra, com menos sobras de recursos que, pela não utilização, seriam descartados. Como esses módulos precisam ser extremamente precisos por milímetros, um planejamento minuciosamente detalhado é feito, evitando ainda mais desperdício de materiais. 

Além disso, a reciclagem de concreto é vista como uma economia circular e verde, pois com a tecnologia atual é possível reutilizar quase todo o concreto e, ao final do processo, obter um produto ainda melhor do que o anterior. E isso é algo de suma importância, pois 40% das emissões de CO2 na atmosfera são atribuídas ao setor de construção, então qualquer reciclagem é fundamental para diminuir essa porcentagem.

“Na Sika, a principal meta é reduzir 12% de CO2 por tonelada de produto vendido. A gente muda comportamento com inovação, sendo criativo, diminuindo uso de água e energia sem diminuir os lucros”, concluiu Michelle. 

Já Pauline apresentou um projetor de argamassa, pois “a gente quer desenvolver produtos que cuidem da questão do mundo, de sustentabilidade, poluição e descartes. Até 2030, nossa missão é 100% dos recursos serem destinados corretamente”. O projetor de argamassa é visto como parte do futuro da construção, prevendo menos desperdício do recurso, sua melhor utilização e economia, pois dependerá de menos pessoas para seu uso.

Diversidade na Construção Civil

Reconhecendo que o ambiente da construção é quase que exclusivamente masculino, a jornalista Valeria Bursztein questionou sobre o que pode ser feito para diminuir essa desigualdade no setor e quais os benefícios de alcançar um melhor equilíbrio. Confira o que cada engenheira respondeu: 

Michelle Nespoli: ”Grupos diversos são muito eficientes para inovação, porque trazem visões diferentes, mas não posso deixar de notar que na construção civil mulheres são minorias. Quando você tem um ambiente que quer aumentar o número de mulheres, tem que trabalhar internamente para começar a pensar em como deixar essas mulheres mais confortáveis. E ouvir as mulheres é essencial”.

Pauline Menegotti: “A gente entende que todo mundo deve ser tratado igual, mas temos cuidado com grupos para tentar melhorar as práticas”.

Thauana Pudell: “É como se fosse um mental coletivo que por muitos anos mostrou os homens com mais poder. Mas não adianta ter um monte de mulheres e ter essa exacerbação do masculino na parte cultural e de gestão”.

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