Teve início nesta terça-feira (9), no São Paulo Expo, o Concrete Show, evento da cadeia construtiva. Durante três dias o encontro reunirá profissionais e marcas do setor em torno de temas importantes para a indústria da construção. O retorno ao modelo presencial da feira ocorre em um momento de grande expectativa para os players do setor, que vem retomando mercado gradativamente após a pandemia.
O evento este ano traz 300 marcas nacionais e internacionais, com soluções e inovação para toda a cadeia construtiva e seus diversos segmentos da construção civil ligados à cadeia do cimento e concreto. A feira de negócios do Concrete Show tem como característica principal promover um relevante volume de negócios que são fechados durante os dias de evento. Entre as marcas estão, por exemplo, a Votorantim, Quartzolit, DOW, ArcelorMittal, Caterpillar, Yanmar, SITI e Liebherr.
Construindo Conhecimento no Concrete Show 2022
Para abrir oficialmente o espaço de conteúdo “Construindo Conhecimento”, o Congresso Internacional de Pavimento Urbanos trouxe como tema da primeira palestra do dia “O êxito das pavimentações de concreto na América Latina”, apresentada pelo engenheiro colombiano Diego Jaramillo Porto. Esse modelo de pavimentação possui diversas vantagens em relação ao asfalto tradicional e vem sendo cada vez mais utilizado em obras de infraestrutura pública. Jaramillo deu como exemplo a cidade de Barranquilla, na Colômbia, que possui mais de 80% de sua malha viária em PUC (Pavimento Urbano de Concreto). Outro país que avança no uso desse recurso é o Chile, que hoje dispõe de 65% de concreto em pavimentações urbanas. “Já se provou que o PUC é a solução mais econômica, durável e sustentável para as cidades. É um método que vem se aprimorando há 157 anos e hoje apresenta excelentes resultados”, destaca o engenheiro.
O pavimento de concreto tem vida útil até cinco vezes mais longa do que o asfalto tradicional e apresenta grande redução de custos em sua manutenção a longo prazo. Além disso, suporta mais cargas e frequências, sendo ideais para vias de alto tráfego, como o BRT. Outros benefícios que os PUCS geram às cidades é a economia de energia elétrica, uma vez que a reflexão de luz é até 30% maior que o asfalto, contribuindo também para a segurança no trânsito. “Esse é um material que tem durabilidade média de 70 anos. A tecnologia empregada também atribui versatilidade, pois nos permite adequá-lo para baixa, média ou alta demanda de tráfego”, explica Diego.
O palestrante chamou a atenção para a necessidade de implantação dos PUCs nas periferias e comunidades. “Esse pavimento agrega muito valor e qualidade de vida nas periferias e comunidades. É uma coisa simples mas que transforma a vida das pessoas que lá vivem. Além da economia com reparos, devido à alta durabilidade, a pavimentação urbana nessas localidades aumenta o valor dos imóveis e possibilita a ampliação da mobilidade urbana”.
Sustentabilidade no concreto
De acordo com Jaramillo, a sustentabilidade é um dos grandes paradigmas a serem combatidos em relação ao material. “Criou-se o mito de que o concreto não é prático e nem sustentável, o que é não é verdade. Com o avanço da tecnologia conseguimos cada vez mais um produto de qualidade e com comprometimento ambiental”. O engenheiro destaca como principais vantagens sustentáveis a diminuição das escavações terrestres, a redução na exploração de pedreiras, melhor rendimento do combustível, menor emissão de CO2, resistência às mudanças climáticas e desastres naturais.
Neste tópico de sustentabilidade, o Congresso recebeu também as participações internacionais dos fundadores da Ecocreto, empresa que desenvolveu um pavimento de concreto permeável. Direto do México, os sócios da Ecocreto, Nestor de Buen Unna e Alejandro Vázquez Gomez, apresentaram a solução como a primeira do mercado 100% permeável e ecológica. Segundo eles, o pavimento é flexível e tem alta resistência à compressão e ao desgaste com as principais aplicações em calçadas, estacionamentos, pátios de carga e praças.
