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Perfil atual do profissional de construção civil

Video-Perfil atual do profissional de construção civil

O professor Abilio Weber, diretor da Escola SENAI, nos fala sobre o perfil do profissional de construção civil e a demanda pela mão de obra qualificada na área. Confira!

Convidamos o do prof. Abilio Weber, diretor da Escola Senai 'Orlando Laviero Ferraiuolo', para mais um bate-papo no Assuntos Concretos. Abilio vai explicar qual o perfil do profissional que o setor hoje procura, os cursos mais procurados pelo SENAI e dicas importantes sobre quem quer se especializar e se destacar no setor!

Concrete Show: Pode nos contar um pouco sobre qual é o perfil do profissional que o mercado da construção procura hoje?

Abilio Weber: “O mercado da construção civil é muito vasto e amplo. Nós temos construção civil envolvendo infraestrutura, construção imobiliária, e também uma outra área imensa que não é calculada por conta de ser muito dispersa, que é a mão de obra que presta serviço ao serviço final, o indivíduo que atende pessoas nas residências para pequenas reformas, reparos e coisas assim.

Qual é a indústria da construção civil que objetiva esse pessoal? Os fabricantes de materiais, porque eles produzem seus produtos em cima de normas muito rígidas e padrões de qualidade elevados. E esse profissional, se não capacitado, quando for aplicar esses materiais pode danificar ou fazer a instalação errada, e isso gera um prejuízo imenso ao fabricante. 

Então esse fabricante exige que esse material tenha uma competência técnica muito apurada, porque a falta de conhecimento desses produtos leva a uma perda de capital muito grande para a indústria, porque ela tem que investir em assistência técnica, e muitas vezes para não denegrir o nome da empresa ela até mesmo repõe aquele produto para que o cliente não fique insatisfeito e passe a transferir sua insatisfação não para a mão de obra, e sim para o produto.

Já o setor construtivo tem outra visão desse profissional. Ele precisa de um profissional atuante e que tenha agilidade de produção. Muitas vezes ele não exige que esse profissional tenha muito conhecimento técnico, mas sim que tenha habilidade para fazer a produção. 

Então existe a diferença entre o indivíduo qualificado, que é para atender o cliente final e ter conhecimento técnico de produtos e materiais, e o indivíduo treinado, que tem operações práticas, motoras e que atenda a produção por exemplo da obra, são os operacionais.

Normalmente esse pessoal passa pouco tempo na obra, porque ela é dividida em algumas etapas, e elas vão se alternando, trocando os profissionais. Tanto é que o modal de trabalho da construtora é diferenciado, ela muitas vezes não tem seu pessoal, mas contrata uma terceira que execute este trabalho.

Uma terceira que faça fundações, que faça alvenaria, que faça instalações e acabamentos e assim por diante, então é diferenciado esse modal.”

Concrete Show: Você pode detalhar a temática dos cursos do SENAI que tem mais procura hoje? Existem temas que deixaram de ser importantes neste segmento?

Abilio Weber: “Nós percebemos de 2017 e 2018 para cá uma procura muito grande por formação de mão de obra de pessoas que deixaram de atuar na indústria da transformação, porque ela passou a ser automatizada, então elas perderam suas funções e cargos, então começaram a aparecer pessoas diferenciadas.

E por que eu digo diferenciadas? Porque antigamente buscava formação na construção civil pessoas cuja última opção de trabalho era essa, porque se entendia que não precisava de educação formal de alto nível para realizar uma atividade na construção civil. Atualmente as pessoas que procuram formação na construção civil já tem um grau de instrução chegando algumas vezes até o nível superior.

Isso porque naquela formação que eles obtiveram e de onde obtinham seu sustento, ela cessou. E não há mais espaço para eles naquele mercado de trabalho. Por outro lado, com a formação que eles têm, eles buscando uma formação na construção civil, principalmente na área de instalações, como elétrica, hidráulica, vidraçaria, serralheria de alumínio, eles encontram uma colocação ou no mercado de trabalho ou muitas vezes para fazer atendimentos diretos aos clientes, como reparos e manutenções. 

E alguns que vêm com uma formação mais elevada, como arquitetos e engenheiros, eles buscam a formação da qualificação operacional para montar pequenas empreiteiras, porque na graduação eles não têm essa visão clara do operacional, e eles têm uma dificuldade muito grande. 

Quando eles buscam essa formação no SENAI em que aprendem fazendo, pois o diferencial do SENAI é aprender fazendo, os cursos são quase que 70% práticos, então eles têm uma clara visão de como é o processo, e assim conseguem gerenciar e planejar melhor essas atividades. 

Os cursos mais procurados são na área de instalação, drywall por exemplo está em grande ascensão. Hoje em dia hotéis, hospitais, shopping centers, estão fazendo as divisórias em drywall pois é rápido, leve e industrializado, então isso está atraindo muito, agradando o cliente final e atraindo as pessoas para aprenderem como aplicar isso.”

