No Brasil, os sistemas construtivos mais utilizados ainda são a alvenaria convencional e a estrutural. No entanto, diversos sistemas ganham destaque no mercado, como o Wood Frame e o Light Steel Frame, além das paredes pré-moldadas em concreto com fibras e os pré-fabricados de concreto.   

Mesmo sem uma norma brasileira em vigor, universidades e empresas do país buscam know-how para utilizá-los em regras internacionais. Pensando nisso, abaixo apresentamos os principais sistemas construtivos, suas diferenças e as vantagens de cada um.  

Acompanhe! 

Sistemas construtivos: quais são os principais em uso no Brasil? 

Sistemas construtivos são as maneiras pelas quais os materiais são combinados para construir os elementos de uma edificação. Eles podem ser classificados, de acordo com a massa, em construções pesadas e leves. 

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Alvenaria convencional e estrutural 

A alvenaria convencional é o sistema construtivo mais utilizado no Brasil, com a utilização de tijolo e argamassa para a construção de casas ou edifícios. Sua ampla utilização se deve pela facilidade de encontrar mão de obra (não exige profissionais muito especializados) e pela flexibilidade que oferece aos projetos.  

Já a alvenaria estrutural utiliza blocos de concreto ou cerâmicos autoportantes. Esse sistema é conhecido por sua eficiência de custos, menor desperdício de materiais, redução na quantidade de pessoas necessárias para concluir as obras e certo grau de facilidade na construção. 

Wood Frame 

Muito utilizado no sul do Brasil e nos Estados Unidos, o sistema construtivo Wood Frame ganha destaque em projetos por todo o país. As estruturas são construídas a partir de perfis de madeira, que compõem vigas, lajes e pilares. O método consiste em utilizar madeira maciça com chapas de OSB, um painel com tiras orientadas de madeira, para dar forma às edificações.  

Geralmente, cada peça é transportada à mão e cortada e emoldurada no local. As paredes internas são facilmente revestidas com drywall, painéis ou outros materiais. As externas são geralmente cobertas com tijolo, pedra e revestimento de madeira. Tais materiais são mais resistentes ao fogo e sustentam melhor os elementos.  

As principais vantagens incluem o conforto acústico e térmico — daí a sua utilização em regiões mais frias —, a sustentabilidade, com geração de poucos resíduos, e a rapidez com que um projeto pode ser concluído. 

Light Steel Frame 

Esse sistema construtivo é semelhante ao Wood Frame, mas com a utilização de aço galvanizado na estrutura, material famoso por sua resistência e leveza. Para o fechamento dos vãos, geralmente são utilizadas placas cimentadas, madeira ou drywall.  

Assim como no Wood Frame, a construção com aço galvanizado é agilizada, reduzindo o tempo total do projeto. Além disso, ela garante maior precisão do que a alvenaria, por exemplo. Possui melhor isolamento térmico e acústico, além de ter uma estrutura leve.  O desperdício de materiais e a quantidade de resíduos também são bastante reduzidos. 

Pré-moldados e pré-fabricados 

Os sistemas de construção de concreto pré-moldado e pré-fabricado utilizam blocos estruturais que são produzidos fora do local de instalação. A principal diferença entre os dois modelos é que as estruturas pré-fabricadas possuem um controle de qualidade mais rigoroso que as pré-moldadas.  

No entanto, ambos sistemas construtivos oferecem vantagens como rapidez na conclusão de um projeto, redução do nível de resíduos gerados e alta resistência à tração e compressão. É recomendável para construções em larga escala, mas também ganha espaço em pequenos projetos. 

O que esperar para os sistemas construtivos brasileiros nos próximos anos? 

Apesar da evolução recente, os sistemas construtivos utilizados no Brasil podem melhorar muito ainda. Seguindo as boas práticas já adotadas por outros setores, como a indústria, é necessário que os profissionais do mercado busquem conhecimento dos materiais que são especificados e das técnicas que são usadas durante a execução de uma obra.  

É o que afirma a professora e doutora Patrícia Fontanini, chefe do Departamento de Arquitetura e Construção da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Segundo ela, a capacitação de todos os agentes deve ser intensificada.   

“Essas habilidades devem ser desenvolvidas conjuntamente entre a academia e o mercado, para que possam agregar qualidade e inovação em novos processos construtivos”, afirma.  

Nesse sentido, o uso e o conhecimento de novas tecnologias que aumentam a eficiência dos sistemas construtivos é de fundamental importância. A professora acredita que a tecnologia revoluciona todas as etapas da construção de uma edificação, disponibilizando mais informações sobre o projeto do que era possível coletar há uma década.  

“A Internet das Coisas e o Building Information Modeling (BIM) podem munir o engenheiro, arquiteto, gestor ou incorporador com informações desde a fase de concepção do projeto até as etapas de utilização e pós-entrega, com uma riqueza de detalhes incrível”, explica.  

Além dessas tecnologias, se destacam os sensores e sistemas arduínos para auxiliar no controle dos sistemas construtivos após a sua instalação. De acordo com Fontanini, atualmente, detalhes de projetos que permitem a compatibilização de componentes diversos — como estrutural, arquitetônico, hidráulico, elétrico, refrigeração etc — são feitos em computador e não mais a partir de adaptações em obra.  

A professora finaliza reconhecendo que nos próximos anos teremos uma interdisciplinaridade entre as áreas.   

“Cabe novamente às universidades e ao setor produtivo trabalharem em conjunto para disseminar a nova forma de trabalho e as tecnologias para o aprimoramento dos sistemas construtivos”, diz.  

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