Unna apontou que entre as vantagens da tecnologia está a redução de ilhas de calor, um problema comum nos pavimentos asfálticos. “Enquanto o pavimento asfáltico submetido ao clima quente pode chegar a temperaturas de até 50 graus, o pavimento permeável com a mesma exposição alcança apenas uma média de 36 graus”, exemplificou. Outros dois pontos destacados foram a possibilidade de que a água da chuva seja armazenada e canalizada para ser reutilizada e que esse pavimento permite uma flexibilidade para um piso com diferentes formatos e cores.
Já Gomez falou sobre a composição do pavimento permeável que é produzido com uma mescla de brita, cimento, água e aditivo. Ele destacou que a empresa desenvolveu também um aditivo próprio feito a partir de minerais que é mais adequado a climas extremos, após observar que os aditivos tradicionais com elementos de poliméricos eram mais suscetíveis à falhas em climas muito frios, quando submetidos ao degelo por meio de sais. No Brasil, o pavimento permeável da Ecocreto é disponibilizado pela empresa Re9 Soluções Ecológicas.
Impermeabilização em projetos de construção civil
Ainda no "Construindo Conhecimento" aconteceu o Seminário do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI). O presidente do IBI, José Miguel Morgado abordou os aspectos técnicos da Norma de Impermeabilização (NBR 9575) que está atualmente em revisão e a importância do serviço de impermeabilização nos projetos de construção civil com o objetivo de desacelerar o processo de deterioração das estruturas que é causado pela umidade.
Morgado salientou que investimento em impermeabilização corresponde de 2 a 3% do custo de obra, segundo uma pesquisa feita pelo IBI em 2021, com 304 profissionais do setor. Outro ponto da pesquisa mostrou que o custo para reparar o uso incorreto ou a falta de impermeabilização pode acarretar acréscimos de 300 a 500% nos custos com esse serviço. “A correção da falha de uma impermeabilização envolve na maioria das vezes a remoção de revestimentos, cerâmicas e pintura, incluindo também o custo de descarte e a reaplicação posterior”, explicou o presidente do IBI. O Seminário do IBI também foi o palco para a apresentação do “Guia Orientativo para o Desempenho dos Sistemas de Impermeabilização”.
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Abertura oficial do Concrete Show 2022
“Com treze edições, o Concrete Show é um evento sólido, muito tradicional no mercado, e que testemunhou junto à indústria a sua evolução, mantendo a parceria nos tempos bons e naqueles mais desafiadores. Hoje, percebemos um novo ciclo, de grande potencial, que exigirá de todos resiliência e convicção na força da construção civil”, disse o presidente da Informa Markets Latam, Marco Basso, durante a cerimônia oficial que abriu a feira de negócios. Ele destacou também o comprometimento das mais de 300 marcas presentes no evento em apresentar diversas soluções para construir de forma mais econômica, eficiente e sustentável.
Já o diretor do portfólio de Infraestrutura da Informa Markets, Hermano Pinto, aproveitou a ocasião para ressaltar a resiliência do setor de construção que segue crescendo de forma consistente, apesar das preocupações com a inflação, elevação dos juros e o aumento dos preços dos materiais para construção. Também salientou as oportunidades de crescimento para empresas de terceirização e de oferta de serviços especializados, uma vez que manter a qualidade da mão de obra e encontrar profissionais qualificados é uma prioridade atual das construtoras. “Nesse sentido, organizamos - a quatro mãos com as entidades do setor e as empresas - uma ampla oferta de cursos e conteúdos durante o Concrete Show, voltados ao conhecimento técnico e à capacitação de profissionais para melhor atender às demandas de mercado”, disse.
A cerimônia oficial foi conduzida pelo engenheiro civil e consultor na HCR Consultoria & Engenharia, Hugo Rodrigues, que falou sobre o objetivo do Concrete Show de apresentar e debater o que há de mais atual, competitivo e sustentável no que se refere à construção com concreto. Ele destacou a importância de alavancar a pesquisa, a inovação e a industrialização dos sistemas construtivos cimentícios ou a base de concreto, em vista do desafio de reduzir o significativo déficit habitacional e investir na melhoria da infraestrutura do país. Rodrigues também pontuou a relevância do cimento Portland no Brasil, que atualmente tem o status de sétimo maior produtor mundial de cimento.