Concrete Show: Em comparação com outros mercados como de outros países da América do Sul, existe um déficit de mão de obra qualificada no Brasil?

Abilio Weber: “Exatamente. A gente aqui na escola por ano formamos em torno de oito mil pessoas. Na década passada nós chegamos a formar 12 mil profissionais dentro dessa escola. No estado todo chegou a 160 mil pessoas formadas para atividades da construção civil, e mesmo assim tem falta.

E tem falta porque é um mercado muito mutante, cíclico, então sempre tem novas demandas. E comparado com a América Latina, por ser uma área que exige muita dedicação manual, não é uma área muito procurada. A gente vê como em São Paulo, que tem uma população imensa, e muitas habitações que necessitam de manutenção, mesmo com a pandemia a construção civil não parou, e existe uma demanda muito grande de gente para atuar nessas áreas.

E como eu digo: precisa-se de pessoas qualificadas, que tenham conhecimento pleno do processo para poder dar andamento neles, e pessoas treinadas para poder executar aquelas tarefas que são quase que constantes no processo da construção.”

Concrete Show: Falando em tecnologia e digitalização, como por exemplo o BIM, também existe essa demanda?

Abilio Weber: “Sim. A nossa escola desenvolve a formação em nível técnico na metodologia BIM desde 2014. Quando falamos em metodologia BIM hoje é todo esse movimento de nova tecnologia que está acontecendo na construção civil.

Essa metodologia veio para ficar, vai mudar a construção civil, vai dar uma outra cara no planejamento e na execução, diminuindo muito os retrabalhos, e já está acontecendo uma procura muito grande por conhecimento em ferramentas que atendam essa metodologia, como ferramentas de modelagem e extração que possam embasar projetos que vão atender demandas tanto de obras públicas quanto de obras residenciais. 

E, para isso, irá se demandar também uma mudança de perfil das empresas e construtoras, que terão que se reestruturar para poder implementar essa metodologia. É como se diz na bíblia: não dá para colocar vinho novo em odres velhos. Essa metodologia precisa de uma reatualização e remodelagem da estrutura da empresa para que ela possa ser implementada com resultados esperados.”

Concrete Show: Durante a pandemia vocês atuaram em sistemas EAD?

Abilio Weber: “Sim, tiveram momentos em EAD, continuamos trabalhando de forma remota. EAD é quando o curso é autoinstrucional, com um tutor que acompanha o aluno e tudo. A forma remota é com os alunos em casa, ou em qualquer ambiente, com seu computador ou celular, e o professor em tempo real ministrando a aula.

Nós continuamos trabalhando alguns cursos de forma remota. Atualmente estamos lançando matrículas de um curso em EAD na área de segurança do trabalho, oferecendo 100 vagas aqui na escola nessa modalidade, e não paramos.

Dentro dos limites que o governo do estado determinou de pessoas, nós colocamos na escola, assegurando todo o protocolo de segurança com distanciamento, uso de máscara, inclusive no caso da escola os alunos além da máscara precisam usar face shield, pois muitas vezes eles ficam a um metro de distância um do outro, porque o trabalho da construção civil ele é em equipe, não individual.

Desde que começou a pandemia, a partir do momento em que pudemos retomar as atividades práticas na escola, não tivemos nenhum caso na escola de alguém que houvesse se contaminado com coronavírus dentro da escola, e o mesmo com funcionários, porque cumprimos o protocolo de segurança. Então temos alunos realizando atividades práticas na escola com toda a segurança.”

Concrete Show: Se você pudesse orientar quem está hoje no mercado olhando para o futuro e pensando em como se especializar, o que você poderia sugerir?

Abilio Weber: “Para o tático e planejado é buscar conhecer e entender as ferramentas e a metodologia do BIM. Isso vai ser o futuro daqui pra frente, entender como será a tecnologia das coisas, a Internet das Coisas, muito será utilizado através de nuvens, redes. 

Aqui no SENAI nós já estamos preparados, já temos uma jornada digital da construção civil para que as empresas e as pessoas se qualifiquem para ingressar nesse novo mundo. 

E para as pessoas do operacional, buscar uma formação que embase conhecimento técnico e tecnológico dos materiais e dos processos construtivos. Hoje temos uma grande gama de processos construtivos que vão desde o concreto armado até a construção de steel frame, passa por todos eles, e conhecer esses processos de forma técnica. 

E por quê? Porque a demanda e a oferta vão crescer. Por mais que falemos de que teremos impressoras de residência, e vamos ter, mas o processo construtivo individual vai continuar acontecendo. A construção civil vai se modernizar. 

O engenheiro e o arquiteto vão crescer de forma diferente, mas o profissional de construção civil vai continuar existindo, porque vai precisar de manutenção nas residências, vão acontecer reformas, construção de residências, prédios e hospitais. 

Mesmo que seja um hospital construído em uma fábrica e montado no canteiro, isso vai acontecer e vai precisar de pessoas na construção civil. É um setor que ainda tem um longo futuro, e as pessoas podem enxergar isso como um projeto de vida.

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