O concreto armado é um dos materiais de construção mais usado. Tem custo razoavelmente baixo, está facilmente disponível e possui uma gama de propriedades e características adequadas para diversas aplicações na construção civil. Porém, um dos principais pontos a ser observados, é garantir a plenitude da barra de aço destinada à armadura de concreto armado pelo aumento de sua vida útil e, assim, manter a eficiência do concreto armado. Atualmente, no Brasil, temos presenciado com mais frequência os colapsos de estruturas de concreto armado em edificações e obras de arte (pontes/viadutos) em função da corrosão das armaduras, diagnosticadas pela falta da manutenção, o que gera custos. Esta falta de manutenção, pode ser mitigada pela galvanização por imersão a quente das barras de aço destinadas à armadura de concreto armado. A técnica aumenta a vida útil do o aço — que pode chegar a durar centenas de anos, além de possibilitar mais custo/benefício para as empresas.

Para cada mistura de concreto, em alguns níveis críticos de elementos corrosivos, o aço despassiva-se e a corrosão se inicia. O concreto, por si só, exibe boa resistência de compactação, mas possui pouca resistência de tensão, geralmente cerca de um décimo da resistência de compactação. Quando o ferro se oxida, ocorre uma diminuição da seção da armadura e os produtos resultantes da corrosão são de duas a dez vezes mais volumosos do que o aço original, o que gera tensão que excede a capacidade de tensão do concreto ao seu redor, fazendo-o rachar e fragmentar-se. Após a rachadura ter ocorrido, a capacidade estrutural do elemento pode ser comprometida, podendo ser necessários reparos caros para ampliar sua vida útil.

O método mais comum é assegurar que o concreto que cobre o reforço (a barra) seja da espessura adequada, denso e impermeável. Como, muitas vezes, a realidade em campo é diferente do que foi projetado, uma linha de defesa importante é proteger da corrosão a própria barra por galvanização por imersão a quente. Sua aplicação está padronizada de acordo com normas internacionais ASTM A767, ISO 14657. No Brasil, existe a norma ABNT NBR 16300:2016 – Galvanização por imersão a quente de barras de aço para armadura de concreto armado – Requisitos e métodos de ensaio. As barras de aço para armadura de concreto armado galvanizadas por imersão a quente atendem aos requisitos da norma NBR 7480:2007 – aço destinado a armaduras de concreto armado. Ao trabalhar com este tipo de aço, não é preciso ter cuidados especiais. Além disso, por ser um material resistente, não há riscos de aparecimento de fissuras no concreto ou, até mesmo, de cisalhamento da barra.

Desempenho similar das barras de aço galvanizadas foi obtido nas Ilhas Bermudas, o que confirma a durabilidade a longo prazo do concreto armado com as armaduras galvanizadas, em ambientes marítimos. Há mais de 60 anos, todos os cais, quebra-mares, pisos de pontes, subestruturas e outras infraestruturas nas Bermudas são, regularmente, construídos com barras de aço galvanizadas. Veja as obras nacionais onde foram utilizadas este tipo de armadura:

  • 2008 – Museu Iberê Camargo – Porto Alegre/RS – 100% em vergalhão galvanizado por imersão a quente
  • 2012 – Elevado da perimetral – Projeto porto maravilha – Rio de Janeiro (RJ) – 1ª Especificação de vergalhão galvanizado para obra pública no Brasil
  • 2017 – Museu de Arte do Rio de Janeiro – MAR — Rio de Janeiro (RJ). Foi utilizado mais de 80 toneladas de vergalhão galvanizado para o concreto armado e 37 colunas em aço galvanizado para sustentação da laje que simula uma marola.
  • 2017 – Instituto Moreira Sales – São Paulo (SP) – 100 % em vergalhão galvanizado por imersão a quente

A galvanização por imersão a quente é, portanto, um serviço amplamente disponível, com um custo muito competitivo em relação a outros sistemas. Quando comparado ao custo total da construção ou da edificação, e aos enormes custos potenciais associados à manutenção prematura do concreto danificado ou falhas da estrutura, o custo adicional pago pela moldura galvanizada é pequeno e justificado.

* Por Ricardo Suplicy Goes, Gerente Executivo – ICZ – Instituto da Cadeia do Zinco