Uma das principais inovações da construção civil nos últimos anos é a técnica de protensão em escoramentos, as estruturas provisórias que suportam o peso da construção enquanto não endurece o concreto utilizado em uma laje, uma viga, em barragens e até em túneis. Além de aproveitar todo o potencial do material para suportar a compressão e reduzir as fissuras geradas pela tração, a protensão é um processo com excelente custo-benefício porque reduz o número de vigas, de recortes nas formas, proporciona maior velocidade de construção e aumenta consideravelmente a vida útil da estrutura.

Para explicar todas as vantagens dessa técnica a outras empresas do setor, a Associação Brasileira de Protensão (ABP) realizou a palestra palestra “A protensão traz economia para o escoramento” durante a 14ª edição do Concrete Show, o evento da cadeia construtiva, que aconteceu entre os dias 8 a 10 de agosto no São Paulo Expo, na capital paulista. A ABP reúne empresas da cadeia do concreto protendido para construção civil com o objetivo de melhorar a qualidade e produtividade, difundir informações e formar recursos humanos.

Um dos palestrantes foi o engenheiro civil Gabriel Pereira, que definiu a protensão como a aplicação de tensões internas nos cabos de aço antes da cura do concreto. Entre as vantagens do processo, segundo ele, estão a maior resistência à corrosão, facilidade na instalação das tubulações e liberdade arquitetônica, no geral.

“Há uma enorme diferença no comportamento dos concretos armado e protendido. Quando o concreto armado é concebido em projeto, sempre calculamos pensando em fissuração controlada, mas perdendo a rigidez do elemento e gerando deformações maiores. Como o material tem armadura passiva, a peça só começa a trabalhar depois que estiver com os carregamentos atuantes”, explicou o engenheiro. “Já o concreto protendido conta a aplicação da protensão como carga de alívio da estrutura, o que libera entre 70% e 80% dos carregamentos permanentes. Isso representa um ganho de custo-benefício, além da própria espessura e altura do elemento com ausência de fissuração”, concluiu.

Número de pavimentos escorados é reduzido com protensão

A apresentação da Associação Brasileira de Protensão foi parte do congresso Construindo Conhecimento do Concrete Show, em que dezenas dos profissionais mais renomados do mercado falaram sobre sustentabilidade na construção civil em três auditórios com programação simultânea, e também contou com o engenheiro civil Lucas Oliveira. Ele explicou como o uso do software SAP2000, ferramenta da CSI para análise estrutural, tem contribuído para otimizar o comportamento das estruturas protendidas ao longo do tempo e também nas etapas de construção. Ele mostrou exemplos de edificações em que o concreto protendido reduziu o número de pavimentos que necessitam de ancoragem.

“Conseguimos comprovar que mesmo escorando apenas o primeiro pavimento e 50% do pavimento inferior, tanto nas deformadas quanto nas tensões, a laje protendida ficou dentro dos limites da norma técnica”, disse Lucas. Fizemos a mesma análise com concreto armado considerando os mesmos limites de tração, e a faixa central da laje apresentou fissuração, fazendo com que, ao longo do tempo, as flechas sejam muito maiores do que o esperado. Dessa forma, é necessário aumentar o número de pavimentos escorados, e nesse sentido aconselhamos seguir o que estabelece a Associação Brasileira de Engenharia Estrutural (ABECE), que é escorar pelo menos quatro níveis para estruturas com ciclo de concretagem de sete dias”, finalizou o engenheiro.

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