O secretário municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo, Marcos Monteiro, compareceu à cerimônia e destacou as ações do poder público no setor da construção. Monteiro, que assumiu a pasta em 2020, citou a retomada e aceleração no ritmo de algumas obras que estavam paralisadas, como o BRT Aricanduva, na zona leste da capital. O secretário ressaltou ainda que o Plano de Metas da Prefeitura tem como prioridade a zeladoria e a vistoria de pontes e viadutos de São Paulo. “Por muitos anos essas estruturas ficaram sem a devida atenção. Concreto é um material muito bom e durável, mas também precisa de manutenção. Nossa meta é terminar a gestão com 400 pontes e viadutos recuperações”, diz.
Arena 120 Ideias no Concrete Show 2022
Uma das atrações da feira de negócios nesta edição é a Arena 120 Ideias, que conta com apresentações gratuitas para os profissionais que visitam o Concrete Show e é patrocinada exclusivamente pela ArcellorMittal Brasil. As palestras são distribuídas em dois palcos simultâneos, com painéis de diferentes temas ao longo dos três dias de evento.
Nesta terça-feira, 9, a Caterpillar palestrou no espaço sobre como otimizar a eficiência dos equipamentos em cada operação. O consultor de aplicação de produtos da Sotreq Caterpillar, Marcley Oliveira, e o especialista em marketing da empresa, Rodrigo Cera, falaram sobre especificações técnicas e dicas importantes na hora de escolher e usar equipamentos como escavadeiras. Rodrigo destacou que a parte mais importante é entender qual a ferramenta necessária para a tarefa a ser executada. “Erroneamente as pessoas buscam primeiro a máquina e depois as ferramentas. O correto é identificarmos a tarefa, a ferramenta, a máquina e o operador capacitado para tal. Também é indispensável que esse operador seja bem treinado para o manuseio do equipamento”.
Os palestrantes deram dicas de melhor aproveitamento e durabilidade do maquinário, como melhor período do dia para abastecer o tanque, simulação de manobras bem executadas, orientações de segurança, escolha de pneus, entre outros. Ao final, Marcley enfatizou que o mais importante é o conhecimento e a atenção redobrada ao operar uma máquina de grande porte. “O melhor operador é aquele que opera por si e pelos outros. Todos os dispositivos, espelhos e acessórios da máquina são importantes, porém, nada substitui o olho humano”.
As macrofibras estruturais também estiveram na pauta da Arena 120 Ideias neste primeiro dia da Concrete Show. O professor da Unicamp, Carlos Eduardo Marmorato Gomes, e o gerente de projetos de engenharia e consultor técnico da Concrefiber, Carlos Bassamino, ministram uma palestra sobre os principais usos do material na indústria da construção. Macrofibras estruturais sintéticas são utilizadas como reforço secundário em estruturas de concreto. Existem vários tipos de fibra, como aço, vidro E, carbono, polipropileno, sisal, entre outras. Esses materiais são trabalhados pela indústria de acordo com as normas ABNT NBR 16935 e 16938. “Evoluímos muito no tratamento e aplicação de macrofibras, mas precisamos organizar melhor o setor produtivo dessa cadeia, proporcionando integração entre os profissionais e definições claras de padrões de qualidade”, destaca o professor.
Como case, o consultor da Concrefiber, Carlos Bassamino, apresentou aos presentes um projeto de pavimento ferroviário feito para o porto de Santos, em São Paulo. As estruturas foram elaboradas de forma mista, usando macrofibras e telas de aço. Além de se mostrar altamente resistente ao tráfego intenso que o local demanda, o resultado da obra impactou também em uma economia de 20% para a empresa.
Faça sua inscrição gratuitamente no Concrete Show 2022 e venha conferir todas as novidades para a construção civil até dia 11 de agosto, das 13h às 21h no São Paulo Expo!